quinta-feira, 25 de outubro de 2012

MERCAOD INTERMO MAIOR, COM DISTRIBUIÇÃO DE RENDA



Entrevista com Luciano Vacari
Scot Consultoria: O Mato Grosso é um dos principais confinadores no Brasil. Qual a expectativa para o confinamento em 2012? E para o próximo ano? Comente.
Luciano Vacari: A expectativa quanto ao confinamento se inverteu neste ano em razão da mudança do cenário para os confinadores. O último levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), entre julho e agosto, apontou para um número de 740,4 mil cabeças confinadas em Mato Grosso, uma redução de 20,4% em relação à expectativa inicial de abril, quando o cenário ainda projetava uma ampliação do confinamento, e de uma redução de 9,0% na comparação com o rebanho confinado no ano de 2011.
Um fator que influenciou esta mudança no cenário foi o aumento no preço do milho, base da alimentação utilizada no confinamento. Com isso o custo aumentou e a rentabilidade ficou comprometida. Confinamento é um negócio em que é preciso analisar custo, demanda e preço de venda.
Scot Consultoria: O IMEA divulgou que o JBS é responsável por, aproximadamente, 48% dos abates no estado. Como você enxerga a concentração dos frigoríficos?
Luciano Vacari: Realmente há uma concentração de mercado no setor industrial da carne, o que prejudica a cadeia devido à imposição de preço e direcionamento de mercado. O governo precisa viabilizar crédito para que as empresas de menor porte possam se manter no mercado e até expandir a atuação. Atualmente as linhas de financiamento contemplam somente as grandes indústrias, viabilizando a aquisição de unidades paralisadas ou de empresas já fechadas por grandes grupos.
Scot Consultoria: Como anda o consumo de carne bovina no estado? E quais as expectativas para as exportações de carne bovina mato-grossense para 2012 em relação ao ano passado?
Luciano Vacari: No mercado interno houve um aumento de consumo com a melhoria na distribuição de renda no país, mas ainda somos muito dependentes do mercado externo. A carne bovina de Mato Grosso, neste ano, até junho, registrou uma queda da participação das exportações totais de dois pontos percentuais, atingindo os 15%.
Os embarques do Estado, apesar da ligeira melhora no desempenho nos últimos meses, favorecida pela desvalorização do real em relação ao dólar, ainda se encontram em níveis praticamente similares aos observados no primeiro período de 2011, com um total embarcado até julho de 108,6 mil tec, sendo em grande parte penalizadas por conta do embargo russo aos frigoríficos do Estado que se arrasta desde junho do ano passado. O mercado russo foi compensado com as vendas para países como Egito, Irã e Venezuela.
Scot Consultoria: O Mato Grosso é o maior produtor de grãos do Brasil. Qual a sua projeção para a próxima safra considerando os efeitos que a seca no EUA está provocando no contexto mundial da produção?
Luciano Vacari: Segundo estimativa do IMEA a safra 12/13 de soja deve alcançar uma área de 7,9 milhões de hectares em Mato Grosso, aumento de 12% em relação à safra anterior. Com isso a safra de soja no ano que vem pode atingir 24,1 milhões de toneladas. Já para o milho projeta-se uma evolução da área de 16% para a próxima safra.
Para produção de 13,9 milhões de toneladas do grão se espera uma evolução de 23%, já que a produtividade da safra 2011/12, foi espetacular. Isso pode ser visto como resultado do cenário de valorizações das commodities agrícolas, influenciadas pelos efeitos da seca nos EUA. Neste sentido, a expectativa de aumento da produção de grãos do estado é acompanhada pela expectativa de continuidade do patamar alcançado pelas cotações, que refletiram em aumentos do custo de produção, principalmente em sistemas intensivos e semi-intensivos.
Scot Consultoria: A pecuária no estado vem perdendo espaço para a produção de grãos, especialmente para a soja. Quais são as rentabilidades médias da pecuária no estado, da cultura da soja e do cultivo do milho? Comente.
Luciano Vacari: A produção agrícola possui maior rentabilidade, até porque possui mais incentivos do governo, como linhas de crédito com menores juros e maiores prazos. Mas, independente da comparação entre as atividades, é preciso dar oportunidades para que os pecuaristas também possam produzir mais e reduzir os custos. Precisamos também encontrar um equilíbrio para que toda a cadeia da carne tenha renda, desde o produtor até o varej

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