22/07/2014 02h00
Na guerra de Gaza, estão morrendo bem mais palestinos que israelenses, mas, não obstante, Israel parece estar perdendo o combate paralelo, que é pela opinião pública global.
As reações nos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, são eloquentes a esse respeito. Primeiro, foi o secretário de Estado, John Kerry, pilhado por um microfone inadvertidamente aberto ao contestar a afirmação do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de que a operação em Gaza seria de precisão ("pinpointed").
"Que diabo de pinpoint", comentou Kerry a um assessor, pouco antes de iniciar uma entrevista.
Kerry estava certamente se referindo ao que seu chefe, Barack Obama, diria nesta segunda-feira (21) ao mostrar-se "seriamente preocupado com o crescente número de mortes de civis palestinos e a perda de vidas de israelenses".
Some-se a eles a manifestação de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, que condenou a "atroz ação" no bairro de Shejaiya, que Israel diz ser um bastião do Hamas e no qual o número de mortos no domingo foi o mais elevado nos 14 dias da guerra de Gaza.
Se aliados e uma autoridade neutra, como Ban Ki-moon, têm essa opinião, é natural que, no mundo árabe, o tom de voz seja muito mais forte.
"Crime de guerra" foi, por exemplo, a avaliação do secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi.
Nesse cenário, é razoável supor que a pressão por um cessar-fogo aumente consideravelmente. Se ele ocorrer agora, Israel perderá também no campo de batalha porque não terá alcançado suas metas (eliminar a capacidade do Hamas de atacar território israelense com os seus foguetes e destruir os túneis que militantes do Hamas construíram para entrar em Israel e praticar atentados).
Israel contabiliza mais de 3.000 alvos terroristas atingidos em Gaza, pelo ar e na operação terrestre. Não obstante, 1.930 foguetes foram disparados contra Israel, 131 deles só nesta segunda.
Tudo somado, parece bastante razoável a análise de Hussein Ibish, colunista de "The National" (Emirados Árabes Unidos): "As metas declaradas de Israel de degradar –se não eliminar– a capacidade do Hamas de disparar foguetes são diretas, mas inalcançáveis, a menos que o país parta para reocupar plenamente Gaza e reverter o 'desengajamento unilateral' efetuado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon em 2005".
Colabora para a percepção de que as metas israelenses estão fora de alcance uma informação de Ali Hashem (do site "Al Monitor") sobre a ajuda que o Irã dá ao Hamas para fabricar foguetes localmente.
Diz Hashem que "os iranianos essencialmente contrabandeiam foguetes via os cérebros dos palestinos, mantendo intacto o know-how, apesar de guerras e ataques". Parte do princípio de que "know-how não pode ser bombardeado".
Se é assim, mesmo que Israel resolva correr o risco implícito na plena reocupação de Gaza, nada garante que, quando tiver que sair de novo, os foguetes não estarão prontos para serem disparados outra vez.
As reações nos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, são eloquentes a esse respeito. Primeiro, foi o secretário de Estado, John Kerry, pilhado por um microfone inadvertidamente aberto ao contestar a afirmação do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de que a operação em Gaza seria de precisão ("pinpointed").
"Que diabo de pinpoint", comentou Kerry a um assessor, pouco antes de iniciar uma entrevista.
Kerry estava certamente se referindo ao que seu chefe, Barack Obama, diria nesta segunda-feira (21) ao mostrar-se "seriamente preocupado com o crescente número de mortes de civis palestinos e a perda de vidas de israelenses".
Some-se a eles a manifestação de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, que condenou a "atroz ação" no bairro de Shejaiya, que Israel diz ser um bastião do Hamas e no qual o número de mortos no domingo foi o mais elevado nos 14 dias da guerra de Gaza.
Se aliados e uma autoridade neutra, como Ban Ki-moon, têm essa opinião, é natural que, no mundo árabe, o tom de voz seja muito mais forte.
"Crime de guerra" foi, por exemplo, a avaliação do secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi.
Nesse cenário, é razoável supor que a pressão por um cessar-fogo aumente consideravelmente. Se ele ocorrer agora, Israel perderá também no campo de batalha porque não terá alcançado suas metas (eliminar a capacidade do Hamas de atacar território israelense com os seus foguetes e destruir os túneis que militantes do Hamas construíram para entrar em Israel e praticar atentados).
Israel contabiliza mais de 3.000 alvos terroristas atingidos em Gaza, pelo ar e na operação terrestre. Não obstante, 1.930 foguetes foram disparados contra Israel, 131 deles só nesta segunda.
Tudo somado, parece bastante razoável a análise de Hussein Ibish, colunista de "The National" (Emirados Árabes Unidos): "As metas declaradas de Israel de degradar –se não eliminar– a capacidade do Hamas de disparar foguetes são diretas, mas inalcançáveis, a menos que o país parta para reocupar plenamente Gaza e reverter o 'desengajamento unilateral' efetuado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon em 2005".
Colabora para a percepção de que as metas israelenses estão fora de alcance uma informação de Ali Hashem (do site "Al Monitor") sobre a ajuda que o Irã dá ao Hamas para fabricar foguetes localmente.
Diz Hashem que "os iranianos essencialmente contrabandeiam foguetes via os cérebros dos palestinos, mantendo intacto o know-how, apesar de guerras e ataques". Parte do princípio de que "know-how não pode ser bombardeado".
Se é assim, mesmo que Israel resolva correr o risco implícito na plena reocupação de Gaza, nada garante que, quando tiver que sair de novo, os foguetes não estarão prontos para serem disparados outra vez.
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