O PÓ DE MINÉRIO E OS GAZES DO COMPLEXO DE TUBARÃO PODERIAM
TER TIDO OUTRO DESTINO.
O complexo industrial que hoje está localizado na
região do Porto de Tubarão, todo dia, por 24 horas, joga gases e pó de minério diretamente
no nariz da comunidade, poderia ter tido outro destino. O complexo industrial poderia ter sido construído em outro local.
O livro A política do desenvolvimento na era de
Vargas. John D. Wirth. Fundação Getúlio Vargas., 1973, páginas 59 e 60, faz um
registro histórico muito interessante. Segue o texto:
O plano de Farquhar era grandioso, mas bem concebido.
Após consultar o presidente Epitácio Pessoa, que estava ansioso por iniciar a
produção de aço e a exploração de petróleo no Brasil, Farquhar propôs a
exportação de minério de ferro de Itabira e a simultânea instalação de uma
moderna usina siderúrgica em condições de fabricar produtos básicos do aço. O
norte americano desejava minerar cerda de 10 milhões de toneladas de hematita
de alta qualidade e embarcar este minério via Santa Cruz, uma sonolenta
cidadezinha pesqueira no Espírito Santo, designada para se tornar porto de
escoamento e local para uma usina de aço.
Trilhos, perfis, chapas e vigas encabeçavam a lista de produtos
importados que a nova siderúrgica de 150.000 toneladas iria substituir. Na
viagem de retorno, os navios cargueiros de Farquhar trariam carvão norte
americano e europeu de alta qualidade para a usina. Tratava-se do famoso
Contrato Itabira de 1920.
O Presidente Epitácio assinou-o, aceitando os termos
de Farquhar: a Itabira Iron forneceria tudo, desde uma moderna ferrovia
industrial até instalações portuárias, uma linha de navegação e uma usina
siderúrgica, que o Presidente tanto almejava; em contrapartida, a organização
Farquhar obteria direitos de monopólio sobre a sua ferrovia privada da região
mineira do Rio Doce até o porto também privado de Santa Cruz. A chamada solução
Itabira era viável porque preenchia todas as condições essenciais: bom carvão,
capital suficiente (80 milhões de dólares) e transporte certo e barato.’’
Na página 57 tem um mapa que mostra o trajeto da
ferrovia. Um olhar atento indica que ela vem paralela ao Rio Doce e determinado
ponto faz uma curva para direita e vem até a região da Grande Vitória. Um erro
histórico que toda comunidade paga hoje. Com o vento nordeste predominante na
maior parte do ano, todo material suspenso no ar tem um único sentido, a
população da Grande Vitória. O complexo de Tubarão que ontem era pequeno,
cresceu, cresceu e será que vai continuar crescendo ainda mais?
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