quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CUSTO DE PRODUÇÃO NA PECUARIA DE CORTE


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No dia 9 de novembro de 2012 acontecerá o Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em São Paulo-SP.
Um dos analistas será o zootecnista Fabiano Tito Rosa, head research do Grupo Minerva.
Serão discutidos os temas atuais mais importantes para a pecuária de corte, como reposição, mercado do boi gordo, exportação de carnes e bovinos vivos, varejo, macroeconomia, ferramentas de negociação, frigoríficos e ações contra a pecuária.
Para saber um pouco sobre o que será abordado no Encontro de Analistas, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.
Entrevista com Fabiano Tito Rosa
Scot Consultoria: Os custos elevados e o preço do boi gordo pressionado têm reduzido a euforia pelas dietas de alto grão, apesar dos ganhos expressivos que estas conferem aos animais confinados?
Fabiano Tito Rosa: Não se trata de euforia, é uma questão de resultados. As dietas de alto grão, ou alto concentrado, levam à exploração mais eficiente da terra, à redução dos custos operacionais, via otimização da mão-de-obra e das operações mecanizadas, ao aumento do ganho de peso e a um melhor rendimento de carcaça.
O resultado, em relação às dietas de alto volumoso, é melhor. Portanto, as dietas de alto grão vieram pra ficar. Lembrando que, no Brasil, onde impera a produção a pasto com crescimento, principalmente, do chamado confinamento estratégico, o impacto do aumento dos preços de grãos é muito menor do que o que se observa, por exemplo, nos Estados Unidos.
Scot Consultoria: A União Europeia está passando por uma forte crise. Isso, somado às reduções nas exportações para este, que já foi o principal destino da carne bovina brasileira, não seria mais um motivo para desestimular o atendimento a este mercado?
Fabiano Tito Rosa: O importante é conservar as opções de venda, pois as condições de mercado mudam e um cliente considerado irrelevante hoje pode se tornar importante amanhã.
A UE já foi o maior mercado para a carne brasileira. Hoje fica atrás de Rússia, Irã, Egito, Hong Kong e Venezuela, mas ainda é relevante. Mantém-se como o maior importador de cortes nobres e, em determinados momentos do ano, trata-se de uma operação bastante rentável, apesar do elevado nível de exigências.
Scot Consultoria: A crise global diminuiu a demanda por proteínas ditas sustentáveis? O verde é lembrado em tempos de crise?
Fabiano Tito Rosa: Não, principalmente nos países emergentes, com destaque aos mais pobres, principalmente na África, Ásia e Oriente Médio, onde o consumo de proteínas animais tem crescido de forma mais consistente. Nesse caso, como se trata ainda de atender necessidades básicas, a grande e primeira preocupação é com o preço. As preocupações relativas à qualidade de produto e de processo vão tomando forma conforme a renda melhora e o consumo se sofistica, mas sempre conservando um peso relativo.
Em outras palavras, é inegável que as demandas e pressões relativas à sustentabilidade, que diz respeito à incorporação de práticas consideradas socialmente justas e ambientalmente responsáveis aos modelos de produção, só fazem crescer. Porém, elas ainda estão longe do topo da escala de prioridades. Tanto é que, na prática, considerando todas as barreiras tarifárias e não tarifárias que atravancam o comércio internacional de carnes, nenhuma diz respeito, especificamente, a essas questões.
Em anos de crise, até mesmo os mercados mais sofisticados voltam a trabalhar com mais pragmatismo e, atendidas as exigências básicas pré-estabelecidas, as discussões se voltam, principalmente, para o preço, ou seja, para o palpável. Elucubrações e ideologias são deixadas um pouco de lado.
Scot Consultoria: Quais medidas devem ser tomadas para diminuir estigmas negativos como, por exemplo, a mão de obra escrava e o desmatamento que acompanham a cadeia bovina brasileira?
Fabiano Tito Rosa: Primeiro, é preciso reconhecer que existem problemas, e que eles precisam ser sanados, o que de fato vem ocorrendo. Ao mesmo tempo, é preciso apresentar à sociedade o verdadeiro retrato da pecuária brasileira (e não as suas exceções): uma atividade de significativa importância econômica, geradora de empregos e renda, que vem se modernizando de forma consistente, o que lhe permite se desenvolver de forma socialmente justa e ambientalmente responsável.

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