sexta-feira, 8 de março de 2013

Retrocesso: acordo de bancadas elege deputado racista e homofóbico como presidente da Comissão de Direitos Humanos


07.03.13
 - Brasil

 
Rogéria Araújo
Jornalista da Adital
Adital
Manifestações na Câmara dos Deputados, em Brasília, e nas redes sociais, em todo o país, marcaram hoje (7) o rechaço à eleição do deputado Marco Feliciano, do Partido Social Cristão (PSC), para presidência da Comissão Nacional de Direitos Humanos da casa. Ontem a votação chegou a ser adiada por conta da pressão dos movimentos, mas na manhã desta quinta-feira o pastor foi eleito com 11 votos.
"Em luto pelos direitos humanos”, "Feliciano Não”, "Que país é esse?” foram algumas das milhares de postagens colocadas nas redes sociais. As reações foram motivadas pelo fato de o pastor Feliciano ter usado publicamente frases e expressões racistas e homofóbicas, como "Aids é câncer gay”, além de justificar exclusão, pobreza e a situação dos negros a uma questão supostamente bíblica ("Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé” ou "Negro é negro não pode mudar, diferente dos homossexuais).
O deputado Jean Wyllys (Partido Socialismo e Liberdade), que já havia se manifestado contra a escolha de Feliciano para a presidência da CNDH, foi um dos que se retirou da sessão de votação hoje, logo depois da renúncia do presidente da Comissão Domingos Dutra (Partido dos Trabalhadores).
Em artigo passado, Wyllys escreveu: "O PSC, lamentavelmente, não tem nada a ver com isso. E Marco Feliciano menos ainda! Que ele seja o novo presidente da comissão é uma contradição: é como colocar à frente das políticas contra a violência de gênero um cara que bate na mulher”.
Chama a atenção o fato de representantes de movimentos sociais terem sido impedidos de entrar na sessão, fato que foi mencionado pelo agora ex-presidente da Comissão, Dutra. Ele lembrou todos os feitos e conquistas que a Comissão realizou até a data de hoje, mas disse se recusar a participar de uma reunião na qual a população não estivesse presente. "Não fico numa sessão onde o povo brasileiro foi excluído. Não fico numa farsa, numa ditadura que foi estabelecida aqui”, afirmou.
Segundo informações da Câmara, deputados do Partido dos Trabalhadores e do Partido Socialismo e Liberdade devem se reunir para tomar medidas para reverter o que consideram um retrocesso.
Em nota pública, o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) chegou a pedir que os/as deputados reavaliassem o acordo que daria a presidência ao pastor Feliciano.
"O MNDH solicita aos Srs. Deputados e Deputadas e lideres partidários que reavaliem sua posição vez que nenhuma estratégia de sustentabilidade no poder justifique o abandono flagrante de princípios de direitos humanos, de tal forma que um espaço de resistência tão importante, como a CDH da Câmara dos Deputados, seja ofertado ao obscurantismo fanático, abrindo espaços para um verdadeiro retrocesso histórico no país”, ressaltou o Movimento.
Para assistir à sessão de renúncia:

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