quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Asiáticos consomem mais carne



No dia 9 de novembro de 2012 acontecerá o Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em São Paulo-SP.
Um dos analistas será o engenheiro agrônomo César Vieira Júnior, gerente de negócios em commodities da Dow Agrosciences.
Serão discutidos os temas mais importantes no momento para a pecuária de corte, como reposição, mercado do boi gordo, exportação de carnes e bovinos vivos, varejo, macroeconomia, ações contra a pecuária, ferramentas de negociação e frigoríficos.
Para saber um pouco sobre o que será abordado no Encontro de Analistas, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.
Entrevista com César Vieira Júnior
Scot Consultoria: Os países asiáticos cada vez mais estão consumindo carne bovina. Você acredita que estes poderão ser destinos de grandes volumes da carne brasileira?
César Vieira Júnior: Tem sido muito claro, nos últimos anos, o aumento da concentração das populações asiáticas nas cidades. A China talvez seja a o melhor exemplo disso e a tendência de médio e longo prazos é que esse movimento urbano continue. Sabemos que a causa desse fenômeno é o agressivo desenvolvimento da indústria e dos serviços nesses países e uma das principais consequências é a gigantesca demanda por alimentos, vestuário e demais bens que essas populações urbanas passam a consumir.
É natural que a demanda asiática por carne bovina também cresça neste cenário. No entanto, a velocidade desse crescimento depende de alguns fatores, principalmente os ligados às proteínas concorrentes. Os sistemas de produção de suínos e de aves têm se modernizado na Ásia, com destaque à China, e isso tem trazido grande eficiência produtiva.
Certamente, outro fator que pode limitar o crescimento do consumo da carne bovina nos próximos anos nos mercados asiáticos é a atual crise econômica global. A retomada do crescimento econômico sustentável é o grande desafio, espalhado por todos os continentes.
Resumindo, acho que a Ásia deve se tornar um mercado de carne bovina cada vez mais relevante (e o volume de demanda potencial é imenso). Mas a velocidade desse crescimento é ainda incerta.
Scot Consultoria: O Banco Central reduziu sucessivamente a taxa Selic. Isso significa que o governo está priorizando ao consumo mais do que o controle da inflação? Qual o impacto que isso pode ter na pecuária em 2013?
César Vieira Júnior: O governo tem tomado várias medidas de estímulo econômico pois sabe da gravidade da atual crise econômica global. A redução da taxa Selic é uma dessas medidas e deixa clara a posição do governo de dar foco ao crescimento, tendo a inflação à vista, porém, em segundo plano.
A meu ver, não só a pecuária, mas também os demais setores produtivos do Brasil ganham nesse cenário, com custo de capital menor. Custo de capital mais baixo aliado a uma perspectiva positiva para o agronegócio podem trazer à tona boas oportunidades que favoreçam a tomada de decisão para investir em tecnologias que tragam mais eficiência à produção pecuária.
A pecuária brasileira está sendo fortemente impactada pelo crescimento e consolidação da agricultura, pela pressão ambiental, entre outros fatores, por isso é vital que o setor seja eficiente e produtivo. É a hora de o pecuarista investir mais em tecnologia e os estímulos econômicos estão aí.
Scot Consultoria: Como a cadeia da carne tem se preparado para enfrentar as pressões econômicas e também as questões ambientais?
César Vieira Júnior: A meu ver, independente da origem da pressão sofrida pela cadeia da carne, seja ela econômica ou ambiental, a forma de se enfrentá-la sempre passará pela eficiência na gestão de custos e de recursos.
Eu vejo a cadeia da carne se mobilizando muito ativamente nesse sentido. Talvez a velocidade dessa mobilização não seja tão alta, uma vez que o setor é composto por agentes muito pulverizados por todo o país, mas iniciativas como a criação da APPS (Associação dos Profissionais da Pecuária Sustentável) são um exemplo de como a cadeia está atenta às pressões e empenhada nas soluções.
Scot Consultoria: O que falta para os pecuaristas aderirem mais às ferramentas de negociação?
César Vieira Júnior: Sendo bem direto na resposta: informação e cultura de gestão.
As ferramentas de negociação, sejam elas através das modalidades de pré-fixação com os frigoríficos, de operações de troca (como o BEEFTRADE®) ou operando diretamente através dos contratos de futuros e opções na BVM&F são excelentes alternativas para o pecuarista gerenciar não só sua receita, mas também os seus custos. Para isso, é necessário que ele assuma a postura de gerenciar sua atividade de forma a sempre se proteger. Exemplos:
O pecuarista pode vender a termo ao frigorífico, com preço fixo e escala predeterminada. É uma forma positiva para que o pecuarista se proteja de uma possível queda futura da arroba do boi. A possibilidade de haver uma alta da arroba no futuro é outro receio, pois se a arroba subir, ele já terá o preço fixado e não se beneficiará desta alta. Mas será que a maioria dos pecuaristas tem o conhecimento de que também pode fazer negócios com o frigorífico e, ao mesmo tempo e de forma independente, comprar contratos de opção na BVM&F que lhe permitam participar da alta?
O pecuarista pode vender a termo ao frigorífico, com preço a fixar e escala predeterminada. Esse negócio pode ser positivo caso a arroba do boi se valorize no futuro, mas não garante um piso caso a arroba se desvalorize. Mas a maioria dos pecuaristas não tem conhecimento que também pode fazer negócios com o frigorífico e, ao mesmo tempo e de forma independente, comprar contratos de opção na BVM&F que lhe permitam estabelecer o piso (receita mínima) caso a arroba do boi se desvalorize.
O pecuarista normalmente compra seus insumos em reais (R$), à vista ou a prazo. Isso é de praxe, mas a maioria dos pecuaristas não sabe que pode adquirir insumos para pagamento a prazo com os preços referenciados em arroba de boi, que é a sua moeda de troca, assim como o sojicultor, por exemplo, já o faz com a soja há anos? A Dow AgroSciences foi pioneira nessa modalidade de negócio com o BEEFTRADE®, que tem crescido muito a cada ano.
Esses são só alguns exemplos. Existem várias formas de o pecuarista gerenciar seus negócios da forma que lhe seja mais adequada e, para isso, ele precisa buscar o contato com os parceiros de negócios que possam lhe oferecer essas alternativas (principalmente frigoríficos, corretoras da BVM&F, fornecedores de insumos e bancos).
Há muitas oportunidades em nosso mercado hoje em dia neste sentido. Minha mensagem ao pecuarista é que vale muito a pena dedicar pessoas e recursos nesse propósito. As ferramentas estão à disposição dele.

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