A
Gazeta 06 de julho de 1992
A
história do homem tem sido uma história de imigrações e de vagar pelo mundo
afora. Povos inteiros passaram de uma região para outra, são registros da vida
da humanidade. Desta forma vai sendo forjado um novo tipo de população. Vai na
verdade sendo formando um novo homem.
A
motivação da imigração tem vários matizes, desde o ideológico, passando pelo econômico,
pelo político e até mesmo por questão ecológica. Podendo alinhar ainda motivações
do tipo pessoal e até mesmo de fundo religioso.
Se
percorrermos uma lista telefônica poderemos constatar a amplitude da imigração
dos povos. Lá estão os nomes das famílias das mais diversas origens. Se olharmos
um pouco dentro de cada família, veremos a imigração presente há poucas
gerações. Pessoalmente posso falar de cadeira, indo até o meu avô paterno, que
deixou a sua terra milenar (o Líbano), no final do século passado, e por
questões familiares percorreu milhares de quilômetros a bordo de um navio por mares
desconhecidos. Toda família tem na imigração uma presença certa, afinal, o
Brasil é um país jovem.
Hoje
queremos fazer um registro de uma imigração solitária, mas já neste século,
perto de completar 25 anos.
....
corria o ano de 1967, quando um grupo de jovens brasileiros estava estudando na
Itália, para depois voltar ao Brasil e trabalhar na implantação da Escola
Família Agrícola (EFA), que neste momento estavam na cabeça do padre Humberto
Pietrogrande e também no trabalho pastoral no Sul do Espírito Santo.
...Osmar
Longui, de Rio Novo do Sul, membro do grupo de sete capixabas morre e seu corpo
é trazido para o Brasil a bordo de um navio, sob a responsabilidade de um seu professor,
Mário Zuliane.
Mais
alguns meses e findo o curso preparatório, o grupo brasileiro prepara as malas
para uma nova jornada, agora no Brasil. Neste momento Mário Zuliane que já
havia vindo ao Brasil no ano anterior, se apresenta como voluntário que
cobriria a ausência de Osmar Longui. Uma imigração de caráter pessoal e
humanista, muito diferente da imigração de milhares de italianos que aqui
chegaram no final do século passado.
É
necessário que os registros para a história sejam sempre feitos e por este motivo
me apresento para dizer:
...
25 anos de uma vida é muito mais que algumas dezenas de meses, que algumas
centenas de semanas, que alguns milhares de dias, bem como milhões de minutos e
muitos bilhões de segundos.
25
anos de vida de Mário Zuliane foram dedicados a todos nós. Se somos brasileiros
por acidente geográfico, Mário é italiano pelo mesmo motivo. Mas somos irmãos
por força da fraternidade, do amor, da solidariedade e da vivência no dia a
dia. Irmãos no ideal.
25
anos separam o primeiro contato com o Brasil.
25
anos de um trabalho fantástico com o homem do campo. Olho o passado e vejo o
rastro de muitas EFAs, muitas creches, um hospital, um centro de formação de
monitores e um trabalho comunitário que não conseguimos medir. Olho para o
futuro e vejo uma longa jornada a ser cumprida.
25
anos é uma referencia simples na vida da humanidade, mas uma marca inesquecível
na vida da gente. 25 anos são passados e o saldo é positivo. O saldo é positivo
porque nele estão Eliete, Alessandro, João Batista, Daniela, Rachel e Mercedes.
25 anos como um operário na construção da ponte que o padre Humberto tanto fala
e tanto faz por ela, mas você meu querido Mário, e toda a sua família, aqui no
Brasil e na Itália, tem sido um exemplo para todos nós. 25 anos de uma
caminhada. Muitos anos de novas caminhadas são o nosso desejo e a nossa fé.
Nota- texto do livro MEPES 25 ANOS.
CONVERSA FRANCA AMIZADE LONGA. O NOSSO TESTEMUNHO E A NOSSA ESPERANÇA, 1993.
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