sexta-feira, 7 de junho de 2013

Honduras: preço do café deixa de ser rentável


postado há 1 dia atrás

O preço do café registrou na semana passada seu menor nível desde 2009 de forma que os cafeicultores de Honduras temem que, se essa tendência se mantiver, não registrarão lucros na colheita que deverá terminar, nem no próximo ano safra. Na quinta-feira passada, o preço do café na Bolsa de Nova York alcançou seu mínimo em três anos e fechou em US$ 125,92 por quintal (saca de 46 quilos). Esses preços são similares aos de 2009 e representam uma diminuição significativa com relação à média de US$ 201,52 de 2012 e de US$ 245,69 de 2011. Desses dados se percebe que estão sendo pagos por quintal US$ 75,60 a menos que na safra de 2011-12 e US$ 119,77 a menos que em 2010-11.

“O medo é que se esse preço de US$ 126 se mantiver para a próxima colheita, o produtor de café terá que colocar entre US$ 20 e US$ 30 a mais para produzir cada quintal”, disse o produtor, Jorge Pinto.

Atualmente, para produzir um quintal de café o cafeicultor gasta cerca de US$ 100. A isso, somam-se os custos de exportação e os lucros obtidos pelo intermediário, o que, no total, reflete uns US$ 140 em produção. Com base nisso e tomando como base os preços atuais, os produtores não estão obtendo lucros pelo seu café.

“Se mantiver essa tendência, será desastroso para o setor cafeeiro, porque em vez de ter um lucro na próxima colheita, desde já estaríamos tendo perdas”.

O empresário torrefador de café, Andrés Kafati, disse que há pouco comércio em algumas regiões produtoras e inevitavelmente se afetará a economia nacional. “Cremos que o preço continuará baixo e, pelo menos em um futuro próximo, não voltaremos a ter café por 300 dólares; não cremos que haverá um aumento forte na demanda, mas a oferta se manterá, o que causará depressão no preço”.

O presidente da Coordenadora Hondurenha de Pequenos Produtores (CHPP), Nelson Guerra, disse que apesar de o preço do café ser muito volátil, “não baixará de 120 dólares”. Ele disse que os principais fatores da queda de preços são a produção recorde do Brasil e o aumento da produção no Vietnã, além de um aumento da produção de café na China.

Em seu relatório de abril, a Organização Internacional de Café (OIC) calculou que a produção total na safra de 2012-13 em todos os países produtores será de 144,7 milhões de sacas, enquanto o consumo no ano de 2012 foi de 142 milhões de sacas.
Em sua recente visita a Honduras, o diretor da OIC, Robério Oliveira Silva, disse que, apesar da crise financeira nas regiões como a Europa, o consumo de café não foi afetado e, ao contrário, há um aumento de 2,2% no consumo de café na Índia, China e Indonésia. “Isso nos dá muita esperança que os preços vão se recuperar. Estamos confiando que haverá um aumento de preços em uns quatro meses”.

Pinto, no entanto, considerou que se a demanda melhorou, o verdadeiro problema da queda de preços o café são as grandes transnacionais. “O consumo está aumentando a nível de mundo e a oferta e a demanda se equipararam. Por isso, hoje está claro que os preços agora não são marcados pela oferta e pela demanda ano mundo, mas sim, que há razões das grandes transnacionais (que são sete ou oito empresas) que são as que repartem o bolo e, desse bolo, apenas uma pequena porção de 5% retorna ao produtor de café”.

Diante dessa realidade, as alternativas que os produtores têm são trabalhar o tema de melhorar a qualidade do grão, já que alguns cafés especiais têm tetos de venda de até US$ 190, o que os coloca em uma posição privilegiada. Além disso, devem-se buscar mecanismos para reduzir custos e obter maiores lucros.

A reportagem é do Laprensa.hn, traduzida e adaptada pelo CaféPoint.

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