A política externa do Vaticano como polo de poder
A Igreja de Roma é a única instituição confessional do mundo a ter acesso às relações diplomáticas. Segundo o Vaticano, isso se deve, em primeiro lugar, à sua história, à sua organização universal e transnacional e, também, ao seu chefe, o papa. Mas essa hegemonia é contestada por vários movimentos e grupos religiosos tanto católicos quanto evangélicos.
Dermi Azevedo
Uma das grandes expectativas da opinião pública, das organizações internacionais e dos governos de todo o mundo refere-se à política externa a ser adotada pelo Papa Francisco. Essa política é essencialmente pragmática e possui uma longa história sempre voltada para a preservação e para a conquista de mais espaço de poder em todos os âmbitos das relações exteriores. É de se esperar que o Papa argentino siga essa mesma linha, adotada por seus antecessores, acrescida de abordagens e de temas próprios.
Características
Quais são as características tradicionais da política externa vaticana? O modelo próprio de diplomacia do Vaticano tem as seguintes características: busca, entre outras metas, sempre favorecer a estabilidade nas relações bilaterais e multilaterais; é silenciosa e se baseia na politica dos “pequenos e gradativos passos”, com o menor custo possível para a imagem da instituição; procura reforçar a imagem da Igreja Romana como uma instituição unificadora; busca consolidar espaço para a abertura ou para a consolidação de espaços políticos; não pretende a conquista de poder politico direto, mas busca garantir no espaço interno dos Estados e no plano mundial, o maior grau possível de influência e de aceitação das propostas da Igreja. Uma das tradições dessa politica é a de nunca tomar a iniciativa, nem de iniciar, nem de romper, as relações diplomáticas com qualquer país.
Privilégio
A Igreja é a única instituição confessional do mundo a ter acesso às relações diplomáticas. De acordo com a Secretaria de Estado do Vaticano, isso se deve, em primeiro lugar, à sua história, à sua organização universal e transnacional e, também, ao seu chefe, o papa. Mas essa hegemonia exclusiva da Igreja Romana é contestada por vários movimentos e grupos religiosos tanto católicos quanto evangélicos.
O poder do Vaticano na ONU é criticado, por exemplo, pela Associação Católicas pelo Direito de Decidir. Essa ONG feminista questiona o status da Igreja argumentando que ela usa o seu poder para vetar as políticas de interesse das mulheres de todo o mundo, particularmente no que se refere à moral sexual.
A Associação quer revogar a posição da Santa Sé como membro privilegiado da ONU, na condição de observador permanente, tendo como arma ideológica a ruptura do consenso em torno de documentos considerados fundamentais para o mundo. Com base nas estatísticas que registram ter o Catolicismo cerca de um bilhão e cem milhões de adeptos, o Vaticano conseguiu interferir, por exemplo, nos documentos básicos das Conferências no Cairo, em 1994 sobre população e de Pequim, em 1995 sobre a mulher.
Direitos humanos
A posição do Vaticano em relação aos direitos humanos é também ambígua: de um lado, em nível externo, assume a defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana. De útil, mantém uma oposição permanente de censura, por meio da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre as obras de teólogos que considera “desviados” dos cânones oficiais do Catolicismo Romano.
Interação
A interação da Igreja Católica com os demais atores internacionais não se dá, propriamente, por meio da Cúria Romana, nem do Estado do Vaticano, mas por meio da Santa Sé (formada pelo Papa e pela Cúria Romana). Sua independência e soberania foram confirmadas, pelo Tratado de Latrão, em 11 de fevereiro de 1929.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas formais com 174 países, 68 dos quais possuem missões acreditadas junto ao Vaticano. Tem também 106 representantes (núncios) juntos aos outros Estados, além de missões especiais junto à União Europeia e à Federação Russa. As negociações com a República Popular da China e com o Vietnã continuam: a China tem sua própria igreja católica e o Vietnã ainda conserva lembranças amargas dos anos 50 em que os missionários franceses na Indochina legitimavam o colonialismo de Paris.
Histórico
A diplomacia Vaticana remonta o IV século DC. A partir do século XIII até o século XIX, os Papas dirigiram os Estados Pontifícios que abrangiam vários territórios da Itália central. O exército de Victor Emmanuel dominou esses Estados em 1860 e, dez anos depois, conquistou Roma, reduzindo assim o poder temporal do Papa.
Finalmente em 1929, o governo Italiano e o Vaticano assinaram três acordos que resolveram a disputa entre ambos: o primeiro, reconhecendo a independência e a soberania da Santa Sé e criando o Estado da Cidade do Vaticano; o segundo, uma concordata definindo as relações entre o governo e a Igreja e o terceiro um acordo financeiro assegurando uma indenização à Santa Sé por suas perdas, em 1870. Uma revisão dessa concordata foi assinada em 1984.
Núncios
A figura do Núncio Apostólico (embaixador do Papa) já existia no ano de 453, no final do Concílio de Calcedônia. No século XIV, a realidade internacional foi impactada pelo surgimento do Estado-Nação. A diplomacia vaticana adaptou-se à nova situação. Em 1701, o Papa Clemente XI instituiu a Academia dos Nobres Eclesiásticos para formar os representantes pontifícios junto a outros governos.
