segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tendências do mercado de trabalho foram debatidas no Ipea



Seminário foi resultado da rede de pesquisa entre o Instituto, ABDI, MTE, MEC e CNI

Nesta quinta e sexta-feira, dias 25 e 26, foi realizado o seminário Formação e Mercado de Trabalho, na sede do Ipea, em Brasília, em que discutiram-se temas como qualificação profissional, tendências do mercado, indicadores de produtividade, entre outros. O debate faz parte do lançamento da rede de pesquisa sobre o tema, do qual participam o Instituto, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ministério da Educação (MEC) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O técnico do Ipea Divonzir Gusso enfatizou as variações regionais na dinâmica do emprego e os novos modos de crescimento do “terciário”. Explicou que efeitos combinados de expansão do agronegócio, de desconcentração de investimentos e do crescimento industrial somados às novas frentes de expansão do turismo e a nova configuração do mercado nacional (menos “arquipélago”) determinaram variações importantes nos ritmos de crescimento do emprego fora dos eixos metropolitanos tradicionais.
“Possivelmente, um dos fatores de peso na redução da informalidade resida nos ritmos, diversificação e inovações nem curso no terciário, tanto naqueles segmentos mais diretamente articulados aos estratos modernos da indústria e ao agronegócio, como nos serviços tradicionais impulsionados pela ascensão de novos contingentes ao mercado”, afirmou Divonzir.
Para a representante do BNDES, Ana Além, “a importância de o Brasil ter retomado uma trajetória de crescimento possibilita melhorar e aumentar a empregabilidade do brasileiro”, disse. Apontou a necessidade de se pensar a educação em três grandes níveis: o nível superior; a educação básica, que perpassa por uma valorização dos professores e a questão dos cursos técnicos, que precisam ser mais valorizados no país.
“O emprego faz muito pelo desenvolvimento”, enfatizou Joana Silva, do Banco Mundial, em sua fala inicial. Destacou que um aspecto muito importante é trazer o emprego como um elemento fundamental quando se pensa em crescimento econômico. Compuseram a mesa também Marcelo Pio, do SENAI, Edson Domingues, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Maria Emília, do MTE. Todos os palestrantes foram enfáticos ao afirmaram que haverá uma maior procura de cursos de Engenharia, devido ao grande crescimento no setor de construção civil, um dos sintomas dos anos de crescimento por qual passou o Brasil.
Ocupação versus qualificação profissional
Outro assunto abordado no seminário foi Qualificação profissional e competências cognitivas no mercado de trabalho brasileiro. A mesa foi composta por Aguinaldo Maciente e Paulo Meyer, técnicos do Ipea, por Eduardo Schneider, do Dieese, por Naércio Filho, da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Feres, secretário do Ministério da Educação (MEC), Luis Miller, do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) e Luis Caruso, do Senai, que coordenou a mesa.
Com o tema Competências cognitivas e técnicas e estruturas ocupacionais no Brasil, Maciente e Meyer discorreram sobre habilidades e requisitos ocupacionais. Ainda, Meyer adiantou que será lançado, em dezembro, uma edição especial do Boletim Radar, em que o tema será relacionado às diferenças salariais e competências cognitivas.
Já Naércio pesquisou o comportamento da demanda e oferta por profissões de nível superior no país. No Brasil, a porcentagem de formados é de 10%, enquanto países como Estados Unidos e Coréia, esse indica chega a 40%. Assim, “é necessário primeiramente termos estudantes nas Universidades”, enfatizou o técnico. Afirmou também que não há um apagão de mão de obra qualificada, pois houve um aumento dos números de qualificados no país: onde a oferta aumentou muito, o salário caiu e vice-versa.
Na pesquisa, a profissão com maior desigualdade salarial foi os dos formados em Economia. Por fim, o técnico conclui que algumas carreiras, como Engenharias, Odontologia, Psicologia e Medicina, parecem ter excesso de demanda com base na evolução dos salários, ocupações típicas e desemprego. O mesmo não ocorre para as profissões que tiveram a demanda suprida pelo crescimento da oferta, como Química, Jornalismo, Administração e Contabilidade.
“É necessário resgatar a cultura do trabalho no país”, destacou Luis Miller em sua abertura, ao relatar que há profissões que ainda sofrem certo preconceito – como as que envolvem a construção civil, como pedreiro –, são mais bem remuneradas que profissões largamente disputadas. Isso demonstra que é necessário mudar a visão deste tipo de profissão, que atualmente tem grande oferta e pouca demanda.

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