IBGE aponta que economia brasileira cresceu apenas 1,2% nos doze meses anteriores a junho. Como medidas de estímulo, governo federal foca em redução de juro e ampliação do consumo das famílias. Economista do Ipea ouvido pela Carta Maior defende queda do superávit e aumento da taxa de investimento público, que caiu no governo Dilma.
Marcel Gomes
São Paulo – O IBGE divulgou nesta sexta-feira (31) que o PIB do país cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre de 2012 em relação aos primeiros três meses do ano, sinalizando que a recuperação da economia ainda está longe de acontecer. No acumulado de doze meses, o crescimento é de 1,2%.
O desempenho poderia ser pior não fosse o grande avanço da agropecuária, com expansão de 4,9%, na onda da alta dos preços internacionais das commodities. O setor de serviços, que compõe a maior parte do PIB (cerca de 58%), avançou apenas 0,7%, e o setor industrial despencou 2,5%.
O problema é que há poucos sinais de recuperação no horizonte. Isso é revelado por um outro indicador divulgado pelo IBGE junto com o PIB: a Formação Bruta de Capital Fixo. Esse índice, que mede quanto as empresas gastaram com bens de capital, como máquinas e equipamentos, caiu 0,7% no trimestre, acumulando recuo de 0,3% em doze meses.
Todos esses números apontam que será difícil que o país cresça a uma taxa acima de 4% em dezembro, como gostaria o governo. É com esse objetivo que a equipe econômica tem apostado em pacotes pró-consumo e o Banco Central, no corte das taxas de juro, reduzidas pena nona vez consecutiva nesta semana.
Ao comentar os dados do PIB, o ministro Guido Mantega (Fazenda) se mostrou otimista. “Acredito numa recuperação da indústria. A redução do IPI está surtindo efeito e deverá ser anunciada uma venda recorde do setor automobilístico”, disse. “Algumas mudanças podem demorar a fazer efeito, mas a indústria toda se adaptará a juros menores”, completou.
Mas, além de juros mais baixos e incentivos ao consumo, há quem aposte na necessidade de novas estratégias. O macroeconomista Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, diz que o governo federal precisa aumentar seus gastos se quiser acelerar a economia.
“É complicado esperar que o crescimento se sustente no consumo das famílias, porque chega uma hora em que as pessoas têm de pagar as dívidas”, disse ele à Carta Maior, referindo-se a uma das principais estratégias do governo nos últimos anos. No segundo trimestre, esse consumo subiu apenas 0,6%, um dado também divulgado pelo IBGE junto com o PIB.
O caminho, portanto, estaria na ampliação dos investimentos, inclusive pelo setor público. Segundo o Ipea, de janeiro a maio de 2012 os investimentos do governo federal foram de R$ 8,5 bilhões, volume menor que os R$ 8,8 bilhões de igual período do ano passado. Em 2011, primeiro ano do governo Dilma, o investimento público também havia caído. Conforme o próprio Ipea, a taxa chegou em dezembro na casa dos 2,5%, ante 2,9% um ano antes.
Messenberg avalia que o pacote de concessões no setor de transportes, anunciado recentemente, é um passo importante para sinalizar que o governo deseja ampliar os investimentos.
“O setor privado pode se animar, e isso é positivo, mas é preciso ver como o programa será implantado”, afirmou. Ele defende, ainda, a redução do superávit, cuja meta é de 3,1% do PIB neste ano, com o objetivo de cacifar o governo com recursos para mais investimentos.
O desempenho poderia ser pior não fosse o grande avanço da agropecuária, com expansão de 4,9%, na onda da alta dos preços internacionais das commodities. O setor de serviços, que compõe a maior parte do PIB (cerca de 58%), avançou apenas 0,7%, e o setor industrial despencou 2,5%.
O problema é que há poucos sinais de recuperação no horizonte. Isso é revelado por um outro indicador divulgado pelo IBGE junto com o PIB: a Formação Bruta de Capital Fixo. Esse índice, que mede quanto as empresas gastaram com bens de capital, como máquinas e equipamentos, caiu 0,7% no trimestre, acumulando recuo de 0,3% em doze meses.
Todos esses números apontam que será difícil que o país cresça a uma taxa acima de 4% em dezembro, como gostaria o governo. É com esse objetivo que a equipe econômica tem apostado em pacotes pró-consumo e o Banco Central, no corte das taxas de juro, reduzidas pena nona vez consecutiva nesta semana.
Ao comentar os dados do PIB, o ministro Guido Mantega (Fazenda) se mostrou otimista. “Acredito numa recuperação da indústria. A redução do IPI está surtindo efeito e deverá ser anunciada uma venda recorde do setor automobilístico”, disse. “Algumas mudanças podem demorar a fazer efeito, mas a indústria toda se adaptará a juros menores”, completou.
Mas, além de juros mais baixos e incentivos ao consumo, há quem aposte na necessidade de novas estratégias. O macroeconomista Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, diz que o governo federal precisa aumentar seus gastos se quiser acelerar a economia.
“É complicado esperar que o crescimento se sustente no consumo das famílias, porque chega uma hora em que as pessoas têm de pagar as dívidas”, disse ele à Carta Maior, referindo-se a uma das principais estratégias do governo nos últimos anos. No segundo trimestre, esse consumo subiu apenas 0,6%, um dado também divulgado pelo IBGE junto com o PIB.
O caminho, portanto, estaria na ampliação dos investimentos, inclusive pelo setor público. Segundo o Ipea, de janeiro a maio de 2012 os investimentos do governo federal foram de R$ 8,5 bilhões, volume menor que os R$ 8,8 bilhões de igual período do ano passado. Em 2011, primeiro ano do governo Dilma, o investimento público também havia caído. Conforme o próprio Ipea, a taxa chegou em dezembro na casa dos 2,5%, ante 2,9% um ano antes.
Messenberg avalia que o pacote de concessões no setor de transportes, anunciado recentemente, é um passo importante para sinalizar que o governo deseja ampliar os investimentos.
“O setor privado pode se animar, e isso é positivo, mas é preciso ver como o programa será implantado”, afirmou. Ele defende, ainda, a redução do superávit, cuja meta é de 3,1% do PIB neste ano, com o objetivo de cacifar o governo com recursos para mais investimentos.
Fotos: Arquivo
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