O Congresso de Viena (1814/1815), responsável pela reorganização geopolítica da Europa após a derrota de Napoleão Bonaparte, deu precedência nos debates ao representante do Papa Leão XIII. A legitimidade internacional da Santa Sé é majoritariamente reconhecida. Ela possui personalidade jurídica.
Características
Quais são as características tradicionais da política externa vaticana? O modelo próprio de diplomacia do Vaticano tem as seguintes características: busca, entre outras metas, sempre favorecer a estabilidade nas relações bilaterais e multilaterais; é silenciosa e se baseia na politica dos “pequenos e gradativos passos”, com o menor custo possível para a imagem da instituição; procura reforçar a imagem da Igreja Romana como uma instituição unificadora; busca consolidar espaço para a abertura ou para a consolidação de espaços políticos; não pretende a conquista de poder politico direto, mas busca garantir no espaço interno dos Estados e no plano mundial, o maior grau possível de influência e de aceitação das propostas da Igreja. Uma das tradições dessa politica é a de nunca tomar a iniciativa, nem de iniciar, nem de romper, as relações diplomáticas com qualquer país.
Privilégio
A Igreja é a única instituição confessional do mundo a ter acesso às relações diplomáticas. De acordo com a Secretaria de Estado do Vaticano, isso se deve, em primeiro lugar, à sua história, à sua organização universal e transnacional e, também, ao seu chefe, o papa. Mas essa hegemonia exclusiva da Igreja Romana é contestada por vários movimentos e grupos religiosos tanto católicos quanto evangélicos.
O poder do Vaticano na ONU é criticado, por exemplo, pela Associação Católicas pelo Direito de Decidir. Essa ONG feminista questiona o status da Igreja argumentando que ela usa o seu poder para vetar as políticas de interesse das mulheres de todo o mundo, particularmente no que se refere à moral sexual.
A Associação quer revogar a posição da Santa Sé como membro privilegiado da ONU, na condição de observador permanente, tendo como arma ideológica a ruptura do consenso em torno de documentos considerados fundamentais para o mundo. Com base nas estatísticas que registram ter o Catolicismo cerca de um bilhão e cem milhões de adeptos, o Vaticano conseguiu interferir, por exemplo, nos documentos básicos das Conferências no Cairo, em 1994 sobre população e de Pequim, em 1995 sobre a mulher.
Direitos humanos
A posição do Vaticano em relação aos direitos humanos é também ambígua: de um lado, em nível externo, assume a defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana. De útil, mantém uma oposição permanente de censura, por meio da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre as obras de teólogos que considera “desviados” dos cânones oficiais do Catolicismo Romano.
Interação
A interação da Igreja Católica com os demais atores internacionais não se dá, propriamente, por meio da Cúria Romana, nem do Estado do Vaticano, mas por meio da Santa Sé (formada pelo Papa e pela Cúria Romana). Sua independência e soberania foram confirmadas, pelo Tratado de Latrão, em 11 de fevereiro de 1929.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas formais com 174 países, 68 dos quais possuem missões acreditadas junto ao Vaticano. Tem também 106 representantes (núncios) juntos aos outros Estados, além de missões especiais junto à União Europeia e à Federação Russa. As negociações com a República Popular da China e com o Vietnã continuam: a China tem sua própria igreja católica e o Vietnã ainda conserva lembranças amargas dos anos 50 em que os missionários franceses na Indochina legitimavam o colonialismo de Paris.
Histórico
A diplomacia Vaticana remonta o IV século DC. A partir do século XIII até o século XIX, os Papas dirigiram os Estados Pontifícios que abrangiam vários territórios da Itália central. O exército de Victor Emmanuel dominou esses Estados em 1860 e, dez anos depois, conquistou Roma, reduzindo assim o poder temporal do Papa.
Finalmente em 1929, o governo Italiano e o Vaticano assinaram três acordos que resolveram a disputa entre ambos: o primeiro, reconhecendo a independência e a soberania da Santa Sé e criando o Estado da Cidade do Vaticano; o segundo, uma concordata definindo as relações entre o governo e a Igreja e o terceiro um acordo financeiro assegurando uma indenização à Santa Sé por suas perdas, em 1870. Uma revisão dessa concordata foi assinada em 1984.
Núncios
A figura do Núncio Apostólico (embaixador do Papa) já existia no ano de 453, no final do Concílio de Calcedônia. No século XIV, a realidade internacional foi impactada pelo surgimento do Estado-Nação. A diplomacia vaticana adaptou-se à nova situação. Em 1701, o Papa Clemente XI instituiu a Academia dos Nobres Eclesiásticos para formar os representantes pontifícios junto a outros governos.
O Congresso de Viena (1814/1815), responsável pela reorganização geopolítica da Europa após a derrota de Napoleão Bonaparte, deu precedência nos debates ao representante do Papa Leão XIII. A legitimidade internacional da Santa Sé é majoritariamente reconhecida. Ela possui personalidade jurídica.
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