terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cooperativas não acompanham ampliação das fronteiras agrícolas



Estudo da USP aponta fatores que contribuem para pouca participação de cooperativas agrícolas em estados como Bahia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul


 Instrumentos importantes para a geração de riqueza no campo, as cooperativas agrícolas estão pouco presentes nas áreas de fronteira agrícola brasileira. Esta foi uma das conclusões de umlevantamento realizado pelo Programa de Estudos e Pesquisas em Cooperativismo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP. De acordo com a pesquisa, a região Centro Oeste, principal fronteira agrícola brasileira, possui apenas 18% dos estabelecimentos rurais cooperativados, enquanto na região Sul esse número é de 38%.
Embora a área de lavouras temporárias (grãos e algodão) na região Centro Oeste tenha crescido mais de 400% em 36 anos enquanto no Sul esse crescimento foi de 43%, mais de 92% das exportações realizadas pelas cooperativas agrícolas brasileiras seguem concentradas nos estados do Sul, São Paulo e Minas Gerais, tradicionais regiões de produção agropecuária.
“Relacionamos alguns fatores que podem explicar esta ausência. Por exemplo, o alto custo de oportunidade para a criação de novas cooperativas em comparação com os benefícios que elas poderiam proporcionar aos agricultores”, afirma um dos autores do estudo, Sigismundo Bialoskorski Neto, professor titular da FEA-RP.
O artigo também destaca alguns dos possíveis fatores para esta baixa participação como o custo de deslocalização das cooperativas tradicionais, o tamanho das propriedades e a escala nos negócios e a concorrência das grandes empresas transnacionais no fornecimento de assistência e venda de insumos.
No estado do Mato Grosso, além de menos estabelecimentos estarem associados a cooperativas, é ainda menor o percentual de propriedades que recebem assistência técnica das cooperativas. Apenas 1,26% recebem este tipo de serviço no Mato Grosso contra 17,8% no Paraná, por exemplo. O estudo aponta que a relação dos cooperados com as cooperativas nas fronteiras agrícolas é menos intensa como reflexo das propriedades maiores que possuem orientação técnica própria e diversos canais de distribuição. Sendo assim, a relação fica restrita à grandes transações de compra de insumos.
Cooperativas – O estudo usou como base dados de listagem especial do Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, informações das Melhores e Maiores do Agronegócio do Brasil da Revista Exame para os últimos 10 anos e da Organização das Cooperativas Brasileira.
Os dados mostram que em 2010 existiam 1.548 cooperativas agrícolas com 943 mil produtores associados. Juntas elas exportam 4,4 bilhões de dólares, representando 5,7% da pauta agrícola brasileira. Em 2006, cerca de 7,6 % dos estabelecimentos agrícolas estava associados em cooperativas. Por outro lado, estes mesmos estabelecimentos representavam 35% da renda do setor. A renda média dos estabelecimentos cooperados no Brasil é 276% superior a renda média nacional.
O artigo “Evolução do Agronegócio e do Cooperativismo Agropecuário Brasileiro: uma análise comparativa de desempenho e impacto econômico” foi desenvolvido pelo professor titular da FEA-RP, coordenador do Programa de Estudos em Cooperativismo, pesquisador só Center for Organization Studies e do Comitê de Pesquisa da Aliança Cooperativa Internacional, Sigismundo Bialoskorski Neto e pela Mestranda em Controladoria e Contabilidade da FEA-RP, Anelise Krauspenhar Pinto.  
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