A
GAZETA 15 de junho de 1992
Mais uma vez estamos em contato para falar do Mepes.
Estamos cumprindo uma missão que não nos foi delegada, mas que achamos
necessária por dever de consciência. Aqui está presente uma pequena parte das pessoas
envolvidas no Mepes. Gente que veio de longe, que deixou os seus afazeres, mas
que sabe da importância deste encontro para o futuro da comunidade rural
capixaba e também do Brasil.
Aproveito a ocasião para mais uma vez registrar o
caminho até aqui percorrido pelo Mepes, muito longo e cheio de vida. Hoje nós
nos apresentamos, como muitos outros fizeram no passado, certo de que no futuro
haverá um renovar de forças. Acreditamos nisto.
A primeira semente da verdadeira educação rural no
Brasil foi lançada no Espírito Santo
pelo padre Humberto Pietrogrande, em 1965. A germinação ocorre todos os
dias. Mas, como um verdadeiro milagre, a primeira germinação ocorreu em três
lugares diferentes. Falo do surgimento, em 1969, das EFAs de Anchieta, Rio Novo
do Sul e Alfredo Chaves.
Senhor Governador, hoje vamos recorrer a canção
popular:
...que a semente seja santa
Que essa mesa seja farta
Que essa casa seja santa...
A primeira semente foi farta e santa, era boa e foi
cuidada por gente generosa, como as que aqui estão. Foi gente deste tipo que
nos permitiu estar aqui hoje, pensando no futuro, mas agindo no presente. O
sonho virou realidade. A realidade incomoda. Uma pessoas incomodada é o
primeiro passo para uma mudança.
Depois vieram as EFAs de Iconha, Jaguaré, Rio Bananal,
São Mateus, Montanha, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Pinheiro, Boa
Esperança, as creches, o Centro Comunitário de Saúde de Anchieta e o Centro de
Formação de Monitores de Piúma.
Numa segunda fase começaram a surgir EFAs com o mesmo
sistema de ensino do Mepes, mas independente organicamente, em: Domingos
Martins, Santa Maria do Jatibá, Jaguaré e Barra de São Francisco. Mais adiante
vão surgir escolas em Venda Nova do Imigrante e Mantenópolis, porque assim as
comunidades já decidiram.
Do Espírito Santo saíram sementes de EFA soara 12
Estados Brasileiros, hoje somanto 72 EFAs. Tudo aconteceu e teve como ponto de
partida o nosso Estado, pequeno, mas nunca negando apoio aos irmãos de outras
regiões. Muitas vezes o chamado vinha em forma de desespero, porque famílias
inteiras estavam indo para os grandes centros, no caminho da marginalidade
total.
Nestes 24 anos de atuação do Mepes, muita água passou
por debaixo da ponte, como diz o ditado popular. O Mepes teve muita incompreensão,
muito não e portas fechadas. Mas, se o Mepes chegou até aqui, é porque teve
apoio e algumas portas abertas.
Senhor Governador, volto novamente à canção popular do
Ivan Lins e Vitor Martins:
...que o perdão seja sagrado
Que a fé seja infinita
Que o homem seja livre
Que a justiça sobreviva...
Lembro ainda que para termos semente farta e santa,
daquelas que germinam e dão bons frutos e novamente boas sementes, precisamos
caminhar juntos. Lembro também palavras do meu querido padre Humberto
Pietrogrande, num momento de muita dificuldade no Mepes, vivendo uma grande
crise, ele sabiamente disse:
...conversa
franca, amizade longa. O amanhã começa hoje
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