Redação Portal IMPRENSA | 21/01/2016 12:30
O jornal gaúcho Zero Hora, pertencente ao Grupo RBS, gerou polêmica nesta semana ao publicar uma retratação inédita por um erro cometido em uma charge assinada pelo cartunista Marco Aurélio.
Na ilustração, publicada no último dia 15 de janeiro, Marco Aurélio brinca com o pagamento de US$ 100 milhões em propina ao governo Fernando Henrique Cardoso, citado pelo ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, em depoimento à Procuradoria Geral da República. O desenho, porém, não mostra FHC, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não tem envolvimento no caso.
Crédito:Reprodução
Jornal fez retratação de charge que trocou FHC por Lula
À Carta Maior, o também chargista e presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Augusto Schröder, disse que ficou surpreso com o episódio. “É uma situação inusitada, um fato inédito no mundo: o jornal pede desculpas por um erro em uma charge! Uma charge pode ser ruim, agressiva, equivocada. Mas não existe uma charge errada, porque não é possível um jornal errar a opinião”, ponderou.
O grupo RBS não esclareceu o motivo do engano e nem por quantas pessoas o desenho circulou antes de ser impresso no jornal. Disse apenas que tomará providências para não repetir o erro. Também destacou que a ZH mantém “um rígido processo de checagem das informações, que está em constante aprimoramento”.
Na versão online do diário, a caricatura permaneceu de forma original na editoria de opinião, sem nenhuma nota, até a tarde da última quarta-feira (20/1).
Para Schröder, embora tenha admitido a falha, o veículo deveria republicar a ilustração com o personagem correto, para evitar que o erro se espalhe. "Ao reproduzir o desenho com Lula, o jornal reforça uma mensagem”, explicou.
“Se a falha se deveu à ignorância do cartunista, se ele não sabia que quem havia sido acusado de receber propina era outro ex-presidente, isso evidencia a linha ideológica que é visível no jornal: parecia lógico que fosse Lula, porque é o que se lê o tempo todo”, acrescentou.
O Instituto Lula ironizou o episódio e não citou uma eventual ação jurídica. "Lula não lê Zero Hora", resumiu a entidade.
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