segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cafeicultores da Zona da Mata mineira apostam no cultivo dos cafés especiais



Produto de melhor qualidade é mais valorizado no mercado. Alguns lotes são vendidos por até R$1.500 a saca


Cafeicultores da Zona da Mata mineira apostam em investimentos na colheita e pós-colheita para a melhoria da qualidade dos grãos. Apesar dos custos, o resultado agrada tanto o bolso de quem produz como o paladar dos consumidores com os cafés especiais.
Na fazenda Braúna, no município de Araponga, a paisagem rural é tomada pelos pés de café. Lá a plantação ocupa 100 hectares de café arábica. Nos últimos anos, o cafeicultor João Mattos está investindo na melhoria da qualidade. No pátio de secagem ele faz o processo tradicional, e também a secagem suspensa, onde é processado o café cereja descascado.

'Quando a gente faz a colheita do café, a gente tem três cafés bem distintos: o café verde, o maduro, que a gente chama de cereja, o vermelhinho e o café já seco ou passa. Quando pegamos o cereja descascado, a gente consegue separar esses extratos, tirar aquela casquinha vermelhinha. Esse é o café com a mais alta qualidade”, explica João.

É justamente neste tipo de café que os produtores da região estão encontrando um diferencial. O cereja descascado é muito apreciado no mercado de cafés especiais. Além de ser mais gostoso, a vantagem é que essa produção agrega valor ao preço final. Uma saca de café do tipo 6, de  bebida dura, em Minas Gerais, custa em média R$370. Já o especial é comercializado entre R$430 e R$700. Alguns lotes especiais chegam a ser vendidos por até R$1.500 a saca.

O investimento, segundo João Mattos, vale a pena. 'Além do preço diferenciad, a gente consegue ter uma melhor gestão da propriedade com redução do desperdício de fertilizantes, de defensivos, a mão de obra mais qualificada por causa dos treinamentos”.

Em Minas Gerais um trabalho de certificação específico para os chamados cafés diferenciados começou em 2008, com a criação do Certifica Minas Café. Atualmente já são 1.500 produtores no estado que aderiram ao programa.

A família do cafeicultor José Márcio Dias entrou nesse processo há três anos. Na fazenda Catitú são 300 mil pés em 100 hectares. Desde então, ele teve que marcar com placas o talho de café, o que ajuda a identificar a origem e a procedência pro consumidor final. Ele destaca que, com isso, a produção fica mais organizada. “Assim sabemos qual talho está dando lucro. A partir daí, a gente reforma ou elimina os que dão prejuízos”.

Além de identificar a origem e também os pontos onde o produto é de melhor qualidade na lavoura, José Márcio tem um caderno onde anota tudo: faz o controle de custos, produtos e mão-de-obra. O trabalho está mudando a gestão nas propriedades, e consequentemente a qualidade das safras na Zona da Mata mineira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário