Ou tudo ou quase nada
O Brasil viveu, nos últimos dez anos, o melhor momento de suas políticas públicas de cultura. Mas tudo o que foi feito não é suficiente para colocar o universo dessas em diálogo permanentemente fértil com as grandes causas de nosso tempo.
Glauber Piva
Cultura não é o artístico, mas o sentido que damos ao que pensamos, ao que fazemos, às nossas relações e à vida cotidiana. Por óbvio, as artes têm um sentido especial nessa narrativa, mas é preciso estar atento à sua topografia: elas são expressão de algo, surgem e acontecem em contextos históricos específicos, ganham relevância em algumas circunstâncias e, em outras, não. Então, qual é o nosso problema?
O Brasil viveu, nos últimos dez anos, o melhor momento de suas políticas públicas de cultura. Neste período, permitiu-se que um contingente enorme de jovens e criadores ganhasse visibilidade e algum protagonismo. As culturas populares e tradicionais, por exemplo, historicamente tratadas como fóssil social e empalhadas como folclore, recuperaram espaço no orçamento público e nas agendas oficiais e de alguns grupos sociais. Outros tantos grupos foram reconhecidos como pontos de cultura e receberam recursos e responsabilidades. Além disso, se pode listar uma série positiva de iniciativas governamentais que desvelou recantos de nossa sociedade e negou invisibilidades.
Mas tudo o que foi feito não é, nem de perto, suficiente para colocar o universo das políticas públicas de cultura em diálogo permanentemente fértil com as grandes causas de nosso tempo. Há necessidade de atualização constante. Esse é o nosso problema. Políticos e gestores culturais precisam entender em que mundo vivemos e se recusar a usar seus orçamentos e energias com a reprodução de clichês e de tendências.
É isso. Quase tudo o que é importante, como o poder, a economia, a comunicação e a cultura, está organizado em redes globais em articulação com maneiras cada vez mais autênticas e pessoais de expressão. Assim, esqueçamos do meu centro cultural, meu teatro, meu cinema, minha banda, minha ideia. Vivemos em rede e esses “meus” ou são um ponto em uma rede conectada ou não são nada. Ou as políticas estão articuladas com o que as pessoas e seus coletivos entendem que é relevante, ou são painas ao vento.
É esta a chave: ou são ações, propostas, ideias conectadas com o mundo real, com problemas e pessoas reais e, neste caso, são efetivamente importantes, ou são praticamente nada.
O Brasil viveu, nos últimos dez anos, o melhor momento de suas políticas públicas de cultura. Neste período, permitiu-se que um contingente enorme de jovens e criadores ganhasse visibilidade e algum protagonismo. As culturas populares e tradicionais, por exemplo, historicamente tratadas como fóssil social e empalhadas como folclore, recuperaram espaço no orçamento público e nas agendas oficiais e de alguns grupos sociais. Outros tantos grupos foram reconhecidos como pontos de cultura e receberam recursos e responsabilidades. Além disso, se pode listar uma série positiva de iniciativas governamentais que desvelou recantos de nossa sociedade e negou invisibilidades.
Mas tudo o que foi feito não é, nem de perto, suficiente para colocar o universo das políticas públicas de cultura em diálogo permanentemente fértil com as grandes causas de nosso tempo. Há necessidade de atualização constante. Esse é o nosso problema. Políticos e gestores culturais precisam entender em que mundo vivemos e se recusar a usar seus orçamentos e energias com a reprodução de clichês e de tendências.
É isso. Quase tudo o que é importante, como o poder, a economia, a comunicação e a cultura, está organizado em redes globais em articulação com maneiras cada vez mais autênticas e pessoais de expressão. Assim, esqueçamos do meu centro cultural, meu teatro, meu cinema, minha banda, minha ideia. Vivemos em rede e esses “meus” ou são um ponto em uma rede conectada ou não são nada. Ou as políticas estão articuladas com o que as pessoas e seus coletivos entendem que é relevante, ou são painas ao vento.
É esta a chave: ou são ações, propostas, ideias conectadas com o mundo real, com problemas e pessoas reais e, neste caso, são efetivamente importantes, ou são praticamente nada.
Glauber Piva é sociólogo e diretor da Ancine (Agência Nacional do Cinema).
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