quarta-feira, 5 de junho de 2013

A FAO pede prioridade para acabar com a desnutrição


O custo social e econômico da desnutrição é inaceitável.

Roma, 4 de junho de 2013 – Denunciando os enormes custos sociais e econômicos da desnutrição, o Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, pediu hoje esforços concretos para a erradicação da desnutrição e da fome em todo o mundo.
Numa declaração gravada para assinalar o lançamento da publicação de referência da FAO O Estado da Alimentação e da Agricultura 2013 (SOFA), Graziano da Silva afirmou que, apesar de ter havido alguns progressos no que respeita à fome no mundo, que é uma das formas de desnutrição, há ainda "um longo caminho pela frente".
"A mensagem da FAO é a de que temos lutar por nada menos do que a erradicação da fome e da desnutrição", afirmou.
O relatório Sistemas alimentares para uma melhor nutrição destaca que, embora cerca de 870 milhões de pessoas em todo o mundo ainda estivessem numa situação de fome crônica entre 2010 e 2012, este número é apenas uma fração dos milhares de milhões de pessoas cuja saúde, bem-estar e vidas são afetados pela desnutrição.
De acordo com o relatório SOFA, dois mil milhões de pessoas sofrem de uma ou mais deficiências de micronutrientes, enquanto 1,4 mil milhões tem excesso de peso, das quais 500 milhões são obesas. Vinte e seis por cento das crianças com menos de cinco anos têm atrasos no crescimento e 31 por cento sofre de carência de Vitamina A.
Má nutrição na América Latina e Caribe 
Segundo o Representante Regional da FAO, Raúl Benítez, a região deve melhorar seus sistemas alimentares e converter a nutrição em uma de suas prioridades de desenvolvimento: “A forma em que cultivamos, criamos, processamos, transportamos e distribuímos os alimentos influencia no que comemos”, explicou Benítez. 
“A experiência de países com estratégias de sucesso de nutrição, tais como o Brasil e o Peru, mostra que é preciso um forte compromisso e liderança política para alcançar êxito”, explicou. 
O SOFA assinala que no Brasil a formulação e a adoção das políticas nutricionais estão coordenadas por um sistema composto por 17 ministérios e liderado pelo Presidente. A sociedade civil também desempenha um papel chave por meio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). No Peru, a redução da má nutrição se deve em parte ao crescimento econômico, porém, ainda mais à coordenação melhorada de estruturas e mecanismos nacionais, maior gasto público e privado em programas nutricionais e ao alinhamento dos programas sociais sob a estratégia nacional de nutrição.
Inaceitável
O custo da desnutrição para a economia global em termos de perda de produtividade e de cuidados de saúde é "inaceitavelmente elevado" e poderá representar cerca de 3,5 triliões de dólares, ou seja, 500 dólares por pessoa. Este valor é quase a totalidade do PIB anual da Alemanha, a maior economia da Europa.
Em termos sociais, a desnutrição infantil e materna continuam a diminuir a qualidade e a esperança de vida de milhões de pessoas, enquanto os problemas de saúde relacionados com a obesidade, tais como as doenças cardíacas e os diabetes, afetam outros tantos milhões.
Para combater a desnutrição, o SOFA defende que uma alimentação saudável e uma boa nutrição devem começar pelos alimentos e a agricultura. O relatório refere que a forma como cultivamos, processamos, transportamos e distribuímos os alimentos influencia aquilo que ingerimos, observando que melhores sistemas alimentares podem tornar os alimentos mais baratos, diversificados e nutritivos.
Entre as recomendações específicas de ação incluem-se:
  • ·  Adequar as políticas agrícolas, o investimento e a investigação para aumentar a produtividade, não só de grãos essenciais como o milho, o arroz e o trigo, mas também de legumes, carne, leite, vegetais e frutas, que são ricos em nutrientes.
  • ·  Reduzir as perdas e desperdícios alimentares, que correspondem anualmente a um terço dos alimentos produzidos para consumo humano. Isto pode contribuir para uma maior disponibilidade e acessibilidade econômica dos alimentos, bem como para reduzir a pressão colocada sobre os solos e outros recursos.
  • ·  Melhorar o desempenho nutricional das cadeias de abastecimento, aumentando a disponibilidade e acessibilidade de uma ampla variedade de alimentos. Sistemas alimentares devidamente organizados são essenciais para dietas mais diversificadas e saudáveis.
  • ·    Ajudar os consumidores a fazerem boas escolhas dietéticas no sentido de uma melhor nutrição através da educação, informação e de outras ações.
  • ·   Melhorar a qualidade nutricional dos alimentos através do seu enriquecimento e reformulação.

·         Tornar os sistemas alimentares mais sensíveis às necessidades das mães e das crianças. A desnutrição durante os "primeiros 1000 dias" críticos após a concepção pode causar danos permanentes na saúde das mulheres e deficiências físicas e cognitivas ao longo da vida das crianças.
O papel das mulheres
Proporcionar às mulheres um maior controlo dos recursos e rendimentos beneficia a sua saúde e a dos seus filhos, refere o relatório. As políticas, intervenções e investimentos em tecnologias agrícolas economizadoras de mão-de-obra e em infraestruturas rurais, bem como na proteção e nos serviços sociais, também podem contribuir para a saúde e nutrição das mulheres, bebês e crianças.
Entre os projetos que já produziram resultados positivos no aumento dos níveis de nutrição incluem-se: uma maior produção, comercialização e consumo de vegetais e leguminosas na África Oriental; a promoção de hortas na África Ocidental; os sistemas mistos de cultivo de vegetais e de criação de animais, juntamente com atividades geradoras de rendimentos, nalguns países asiáticos; o melhoramento das culturas base, como a batata-doce, para aumentar o seu conteúdo de micronutrientes; e a promoção de parcerias público-privadas para enriquecer com nutrientes produtos como o iogurte ou o óleo de cozinha.
De acordo com a SOFA, fazer com que os sistemas alimentares melhorem a nutrição é uma tarefa complexa que exige um grande compromisso e liderança políticos ao mais alto nível, parcerias abrangentes e abordagens coordenadas com outros setores importantes, como o da saúde e da educação.
Conforme refere o relatório, "Um grande número de intervenientes e instituições tem de cooperar em todos os setores para reduzir de forma mais eficaz a desnutrição, as deficiências de micronutrientes e o excesso de peso e a obesidade".
"A regulamentação de sistemas alimentares que liderem, coordenem de forma eficaz e promovam a colaboração dos vários intervenientes constitui uma prioridade", acrescenta o relatório.

Contato de Imprensa:
Palova Souza Brito
Jornalista da Cooperaçao Internacional Brasil-FAO
palova.souza@fao.org
Tel: (56) 2 2923-2208 - Santiago do Chile
Sitio web: http://www.rlc.fao.org/es/programabrasilfao/
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