sábado, 13 de outubro de 2012

CORTINA DE FUMAÇA OU DE GÁS?


Por dr. Assad Frangieh
A destruição e as vítimas são as consequências mais visíveis da guerra contra a Síria. Pouco se fala dos aspectos geopolíticos e das intenções econômicas e financeiras dos envolvidos externos já que mascarar tais informações fazem parte da guerra da mídia ocidental, intimamente coordenada e aliada.
Após os acordos de Kyoto em 1992 intencionados para reduzir a poluição ambiental global, o gás começou a se tornar o elemento principal na substituição das fontes de energia industrial em específico, o petróleo e as fontes nucleares cujas falhas de segurança são desastrosas.
A Rússia, a primeira do ranking mundial, produz 420 bilhões de toneladas de gás líquido canalizados via Ucrânia, Bielorússia, Europa leste, atingindo a Alemanha e a Bélgica. Há um ano, a Rússia inaugurava um gasoduto – o Nord Stream, de 1224 kms pelo Mar Báltico ligando as enormes reservas siberianas com a Alemanha. Antes do aumento das tensões com Ancara, Moscou recebeu sinal verde para iniciar a construção do gasoduto – o South Stream, que passava por território marítimo turco do Mar Negro até a Europa, evitando assim o território ucraniano e os repetitivos desentendimentos russos com o governo local.
Nord_Stream.jpg
Gasoduto Russo Nord-Stream
O Qatar, principal concorrente russo em reserva e produção de gás, decidiu ampliar sua frota de transporte marítimo de gás em 1000 cargueiros, recebendo o aval dos Estados Unidos que vislumbra assim a redução do poderio econômico da Rússia. Porém, a opção de transporte marítimo do gás líquido obriga à construção de reservatórios especiais, tornando tal opção menos competitiva e mais favorável à alternativa russa de gasodutos. Para deixar a China na imparcialidade, o Qatar investiu cinco bilhões de dólares de seus lucros de transporte marítimo para a China, na própria Bolsa de Valores chinesa.
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Gasodutos Russo (em laranja) e Turco (rosa)
O gasoduto Nabuco, financiado pela Turquia, visa recolher o gás do Azerbaijan via Georgia, do Irã, do Iraque, do Egito e de Israel, via Jordânia e Síria até o território turco, criando assim uma zona de trânsito em direção à Europa. A Bulgária, a Áustria, a Hungaria e a Romênia já assinaram acordos com a Turquia aprovando tal projeto. A Síria recusou a passagem do gasoduto do Qatar que transportaria o gás líquido do Egito e de Israel para a Turquia, substituindo por um gasoduto russo proveniente do Irã e do Mar Cáspio via Iraque. Em suma, quem controlar a Síria, assumirá as chaves das rotas de transporte do gás à Europa, a principal fonte energética do século 21.
Para complicar a situação, a Agência Norte Americana de Geologia descobriu um reservatório de 700 bilhões de metros cúbicos de gás na bacia leste do Mediterrâneo em águas marítimas do litoral da Palestina, Líbano, Chipre e Síria. De olho, a Turquia quer centralizar seu transporte.
Assim, a posição da Rússia em defender a Síria de forma irredutível vai de oposição franca ao alinhamento norte americano em tentar substituir o gás russo para a Europa pelo gás do Qatar via Turquia. Uma Síria sob o comando de Bashar Al Assad manterá uma Síria independente economicamente e manterá os recursos naturais russos e iranianos em alta, freando assim os interesses da ganância econômica ocidental e de seus agentes locais.
Não se trata de implantar reformas na Síria. Trata-se de subordinar um Povo e suas riquezas.



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