quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Oriente Médio: um passo a mais para a guerra?



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EUA e Israel iniciam vasto exercício militar conjunto, cujo objetivo pode ser preparar Tel Aviv para ataque contra o Irã
Por Andressa Pellanda
Começou neste domingo, em Israel, o exercício militar Austere Challenge 2012,realizado em conjunto pelos exércitos norte-americano e israelense. Anunciado dias antes, pelos generais Craig A. Franklin, da Força Aérea dos EUA, e Nitzan Nuriel, da Força de Defesa de Israel, ele inclui o envio de mais de mil militares norte-americanos ao território israelense, nos próximos dias. A operação vem sendo planejada há cerca de dois anos, insere-se no contexto dos ataques de Tel Aviv a Teerã. Pode fazer parte de uma estratégia para neutralizar o poder dos mísseis iranianos e, em consequência, tornar seguro um ataque aéreo israelense contra as usinas nucleares do Irã. Considerado por Andrew J. Shapiro, secretário Assistente da de Assuntos Político-Militares de Washington, como o “exercício mais importante na longa relação militar entre Estados Unidos e Israel”, o Austere Challenge 2012terá como base a relação de longa data entre os dois países, testará a defesa antimísseis de Israel, e promoverá a “estabilidade regional”, de acordo com o general Franklin.
Os norte-americanos equiparão os sistemas antimísseis Patriot,o navio de defesa contra mísseis Aegis, e vários outros sistemas de defesa aérea. Mais de mil israelenses se posicionarão em diversos locais pelo território, para testar os sistemas do Iron Dome e do Arrow 2, preparados para defesa contra foguetes, morteiros de curto alcance e mísseis balísticos de longo alcance. A maior parte do exercício de três semanas será de simulação. Porém, segundo o general Nuriel, de Israel, parte do treinamento será executado com manobras reais no terreno. O orçamento dos Estados Unidos para o treinamento é de US$ 30 milhões e o israelense, correspondendo a menos de um terço do americano, é de cerca de US$ 7,9 milhões.
“Este exercício é puramente sobre como melhorar as competências conjuntas entre EUA e Israel”, afirmou o general Franklin. “Ele não está relacionado com as eleições nacionais, nem quaisquer tensões percebidas no Oriente Médio.”, acrescentou, referindo-se às recentes trocas de ameaças entre o primeiro ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em relação ao programa nuclear iraniano. Apesar disso, o general israelense comentou que “cada um pode interpretar as ações da sua maneira, o fato de trabalharmos e treinarmos juntos é uma mensagem forte por si só”.
As declarações de Nuriel deixam clara a posição israelense de alerta em relação ao Irã. Também dão continuidade a uma escalada de medo, que já vinha sendo alimentado desde agosto último. Naquele mês, autoridades de Tel Aviv realizaram testes que consistiam em alertar a população por SMS, sobre possível ataque de mísseis. O medo tem sido manejado constantemente, pelos governos israelenses, para mobilizar a opinião pública de seu país e de outras partes do mundo, em favor de ações militares contra supostos inimigos. No início do mês, em um pronunciamento curto na TV israelense, o premiê Netanyahu anunciou a antecipação das eleições gerais para janeiro do ano que vem, com nove meses de antecedência, alegando uma necessidade urgente de união de Israel contra o programa nuclear do Irã. Um fortalecimento em novo mandato seria importante para suas estratégias intervencionistas.
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