quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PECUÁRIA COM SUCESSO


          Em 2005 fui com o Jornal do Campo fazer uma reportagem sobre pecuária leiteira numa pequena propriedade no município de Pinheiro. Cheguei no Sítio 4 Irmãos, na casa de Nailton Batista dos Santos. Quem me indicou e sugeriu a reportagem foi o agrônomo Kerley Mesquita de Souza, que coordenava o Projeto Educampo, parceria Sebrae/Cooperativa Veneza.
          Mas quem é este Nailton Batista dos Santos? Ele veio de Campos, Rio de Janeiro, num grupo de oito famílias para uma fazenda da família Dalmazio, Ponto Belo, em 1956. Nailton tinha três anos de idade. Aos pouco o grupo foi voltando, mas Nailton, com 10 anos ficou morando com a família Dalmazio. Virou meeiro de café e casou com a mineira Maria. Vieram os filhos Silvano, Fernando, Ozani e Maria. 
            O trabalho alimentou o sonho que iguala todos do meio rural: ter terra, ser dono do seu pedaço. Em 1999, Nailton comprou 9,68 hectares, sendo 6,5 com 16 mil pés de conilon, 3,0 com pastagem e 0,18 com construções e estradas. Até 2002 alternaram o trabalho no terreno próprio e como meeiro. Novo ciclo, trabalhar no que é seu.
          Quando cheguei a assistência técnica estava iniciando. Dois fatos destacavam: as metas e a forma de trabalhar, do técnico e do produtor. A produção era de 60 litros/dia. Estabeleceram que em 2006 chegariam a 150 litros, fato que não aconteceu, ficou em 103. No ano de 2007 chegaram em 166 litros e em 2008 ficou em 230 e no ano passado 323 litros/dia. Em 2006 foi comprada uma área de 4,84 hectares o que levou a meta para 500 litros neste ano. Está meta não será cumprida, porque a família do seu Nailton passou a produzir e selecionar novilhas para serem vendidas. Uma nova fonte de renda, assegura Silvano, filho do seu Nailton, “mas a meta de 500 litros será atingida.” Mas antes do leite melhoraram o rebanho e as pastagens.
No planejamento participativo o produtor não é executor de tarefas passadas pelo técnico, tem a participação fundamental de quem está tocando o projeto e de quem arca financeiramente com o sucesso ou fracasso. Os investimentos vão acontecendo, como a ordenha mecânica. Seu Nailton que morava na vila de São João do Sobrado, agora mora na propriedade, bem como o filho Fernando que casou com Lediane, que tem uma pequena casa. Silvano, sua esposa Ana Paula e a filha Laila, sempre moraram na área do Sítio 4 Irmãos.
            Com o sucesso o Sítio 4 Irmãos virou referencia e as visitas começaram a acontecer, bem como dias de campo, onde os produtores vão a uma propriedade considerada como modelo para ver e ouvir, além dos técnicos, quem toca o empreendimento, no estilo aqui fala quem faz. 
No Sítio 4 Irmãos existe um livro, daqueles que se usa para atas de associações, para os visitantes assinarem e até fazer um depoimento sobre o que viram. Lá tem mais de 1.500 assinaturas de produtores do Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. Tem gente com mais de uma assinatura, na primeira vez ficou com dúvidas e voltou, queria entender a família que: planta e aduba capim para alimentar vaca de leite.
          No Sítio 4 Irmãos eles sabem que não existe mágica  e nem mesmo fórmula preparada para se ter produção de leite como eles tiveram. Trabalho, competência, técnica e dedicação somados, gerou o sucesso. O agrônomo Kerley fez a sua tese de Mestrado na Universidade de Viçosa sobre o Sítio 4 Irmãos.  A família do seu Nailton, a minha homenagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário