sexta-feira, 7 de junho de 2013

Conflito de Bagua: Quatro anos após massacre, grupo pede respeito e inclusão de povos indígenas

 

Tatiana Félix
Adital
Há quatro anos, um violento conflito entre indígenas e policiais em Bagua, na região amazônica do Peru, deixou 33 pessoas mortas, dezenas de feridos e um desaparecido. Apesar das trágicas consequências, ninguém foi responsabilizado pelas causas do conflito. Diante deste descaso, o Grupo de Trabalho sobre Povos Indígenas da Coordenadora Nacional de Direitos Humanos lamenta os acontecimentos de 5 de junho de 2009 e pede que o Estado inclua os povos indígenas nos processos de tomada de decisão.Para o Grupo, os episódios ocorridos em Bagua devem ser considerados parte do conflito histórico existente entre governo e povos indígenas, que nunca foi resolvido devido à "incapacidade” da classe dominante em assumir que o Peru é um "país multicultural onde os povos e comunidades indígenas têm todo o direito de participar e ser protagonistas de seu desenvolvimento”.
O Grupo lamenta que ainda hoje o governo continue a praticar as mesmas políticas de "modo colonialista”, impondo um modelo extrativista que ignora as necessidades e a participação dos povos afetados, que vivem em territórios visados por empresas, onde estão localizados os principais recursos naturais do país. Também critica a indiferença do governo em respeitar e aplicar os convênios e legislações que garantem a consulta prévia aos povos indígenas, "sem importar se isso viola direitos fundamentais”.
"Consideramos que enquanto o Estado não realizar uma reforma interna que permita a participação dos povos indígenas na tomada de decisões que lhes afeta, não poderemos fechar a ferida aberta de Bagua e se manterá uma ordem de coisas injustas, excludente e marginalizadora de um importante setor da população peruana”, analisa o Grupo.
Diante desta realidade, o organismo em prol dos povos indígenas da Coordenadora Nacional de Direitos Humanos pede que o Estado faça uma análise sobre esse acontecimento que marcou a história do país e tome medidas para evitar que outros conflitos venham a ocorrer. Além disso, pede que o governo promova uma Democracia Intercultural, que inclua a sociedade peruana e os povos indígenas nas tomadas de decisões.
"Expressamos aos povos indígenas nossa vontade e compromisso para assumir a dívida histórica que se tem com eles e para construir um país de todas os sangues, no qual os povos distintos que o conformam convivam em paz e em respeito mútuo”, finaliza.
Entenda o caso
Em 5 junho de 2009, após quase dois meses em que indígenas mantinham uma das principais estradas de Bagua bloqueadas em protesto contra uma lei que permitia a exploração de madeira e minérios por empresas estrangeiras em suas terras, policiais enfrentaram os manifestantes numa tentativa de desbloquear a estrada e causando um confronto que resultou em dezenas de mortos e feridos.
Notícias relacionadas:
Após um ano, indígenas celebram a memória de mortos em Bagua
Conflito de Bagua é destaque em relatório anual da Defensoria do Povo
Organizações indígenas entregarão à ONU relatório sobre situação dos direitos humanos no país

Nenhum comentário:

Postar um comentário