Lembro-me que quando entrou no Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) pela primeira vez, ele indagou: “Em quê este instituto é avançado?”. Para refletir sobre a atualidade, eu começaria parafraseando Florestan Fernandes: “em quê a USP é uma Universidade?”. Afinal, ela foi, inicialmente, um conglomerado de faculdades isoladas e pré-existentes. Cada uma delas trouxe seu prestígio e sua tradição que se traduziram em poder. Nunca houve uma união orgânica e funcional.
Lincoln Secco
Lincoln Secco
Hoje reina uma total desconexão entre as áreas da universidade devido ao seu gigantismo, massificação e especialização.
Os atuais dirigentes universitários, com algumas boas exceções, estão muito aquém dos seus antecessores dos anos 1980 e em certos quesitos ficam atrás até mesmo dos serviçais da ditadura.
O discurso “sem ideologia” do senso comum de dirigentes tem como contrapartida o rebaixamento dos opositores. Neste caso, não se trata de rebaixamento intelectual. Ao contrário: para fugir de suas tarefas concretas alguns intelectuais críticos buscam refúgio em posições políticas incabíveis no atual ordenamento político. As exceções existem, mas sem projeto e sem amparo. Por outro lado, a justa indignação dos alunos resvala na dificuldade de operar uma transição de um antigo movimento estudantil para novas formas de organização.
O resultado é que a posição da USP no ranking das melhores universidades do mundo é boa, mesmo segundo os duvidosos critérios deste tipo de classificação. Poderíamos, agora, estabelecer um índice de falta de transparência. A USP ficaria em primeiro lugar. Logo em seguida viriam as universidades de Teerã e Riad.
Nenhum comentário:
Postar um comentário