sexta-feira, 8 de março de 2013

5 de março – Rosa Luxemburgo e Hugo Chávez



 
Claudia Korol
Editora de América Libre, jornalista da Rádio Nacional da Argentina, coordenadora do programa de rádio Espejos Todavía, em FM La Tribu
Adital


A partir de 2013 e para sempre, enquanto a memória rebelde continuar brilhando no horizonte, a cada 5 de março nasceremos com Rosa Luxemburgo e morreremos com Hugo Chávez.
Nascer e morrer são momentos de nossa vida. São desgarros e criações mágicas difíceis de decifrar nas distintas chaves de compreensão do mundo. De muitas mortes e muitos nascimentos, nos tornamos povo. De muitos nascimentos e de muitas mortes, nos fazemos natureza e humanidade.
A cada 5 de março, a partir de 2013, nasceremos com Hugo Chávez e morreremos com Rosa Luxemburgo. E, assim, também nascerá e morrerá nosso socialismo do século XIX, no qual Rosa chegou ao mundo, um socialismo com ares comunitários...; e nosso socialismo do século XX, tão ‘outubramente’ soviético, que Rosa viveu no início de sua militância...; e Hugo Chávez, em sua agonia...; e nosso socialismo do século XXI, que tomou os ares bolivarianos da América Livre. Um socialismo caribenho, alegre, com mais vontade de ser o que é, com mais desejo de distribuição, novas relações de produção. Um socialismo ainda em fraudas, na infância do caminho.
A cada 5 de março, a partir de agora, uniremos a fé de Chávez e a paixão de Rosa em um amor livre que não necessita de padrinhos, nem de papeis. Um amor que crescerá no território tão chorado por tanto povo, tão regado pelo sangue dos mais humildes, dos mais esquecidos, como o cacique yukpa Sabino Romero, assassinado uns dois dias antes, na Venezuela, pelas balas de latifundiários e pela indiferença oficial.
A cada 5 de março, rezaremos com Rosa sua oração contra a burocracia no socialismo e com Chávez celebraremos as batalhas para que Nossa América construa e acredite na revolução socialista e não uma caricatura de revolução. Em seguida, cantaremos com Alí Primera: "Não basta rezar... faltam muitas coisas para alcançar a paz”.
Para alcançar essa paz, que tantas prisões custaram a Rosa, quando se opôs no Parlamento e nas ruas à votação de créditos para a guerra. E para alcançar essa paz pela qual Chávez tanto se esforçou, acompanhando ao povo da Colômbia preso às redes militaristas dos ‘gringos’.
Uma paz que tem signo anti-imperialista. Uma paz que cuida dos territórios para que continuem sendo espaços de vida e não de destruição capitalista e neocolonial.
A cada 5 de março, a partir de 2013, nasceremos e morreremos e voltaremos a nascer...; despertaremos nos caminhos, como essa porção de povo que caminha em Honduras passo a passo...; despertaremos nos acampamentos, como os homens e as mulheres Sem Terra, que reinventam no Brasil...; despertaremos no coração da América, que late cubanamente pelas revoluções de todos os séculos...; despertaremos na Selva Lacandona, fazendo outros mundos habitáveis neste mundo...; despertaremos na desobediência tão argentina às transnacionais estilo ‘monsanto’.
A cada 5 de março, e para sempre, Rosa nos olhará nos olhos e, no limite de suas forças, nos dirá, como corpo de revolução: "fui, sou e serei”...; e Chávez fará, com seu sorriso, um horizonte que grite com ar utópico: "viveremos e venceremos”.
[Original em espanhol publicado em www.panuelosenrebeldia.org].

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