O Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico divulgou nota, hoje, depois de sua reunião em Brasilia, dizendo que é “zero” a possibilidade de falta de energia elétrica no Brasil em 2016.
Talvez, por isso, o acompanhamento dos problemas hídricos brasileiros pela imprensa – que só ocorre, normalmente, quando há situações caóticas de seca ou enchentes – tenha voltado ao silêncio absoluto.
Apesar de ser, hoje, do ponto de vista da economia, um dos fatores mais sensíveis para avaliar see se haverá alívio ou manutenção do quadro de inflação, pelo peso estúpido que nele teve a tarifa de energia – tanto antes, por sua contenção, quanto depois, pela sua liberação selvagem introduzida pelos jihadistas do “realismo tarifário”.
Depois de quase três anos acompanhando o problema, este blog vai tentar dar algumas informações, num tema em que costumam se misturar o imediatismo de olhar para cima e ver se está chovendo quanto o terrorismo do “apagão”, com sua vontade de aponta o caos do “lulopetismo” no setor de energia.
E a situação ainda é delicada, embora haja sinais de melhora, tanto a do abastecimento de água para São Paulo quanto para a geração de energia elétrica.
Os números do Cantareira, ano a ano, desde o início da crise, em 2014, para o dia 13 de janeiro: 2014 – 25,2%; 2015 – menos 22% e 2016 – 4%, todos as percentagens sobre o volume normal das represas, sem o bombeamento do volume morto.
O quadro, portanto, está evidentemente longe de ser tranquilo, embora as chuvas, neste início de ano, estejam dentro da normalidade histórica e, possivelmente, a média do mês venha a ser superada.
No setor de energia, também há evolução da reserva de água acumulada na Região Sudeste, que responde por dois terços da produção hidrelétrica do país. Os números do nível dos reservatórios, no mesmo período, para o dia 12 de janeiro: 2014 – 42%; 2015 – 19,3% e 2016 – 32,3%.
Bom? Sim, considerando o desastre hidrológico dos últimos dois anos. Mas este número, que deve, felizmente, ter uma melhora importante até o final do mês, para o qual há boa projeção de chuva, não conta tudo.
É que este crescimento do volume de água se dá, principalmente, na parte sul da região, a bacia do Rio Tietê, que está com 81%¨de acúmulo. Nas bacias do rios Grande (41%) e Paranaíba (22,6%), importantíssimas,a situação é bem pior. Para você avaliar melhor, a Bacia do Tietê contribui com 9,2% da geração total do Sudeste, enquanto Grande e Paranaíba respondem a 65% da capacidade de geração da região.
Deve melhorar muito, nos próximos dias, pois as chuvas finalmente parecem estar chegando àquelas bacias. Mas a previsão dos meteorologistas não indica uma tendência clara para todo o período chuvoso no Sudeste.
A situação no Nordeste, porém, segue dramática. A represa de Três Marias, a primeira do Rio São Francisco, opera com menos de 7% de sua capacidade de reservação e só há dois dias começou a receber um pouco mais de água. Sobradinho, rio abaixo, está em deploráveis 3% de sua capacidade. Tudo vai melhorar um pouco nos próximos dias, também, mas melhorar, a esta altura, é só ficar “menos ruim”.
O Nordeste – onde o São Francisco é quase o grande produtor de energia hidráulica – responde por 18% da capacidade de geração nacional e não fosse a sua situação difícil é quase certo que a “bandeira vermelha” tarifária na eletricidade já teria sido levantada.
Também há uma inexplicável mesquinhez quando se trata de notícias boas, como a imensa ampliação do nosso parque eólico, como dificilmente outro tenha, proporcionalmente, se expandido. Não li em nenhum portal, entre os grandes, a informação de que, por exemplo, a capacidade instalada de geração de energia pelo vento tenha crescido nada menos que 57% no ano passado, de novembro de 2014 a novembro de 2015.
As eólicas já respondem por 5% da capacidade instalada do país, devem chegar a 7% em 2016 e a 9% em 2017. Só perdem para o crescimento da geração hidráulica, em termos de acréscimo de capacidade – lembre que capacidade, no caso das eólicas, não é garantia de produção, por conta do vento – porque Belo Monte entrará em operação.
Ninguém está sugerindo que se dê cursos de meteorologia ou de geração de energia na mídia, mas é incompreensível que não haja nem cobertura nem análise de um fator econômico e humano desta importância.
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