sábado, 31 de março de 2012

IDENTIDADE DO MEPIANO



Até aqui o Mepes, seu trabalho e o seu pessoal. Estamos cumprindo parte de nossa missão. Estamos na ponte de chegada.
O texto que segue é a chave para perceber a fonte da prática e da filosofia do Mepes.
1-      O Mepes é um grupo de amigos que, tendo ouvido o grito de sofrimento de muitos irmãos das comunidades mais carentes do meio rural, e o convite de Cristo para segui-lo, responderam com generosidade e, por isso, uniram-se na ação libertadora, orientada por programas bem definidos: EFAs, DAC, CCS, Equipe Central.
2-      Cada um vive a sua resposta dentro da sua competência profissional e dentro do tempo que poderá dar (um ou mais anos). As diversidades das funções (médicos, técnicos, educadores, trabalhadores, serventes, religiosos, padres) não deveria criar privilégios ou distinção, mas todos serão amigos e irmãos que executam diferentes tarefas, e com responsabilidade diferentes, membros de um único corpo a serviço da liberdade das Comunidades Rurais.
3-      Cada um procurará exercer a ação liberadora, de um lado como ‘’missão’’ e do outro lado como serviço aos irmãos. Por isso deverá executá-la, com máximo de seriedade, competência, delicadeza e generosidade, dando cada um o máximo que pode dar dentro das suas limitações e dificuldades.
4-      Acredita que a vida ensina mais do que a escola, por isso a sua preocupação é engajar-se sinceramente na vida das comunidades às quais é enviado, adaptando a sua capacidade àquelas exigências e procurando um constante aperfeiçoamento e aprofundamento de seus conhecimentos técnicos e científicos.
5-      Vive em grupo (ou equipe). Sabe que o grupo exige uma ascese constante que purifica. Aceita esta realidade sabendo também que o grupo ajudar a enxergar melhor a realidade e interpretar melhor os ‘’sinais do tempo’’ que estão se fazendo na história e cada dia e que são o dedo de Deus que indica  direção e a voz Dele que convida a enfrentar as lutas certas.
6-      Toma as decisões em grupo. Para isso educa-se no respeito profundo das pessoas do grupo, seja qual for a sua posição social. Sabe que a preferência de Deus é para os homens simples e pobres, e, portanto, prestará mais atenção e terá maior respeito para os pobres e para os simples.
7-      Engaja-se com todas as suas energias e com pureza de coração para um desenvolvimento que exija como condição a participação do povo. Para isso é preparado a escolher sempre os meios que privilegiam o associativismo, a participação e a comunhão (comum-união).
8-      Acredita que o número é a força dos pequenos. Mas as massas devem ser organizadas ao redor de objetivos concretos e possíveis. Por isso com a equipe sabe organizar o povo, respeita a liderança que encontra (prepara outra).
9-      É paciente. Sabe esperar o momento oportuno, preparando-o convenientemente. Não fica passivo, mas faz o acontecer e procura sempre as soluções possíveis.
10-Sabe que o ótimo é o pior inimigo do bom. Portanto, é concreto e possibilista, não deixa de alcançar um resultado hoje, em vista de um hipotético resultado amanhã.
11-Aceita as suas limitações e a dos outros. Sabe que a libertação não vem de um dia para o outro, mas é uma caminhada onde um ajuda o outro a carregar a cruz.
12-Tem uma consciência lúcida e um coração puro para ver quais dos seus defeitos são de sua responsabilidade e, portanto, devem ser combatidos e quais são as conseqüências de uma situação e, portanto, aceitados e sublimados.
13-É sincero. Ama a verdade e sabe dizê-la com amizade e respeito, mas sem fingimento, aos mais poderosos e aos mais humildes.
14-Sabe que Deus predilige os pobres e humildes e resiste aos poderosos e aos orgulhosos. Por isso não se deixa enganar pelas aparências e procura ter no seu coração as mesmas preferências de Deus.
15-Na ação usa esse critério: faz tudo como dependesse dele e espera tudo como dependesse de Deus. Por isso, para alcançar o objetivo, não renuncia a nenhum meio lícito, humano ou técnico, para depois ficar tranqüilo, esperando o resultado das mãos de Deus.
16-Acredita na providência de Deus que atua não somente na vida de cada um, mas, também, na vida das Entidades e das Organizações que a Deus se entregam. Por isso, vive gênero, não mesquinho consigo e com outros, sabendo que Deus será fiel e nunca lhe fará faltar o necessário.
17-Sabe que sem sofrimento não há vitória. Nos momentos da prova não desanima, mas aprofunda a sua fé e aperfeiçoa a sua técnica. Não fica inerte, procura e intensifica os laços de amizade: é a união que faz a força.
18-Acredita no homem feito a imagem de Deus e confia somente num tipo de desenvolvimento; o desenvolvimento feito pelo homem, a serviço do homem todo e de todos os homens.
19-Acredita que os bens (materiais e espirituais) não são patrimônio exclusivo de ninguém, mas, então no mundo para serem colocados a serviço de todos os homens e para o crescimento de todos.
20-Sabe que ‘’quem tem mais deve dar mais’’. Por isso tudo quanto ele tem, ou porque recebeu, ou porque aprendeu na escola e na vida, deve ser colocado à disposiççao dos mais pobres.
21-O operário é digno do seu alimento (Mateus 10.7). Recebe pelo seu trabalho, sabendo que não é um ‘’salário’’ fruto de sua contratação onde há trocas de mercadorias (o serviço prestado de um lado e o dinheiro do outro) mas é direito inalienável definido, de um lado, pelas suas legítimas exigências pessoas e familiares e, do outro lado, pelo serviço prestado.
22-Reconhece na Educação e na Saúde direitos fundamenais da pessoa humana e, por isso, não deixará que a Educação e a Saúde, se transformem em instrumentos de dominação ou exploração política, econômica e cultural.
23-O comportamento externo será orientado pela consciência de cada um, admitindo que a equipe, o grupo, ou outros colegas possam, para o bem das pessoas e o bom nome da Entidade, fazer observações e correções.
24-Vive numa estrutura e acredita que a estrutura é indispensável para garantir a continuidade a um processo de desenvolvimento de uma comunidade, mas reconhece que a pessoa humana precede e vale mais que qualquer estrutura, por isso não deixa a estrutura sacrificar a pessoa, a não ser, quando o bem comum ou de muitos, a pessoas expontaneamente  e livremente se sacrifique.
25-O Mepes privilegia o intercâmbio de pessoas e de experiências. É antigo no Movimento o lema:

