segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Outras eleições...


DEBATE ABERTO

Não foi apenas no Brasil que aconteceram eleições neste fim de semana. Também tivemos eleições na Lituânia, Ucrânia e no Chile. No Chile, o partido do presidente Sebastián Piñera foi considerado o perdedor nas eleições municipais. Governava 144 municipalidades e passará a a governar 121, enquanto a oposição pulou de 147 para 168 prefeituras.

Não foi apenas no Brasil que aconteceram eleições neste fim de semana.

Na Europa, houve eleições nacionais na Lituânia e na Ucrânia.

Na Lituânia venceu uma coligação mais à esquerda no espectro político, do que o atual governo conservador, campeão local dos planos de austeridade que vêm devastando as economias européias e reduzindo direitos da cidadania.

A coligação, vista como “anti-austeridade”, promete elevar impostos sobre os mais ricos e os ganhos de capital, aliviando o arrocho sobre o restante da sociedade.

Já na Ucrânia o partido do presidente Viktor Yanukovich deverá manter a maioria parlamentar de que dispõe hoje, inclusive com ajuda do Partido Comunista que o apóia. Yanukovich enfrenta graves acusações de autoritarismo por parte de dirigentes da União Européia, e mantém prisioneira sua principal opositora Yulia Timoschenko, acusada de prevaricação no caso de um contrato de fornecimento de gás para a UE.

Já mais perto do Brasil, no Chile o partido conservador do presidente Sebastián Piñera foi considerado o perdedor nas eleições municipais daquele país. O partido de Pinera governava 144 municipalidades e passará a a governar 121, enquanto a oposição pulou de 147 para 168 prefeituras. A oposição obteve importantes vitórias em cidades como Concepción e na região de Santiago, enquanto o governo venceu, por exemplo, em Valparaíso e Viña del Mar.

Na região de Santiago ocorreram duas vitórias simbolicamente muito significativas para a oposição.

No distrito de Nuñoa venceu Maya Fernandez Allende, neta do ex-presidente Allende, deposto pelo golpe de 1973. E em Santiago Central venceu Carolina Toha, filha do ex-vice presidente e ministro de estado ao tempo de Allende José Toha.

Como ministro da Defesa, José Toha liderou a resistência à primeira tentativa de deposição de Allende, em junho de 1973. Depois do golpe de Estado foi preso e torturado pelo governo de Pinochet. Com a saúde debilitada, foi internado num hospital militar onde, mesmo com ele acamado, os interrogatórios continuaram.

Pesando 49 quilos, José Toha morreu em março de 1974. A versão oficial dizia que ele se suicidara. A família contestou essa versão, alegando, inclusive, que ele nem teria forças para tanto.

Houve um processo de reavaliação, com a exumação de seus restos mortais. A conclusão, exarada em 2010, descartou a versão de suicídio e afirmou ter sido ele estrangulado.

Essas eleições municipais tiveram um índice de abstenção considerado muito alto. Por outro lado, marcaram a primeira participação institucional de muitos dos estudantes envolvidos nos recentes protestos contra o governo de Piñera.

Uma nova era política pode estar começando no Chile, com uma maior abertura à esquerda, retomando mais de perto a tradição de Allende.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

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