sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Curitiba: Fruet deve ser “mais do mesmo”, aponta cientista político


Para cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná Emerson Cervi, candidato favorito a vencer o 2º turno em Curitiba não representa a possibilidade de uma mudança expressiva na política curitibana. “A elite da cidade deseja manter o projeto iniciado na época de Lerner, mas não tinha confiança em Ducci. Para o eleitor, Fruet oferece menor risco em relação a Ratinho”, analisa.

Curitiba - Na capital do Paraná, as pesquisas eleitorais apontam a vitória de Gustavo Fruet (PDT) no segundo turno das eleições para a prefeitura. Os resultados da Datafolha, divulgados na última terça-feira (23), marcam uma diferença de 17 pontos entre os candidatos que disputam o pleito: Fruet tem 52% das intenções de voto, contra 35% de Ratinho Júnior (PSC). Na pesquisa do Ibope, divulgada em 19 de outubro, Fruet também está na liderança, com 49%, enquanto Ratinho tem 39% das intenções.

No primeiro turno, Gustavo Fruet e Ratinho Júnior derrotaram o atual prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PDT), que tentava a reeleição. Ducci foi vice-prefeito de Curitiba de 2004 a 2010, na gestão encabeçada por Beto Richa (PSDB). Com a eleição de Richa para o governo do Paraná, Ducci assumiu a prefeitura. 

Apesar de pesquisas eleitorais do 1º indicarem a derrota de Fruet e continuidade da disputa entre o PDT e o PSC, Ducci ficou fora da disputa pelo segundo turno, com 26,7% (contra 34% para Ratinho e 27,2% para Fruet).

Manutenção da conjuntura
Desde 1988, com a eleição de Jaime Lerner à prefeitura pelo PDT, o eleitor curitibano elegeu sucessivamente candidatos do mesmo grupo, e é a primeira vez que o segundo turno é disputado apenas pela oposição. No entanto, de acordo com o cientista político e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná Emerson Cervi, nenhuma das candidaturas representa a possibilidade de uma mudança expressiva na política curitibana. 

“O grupo que estava no poder desde a era Lerner perdeu força política. Porém, em vez de surgirem projetos alternativos, os dois candidatos que disputam o segundo turno oferecem a mesma forma de gestão que vem sendo aplicada e repetida nas últimas décadas”, destaca o professor.

Segundo Cervi, a preferência eleitoral por Fruet, verificada nas pesquisas, aponta que o eleitor está minimamente satisfeito com o perfil de gestão que vem sendo aplicado em Curitiba. “A elite da cidade deseja manter o projeto iniciado na época de Lerner, mas não tinha confiança em Ducci. Para o eleitor, Fruet oferece menor risco em relação a Ratinho, pelo tempo de visibilidade na política e pela atuação como deputado federal”, analisa.

Apoio do DEM 
Fruet ter ido para o segundo turno expressa, para Cervi, a confiança do eleitor em sua candidatura. No entanto, na conjuntura curitibana, sua vitória representaria mais manutenção da estrutura política do que uma mudança de fato na forma de governar. “Ainda que a aliança do PDT com o PT reforce o caráter de oposição da candidatura, as diferenças de seu projeto com relação à política dos ex-prefeitos são muito sutis”, diz o professor. 

Prova disso é formalização do apoio à candidatura de Fruet pelo DEM, por “afinidade com o candidato”. O apoio configura um cenário contraditório: Fruet, em Curitiba, recebe apoio do PT e do DEM. Já o PMDB de Rafael Greca, candidato a prefeito que disputou o primeiro turno, apoia a candidatura de Ratinho. 

A decisão foi determinada por Roberto Requião, senador pelo PMDB e inimigo político de Fruet (mas que coligou-se ao PT durante o processo que o elegeu senador pelo Paraná, em 2010). A política paranaense é conhecida pelo costume de não seguir as coligações partidárias a nível nacional, e distribuir-se em arranjos locais.

PMDB, PSDB e PDT
Gustavo Fruet ingressou na política pelo PMDB, em 1995, quando tornou-se vice-presidente da Comissão de Ética do Partido em Curitiba. Foi presidente do PMDB-PR em 2003 e optou por desligar-se do partido em 2004, quando o PMDB decidiu apoiar o candidato à prefeitura de Curitiba pelo PT, Ângelo Vanhoni, em vez de lançar Fruet em candidatura própria. No ano seguinte, Fruet filiou-se ao PSDB.

Desejando a prefeitura de Curitiba em 2011, não obteve apoio do PSDB, que optou por lançar Luciano Ducci. Desligou-se do partido e oficializou sua filiação ao PDT em setembro de 2011. Foi vereador de Curitiba em 1996 e deputado federal por três mandatos.

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