Investidores holandeses vão pedir uma indenização à empresa Master Blenders 1753, dona das marcas de café Pilão e Douwe Egberts, por causa de fraudes e problemas com impostos no Brasil citados pela empresa três semanas após ser listada na bolsa de Amesterdã.
A associação holandesa de acionistas (VEB na sigla oficial), que representa principalmente investidores particulares, disse nesta quinta-feira que vai exigir uma compensação da empresa de café D.E Master Blenders 1753, da antiga matriz Hillshire Brands e de dois conselheiros.
A D.E Master Blenders, cujas marcas também incluem a empresa de pastilhas e máquinas de café Senseo, é o terceiro maior player no mercado global de café, após a norte-americana Kraft Foods Inc, e a Nestlé.
A empresa foi cindida do grupo Sara Lee, dos EUA, agora conhecido como Hillshire Brands, em uma listagem realizada 9 de julho.
Na quarta-feira, a D.E. Master Blenders disse que havia encontrado irregularidades na contabilidade ao fechar seus livros para o ano fiscal terminando em 30 de junho, avisando que seus resultados seriam atingidos por uma combinação de fraude, e problemas com impostos e estoques em sua unidade brasileira, e que suas demonstrações contábeis desde 2009 teriam de ser refeitas.
As ações da empresa chegaram a cair mais de 7% nesta quinta-feira.
"Isso mostra que os investidores estão preocupados", disse Marco Gulpers, analista da ING.
Na cisão, os acionistas da Sara Lee receberam uma ação da D.E. Master Blenders para cada ação da Sara Lee que eles já tinham.
A D.E esperava que muitos investidores dos EUA, que não queriam ser expostos à empresa europeia de café, vendam suas participações. A empresa também publicou um prospecto de 236 páginas, datado de 1 de junho, informando compradores potenciais.
Na época do anúncio da listagem, o diretor financeiro da empresa, Michel Cup, disse esperar que as ações atrairiam uma boa mistura de investidores europeus, particularmente britânicos e holandeses, dada a familiaridade desses países com a marca Douwe Egberts.
Jan Maarten Slagter, diretor da VEB, disse nesta quinta-feira que a associação iria exigir compensação para investidores do banco listado ABN AMRO e da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers, além da Hillshire e da D.E Master Blenders.
"O prospecto da listagem foi feito com base em informações incorretas. Portanto, acionistas que compraram ações o fizeram se baseando informações incorretas", Slagter disse à Reuters.
"Nós estamos enviando cartas para as quatro partes envolvidas, responsabilizando-as e as convidando para discutir uma compensação para os acionistas."
A ABN AMRO não quis comentar. A PricewaterhouseCoopers não estava imediatamente disponível para comentar.
Quando Cup, o diretor financeiro, foi perguntado durante uma chamada de conferência com analistas sobre quem seria responsabilizado caso houvesse alguma reclamação legal, ele respondeu que seria a D.E Master Blenders.
Mas ele afirmou que era muito cedo para comentar sobre qualquer possível pedido de compensação, acrescentando que eles iriam "revisar e ver o que é necessário, e o que precisa ser feito".
Perguntado sobre o timming das revelações, logo após a listagem, ele disse que a empresa estava investigando o porque de as irregularidades não terem sido descobertas antes.
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