terça-feira, 4 de junho de 2013

Jornada continental pela retirada da Minustah do Haiti será realizada neste sábado (1º)


 

Tatiana Félix
Adital
É amanhã, 1º de junho, o dia em que dezenas de organizações internacionais se unem para realizar a Jornada continental pela retirada da MINUSTAH do Haiti. A atividade consiste em uma série de atos em vários países que pedirão a saída imediata das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e o fim da intervenção estrangeira no país, em defesa da soberania do povo haitiano.
Em alguns países, as atividades já começam hoje (31). No Haiti, a sexta-feira foi dedicada a organizações sindicais que fizeram um balanço sobre o papel da Minustah. Também o Coletivo de vítimas da cólera para a reparação e justiça realizou uma manifestação na capital Porto Príncipe em virtude da doença que já matou cerca de 8 mil pessoas e deixou outras 600 mil enfermos. De acordo com os relatos, o vírus da cólera foi "introduzido” no país, há cerca de dois anos, por soldados estrangeiros da Minustah, o que representa mais um motivo para que os chamados "soldados azuis” saiam do Haiti.
Em Santiago, no Chile, organizações sociais entregaram hoje (31) uma carta ao presidente Sebastián Piñera e ao ministro de Relações Exteriores, Alfredo Moreno, reforçando o pedido internacional pela retirada das tropas estrangeiras do Haiti.
Neste sábado, 1º de junho, dia da Jornada, haverá uma exposição fotográfica, no Champ de Mars, perto da estátua de Dessalines, em Porto Príncipe, que ilustrará os crimes cometidos pela Minustah. Já em Buenos Aires, Argentina, será realizado um vídeo-debate sobre o documentário Haiti: Soberania e Dignidade na Casa da Paz. Na segunda-feira (3), o vice-chanceler argentino Eduardo Zuaín apresenta uma reivindicação pela desocupação militar no Haiti.
Em outros países como no caso do Brasil, a mobilização já começou. No último dia 27, foi realizado o debate "Haiti-Rio de Janeiro: da ocupação militar às UPPs [Unidades de Polícia Pacificadora]”, que compara a ocupação policial em favelas do Rio de Janeiro com a ocupação militar de tropas estrangeiras no Haiti. Ontem (30) aconteceu uma conferência de imprensa no Haiti demonstrando a solidariedade dos povos do continente nesta demanda pela retirada das tropas militares estrangeiras do seu território.
Contexto
Completando nove anos da ocupação das tropas da ONU no Haiti neste sábado (1º), organizações como Jubileu Sul, CLOC/Via Campesina, Serviço Paz e Justiça na América Latina, Grito dos Excluídos Continental, Campanha contra as Bases Militares Estrangeiras na América Latina e dezenas de outras entidades internacionais e regionais chamam a atenção para o aumento dos níveis de violência e de desemprego, opressão, maior vulnerabilidade econômica e também social agravada pela introdução da cólera, após a invasão da Minustah. "Sua presença responde a uma política que priva o povo haitiano de sua cidadania, seus serviços públicos, sua terra, seus bens naturais”, esclarecem.
As entidades alegam que, ao invés de promover a paz, depois de um golpe de Estado que desestabilizou o país em 2004, as tropas da ONU para a estabilização do Haiti apenas cometeram "violações sistemáticas aos direitos humanos essenciais da população”. Por isso, pedem o reconhecimento dos crimes cometidos pela Minustah com a devida sanção dos responsáveis e indenização para as vítimas; o fim da ocupação econômica; a supressão dos acordos de livre comércio; a restituição e reparação da dívida histórica, financeira, social e ecológica ao povo haitiano; e uma verdadeira política de cooperação internacional que respeite os direitos, a soberania e a autodeterminação da população do país.
"O Haiti não deve mais ser o laboratório da economia e a ‘segurança’ neoliberal, políticas que fizeram além da dívida, uma arma adicional contra os povos como vivemos em toda nossa América, o Sul global e agora também na Europa. O Haiti não necessita de tropas militares, nem da Minustah, nem de nenhum outro país. O Haiti necessita de reconhecimento de sua dignidade, seu potencial e direito à autodeterminação, como todo povo”, expressam.
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