quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Conhecendo e escolhendo híbridos de milho para silagem



Com o início da primavera em nosso país, a observação natural é de elevação da temperatura ambiente e espera por precipitações pluviométricas. Estas características indicam que o tempo para o plantio do milho para silagem está chegando, ou já teve seu início como na região Sul do Brasil.

Gramínea da espécie Zea mays, o milho é uma planta que apresenta alta produtividade aliada a elevada qualidade nutricional, sendo uma cultura exigente em calor e umidade, com elevada resposta em intensa luminosidade.

A temperatura ótima para o desenvolvimento da cultura é de 25 a 30 oC, sendo que no período de germinação exige temperatura mínima de 10 oC. Entretanto, temperaturas elevadas (superiores a 24 oC no período noturno) contribuem para a redução da taxa fotossintética líquida pelo aumento da respiração, interferindo diretamente na produção.

A planta de milho exige precipitação mínima de 350 a 500 mm no verão, apresentando picos de demanda hídrica, sendo que o período de germinação, e o período que compreende os 15 dias que antecedem e que sucedem o florescimento, são considerados críticos.

Durante as etapas do desenvolvimento, é necessário que a planta de milho acumule quantidades distintas de energia térmica ou calor, designadas como unidades calóricas, térmicas ou graus dia (GD). Híbridos de milho de ciclo normal necessitam 890 a 1200 graus dia até o início da polinização (fase vegetativa) para o desenvolvimento adequado da planta, enquanto que materiais de ciclo precoce e superprecoce necessitam de 831-890 e 780-830 GD, respectivamente.

De forma geral, o ciclo da planta de milho envolve as seguintes etapas: 1) germinação e emergência (de 5 a 12 dias); 2) crescimento vegetativo, compreendido entre a emissão da segunda folha e o início do florescimento; 3) florescimento, da polinização ao início da frutificação (até 10 dias); 4) frutificação, desde a fecundação até o enchimento completo dos grãos (40 a 60 dias); 5) maturidade, entre o final da frutificação e o aparecimento da camada negra (Fancelli e Dourado Neto, 2000).

Durante o desenvolvimento do grão (fase 4), as células do endosperma são preenchidas gradativamente com carboidratos, em geral na forma de amido, com exceção da camada externa, onde predominam os depósitos de proteínas e enzimas (Brieger e Blumenschein, 1966).

O grão formado é composto de aproximadamente 73% de amido, 10% de proteína, 5% de óleo, sendo o restante (12%) composto por fibra, vitaminas e minerais. Pode ser dividido basicamente em três partes: pericarpo, gérmen e endosperma (Figura 1). O pericarpo compõe a camada mais externa, composta principalmente de celulose e hemicelulose, e representa 2% do grão (Zuber e Darrah, 1994). O gérmen, que corresponde a 8 a 10% do peso do grão, contém a informação genética para a propagação da planta de milho e 82,6% do óleo presente no grão, sendo o restante do óleo (15,4%) encontrado no endosperma (Watson, 1994).


Figura 1. Composição básica do grão de milho.

O endosperma é composto principalmente de grânulos de amido, cerca de 98%, encapsulados em uma matriz protéica, a qual é composta por glutelinas e zeínas, perfazendo 80 a 85% do peso do grão. O amido do grão é uma associação de dois polissacarídeos, amilopectina e amilose. A amilopectina perfaz 70 a 80% do grânulo de amido, enquanto a amilose representa 20 a 30% do amido.

Uma das grandes dúvidas dos produtores está na escolha do híbrido de milho para a produção de silagem. Muitos questionamentos se têm em como escolher esse híbrido e quais parâmetros utilizar para a escolha do mesmo. Será que o híbrido de milho utilizado para produção de grãos é o mesmo para colheita para silagem? Será que devo escolher um híbrido de elevada produtividade? O que devo esperar da participação de grãos na planta? Estas e muitas outras são as perguntas que comumente encontramos no campo.

Um exemplo interessante e inteligente de se escolher o híbrido de milho a ser inserido na propriedade é buscar empresas idôneas que mostrem a qualidade de seu híbrido por meio de análises químicas e de produtividade. Parâmetros de interesse a serem avaliados em híbridos são: produção de matéria seca, valor nutritivo e digestibilidade. Um ponto interessante para avaliação é verificar a relação entre produção e digestibilidade da planta, podendo ser determinado pela produção de matéria seca digestível por hectare.

O conselho ao produtor é a busca de híbridos que sejam adaptados a sua região, geralmente o mesmo híbrido não desempenha de maneira semelhante em diferentes localidades. E vale a pena lembrar, para a planta desempenhar sua máxima produtividade, ela necessita de manejos culturais e que sua exigência nutricional seja suprida de forma adequada.

Referências bibliográficas

BRIEGER, F.G.; BLUMENSCHEIN, A. Botânica e origem do milho. In: Cultura e adubação do milho. São Paulo. Instituto Brasileiro de Potassa. 1966. Cap.3, p.81-107.
FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba. Agropecuária, 2000. 360p.
WATSON, S.A. Structure and composition. In: WATSON, S.A.; RAMSTAD, P.E. (Ed) Corn: Chemistry and technology. Minnesota: American Association of Cereal Chemists, 1994. Chap.2, p-53-82.
ZUBER, M.S.; DARRAH, L.L. Breeding, genetics and seed corn production. In: WATSON, S.A.; RAMSTAD, P.E. (Ed) Corn: Chemistry and technology. Minnesota: American Association of Cereal Chemists, 1994. Chap.2, p-31-51.

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