domingo, 9 de junho de 2013

Quando o brasileiro “deu o troco” à Record

1 dia atrás por Cleomar Santos 68

“no final, vira uma RedeTV!”
A audiência de um programa não depende somente dele, assim como um bom coração precisa do funcionamento adequado dos outros órgãos. O mico do Maurício Mattar não ocorreu por má qualidade de “Dona Xepa” ou falta de investimento da rede, como a totalidade da grade tem perdido audiência, o vexame da plateia não responder sobre a novela vem deste ponto. Ele pagou mico pelo distanciamento do  público com a rede.
Perdendo telespectadores, as empresas de publicidade diminuem a liberação de verba, assim menor fica o poder da rede para melhorar a grade e, no final, vira uma RedeTV! Esta foi uma das razões para programas como Saturday não ter dado certo e qualquer outro colocado ali sofrerá da mesma doença. Vamos mais além, não tendo audiência, as revistas e sites especializados também diminuem a divulgação. Um editor falou sobre isso quando o leitor reclamou só ver novelas da Globo na capa. Objetivamente ele disse que quando colocou “Os Mutantes” em duas capas teve baixa venda. Não tem como fugir desta lógica. Por mais que o público peça para revistas/sites investirem em outras redes, sem a Globo estes não tem sua curiosidade atiçada.
E os trabalhadores do ramo? Que artista vai se arriscar em uma rede com público em debandada? Uma rede perdendo público é como colocar massa em porta cheia de cupim, quanto mais você raspa, maior é o buraco, inviabilizando qualquer conserto. É como cartão de crédito, cada vez que você paga o valor mínimo, mais distante fica a possiblidade de saldar a dívida.
A Record já esteve em situação contrária, onde sua programação tinha publico suficiente para uma novela atingir mais de 20 pontos, porém não conseguiu manter este patamar. Tomando decisões desastrosas chegou no ponto atual, uma delas, certamente, foi a contratação de Gugu. Quando ele poderia trazer mais audiência para a rede? Nunca! E Mion! Quem pode, em sã consciência pensar na possibilidade dele alavancar o Ibope. Se por um lado contratava gente incapaz de aumentar, por outro perdia quem poderia ajudar tal como Eliana, Tiago Santiago e tantos outros.
E o público infantil? Foi totalmente ignorado pela rede! Não importa se as crianças estão migrando para a tv paga, é investimento no futuro. Quem assiste desenhos, criará vínculo sentimental com a rede e a procurará na adolescência. Nenhuma rede dispensou tanto este publico quanto a Record.
Apostar em novelas só é bom para empregar gente, considerando haver concorrente com enorme experiência e capacidade de mobilização em caso de problemas, melhor não mexer. Invista pouco neste item, como fez o SBT, agiu com cuidado colocando as mexicanas, argentinas e fazendo alguns trabalhos eventuais nesta linha. A Globo é inatingível neste ponto. Se você lembrar de Pantanal não será contraponto ao argumento,  é caso isolado.
Apresentar programas religiosos também distancia o público. Muita gente perde a confiança na rede quando liga e vê “pastores” gritando, com a mão na cabeça do pobre coitado, desesperado, expulsando o demônio do corpo. Diversas  vezes eu liguei na Record e tive que assistir, durante o horário do meio dia, casais falando sobre os benefícios da Universal, a igreja. Isto afasta aquele que não acredita em determinada crença. A pessoa muda de estação e, ainda por cima, não a recomendará, morrendo o boca à boca.
A criação da Record News também prejudicou. Mesmo dando menos de 1 ponto, roubava público da emissora mãe. Onde atingia 7 de audiência, poderia ter 7.5, fato preponderante para a colocar mais distante do terceiro, influenciando na imagem da empresa.
A humildade passou longe da rede, quando bradava seu desejo em chegar ao primeiro lugar, não o fazia de forma simpática, agradável, agia com soberba. O telespectador, de uma forma geral, não gosta disso. Quer um Pelé que, mesmo sendo um dos maiores jogadores da Terra, tem fala mansa, não menospreza as pessoas, responde com dignidade.
E a maldita necessidade de empurrar o telespectador para após as 23h. Isso é imperdoável. Era tentativa de fugir do horário nobre da Globo. A Record exibia às 23h15 programas com divulgação de horário anterior. O SBT também agiu assim, mas o fazia habilmente, o telespectador virava cúmplice quando Sílvio dizia que ia aguardar o final da novela global. O dia em que apresentou “Rambo” inédito, deixou bem claro que nos esperaria ver a novela da Globo. Era comum fazer isso. Virou uma brincadeira agradável.
Agora a Record recomeçará sua caminhada com uma bela carga de experiência e cheia de vontade em chegar no seu intuito de alcançar o primeiro lugar. As concorrentes não podem dar a batalha como ganha, pelo contrário, a rede agora tem a maturidade como companheira e isto é um grande diferencial em relação a Record antiga.
Esperamos que continuem investindo no talento brasileiro, que façam mais novelas como “Escrava Isaura” e “Cidadão Brasileiro”, que consigam unir equipes de produção qualificada como a do “Aprendiz”, que atraiam mais comunicadores cheios de energia como Faro, voltem sua atenção para as crianças e assim por diante.
Nós, telespectadores, merecemos e valorizaremos quem enfrentar a fera com humildade e talento. Um dia ainda veremos os 3 primeiros lugares com audiência bem próxima, repartindo igualitariamente as verbas publicitárias, tendo condições, desta forma, de investir suadavelmente em novas atrações. Vontade e gana a Record sempre teve. Muita vontade, muita garra. E, agora, muita experiência!


Nenhum comentário:

Postar um comentário