terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Mulheres ainda ganham menos que homens no Brasil e no México


Apesar de todas as conquistas femininas dos últimos tempos, pesquisa desenvolvida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP mostra que parte das diferenças salariais entre homens e mulheres no Brasil e no México ainda se deve à discriminação por sexo. Baseando-se na técnica de Oaxaca-Blinder, que considera variáveis como idade, escolaridade e posição na família, os estudos concluem que com curso superior e condições similares a do homem, a mulher continua ganhando menos.

Talita Nascimento
Falta de experiência também pode influir na diferença de salários
Considerando pessoas que exercem a profissão cursada na faculdade, o hiato salarial de discriminação por sexo (diferença de pagamento por horas trabalhadas entre homens e mulheres) chega a ser de 76% no Brasil, índice que no México é de 36%. Sem levar em conta a escolaridade, a mulher no Brasil convive com um hiato de 163% e as mexicanas com 256%.
Para justificar a diferença salarial entre trabalhadores com e sem Ensino Superior no México, a professora responsável Maria Cristina Cacciamali arrisca uma hipótese. Ela sugere que a falta de mão de obra qualificada no país diminui a discriminação sofrida pelas mulheres. Devido à pouca oferta de candidatos preparados, o salário tem menos variações devidas ao sexo em cargos que necessitem de ensino superior. Fabio Tatei, pesquisador epalestrante, explica que apesar de o México ter índices maiores de formação superior, os dados não levam em conta a qualidade do ensino.
Outra possível interpretação para os índices e diferenças de salário entre homens e mulheres é a falta de experiência. Tatei explica que a mulher costuma demorar mais para ingressar no mercado de trabalho, principalmente por causa da maternidade. Esses anos a menos podem resultar em salários mais baixos.
Ineficiência econômica
Apesar destas explicações, a simples discriminação continua sendo o principal argumento para a diferença que os números apontam. Sobre este problema que se manifesta nos dois países estudados, Tatei comenta: “A discriminação traz ineficiência em termos econômicos”. Isso por que, excelentes profissionais podem ser excluídas de cargos importantes por preconceito. Nestes casos, as consequências se refletem em resultados financeiros menores do que poderiam ser apresentados com a contratação ou investimento em determinada profissional.
A pesquisa foi apresentada no ciclo de apresentações e debates chamado “Diagnósticos e Previsões de Políticas para o Mercado de Trabalho” realizado em parceria do PROLAM (Programa de Interação da América latina) com o NESPI (Núcleo de Estudos e Pesquisas de Políticas Internacionais).
Nesta conjuntura, a escolha de Tatei comparar Brasil e México aconteceu porque dentre os países da América Latina que mais se aproximavam da realidade brasileira, o México tinha pesquisas com números mais confiáveis, de acordo com o pesquisador. Os dados utilizados no Brasil são do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) e no México do ENOE (Enquesta Nacional de Ocupación y Empleo).

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