ENCONTRAR-SE PARA SE CONHECER
CONHECER-SE PARA CAMINHAR JUNTOS
CAMINHAR JUNTOS PARA CRESCER
CRESCER PARA AMAR-SE MAIS.

Onde está indicado a profunda riqueza do intercâmbio. A experiência ensinou que não é fácil unir num trabalho comum pessoas de educação, mentalidade e culturas diferentes. Apesar das dificuldades, acredita no enriquecimento deste encontro deste encontro, quando, de um lado e do outro, procura-se oferecer, com simplicidade, a parte melhor de si e se é pronto a receber, com igual simplicidade, a parte melhor do outro.
Estas condições, também o serviço será melhor e o enriquecimento não será somente das duas partes, mas também da comunidade que recebe o serviço.

26-O Mepes é inspirado e orientado por motivações profundamente religiosas. Atua no meio de um povo, o meio rural, que vive com autenticidade  a sua experiência religiosa. No respeito a ação de Deus nas pessoas e da liberdade humana, aceita colaboradores de outros credos, religiosos não católicos ou que se professam ateus.
A única condição é que, por parte destes amigos, seja respeitada com lealdade a religiosidade do povo e a orientação do Movimento.
Mar Grande, Salvador,Bahia, janeiro de 1982.

Já conhecendo a ponte e tendo a chave na mão, temos condições de caminhar mais um pouco, para chegar a última página de:
MEPES 25 ANOS.
CONVERSA FRANCA, AMIZADE LONTA.
O NOSSO TESTEMUNHO E A NOSSA ESPERANÇA.

RONALD MANSUR
ELIANE STAUFFER DE ANDRADE MANSUR
AUGUSTO DE ANDRADE MANSUR
VINÍCIUS DE ANDRADE MANSUR
HELENA DE ANDRADE MANSUR.

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