terça-feira, 13 de março de 2012

MUNIZ FREIRE, EXEMPLO NA CAFEICULTURA



Em 2002 oito cafeicultores de Muniz Freire resolveram mudar a maneira e a forma de trabalhar. A ação individual foi substituída pela ação coletiva ao financiarem e montarem um despolpador com a capacidade de processar 30 balaios de café por hora. De uma produção de 400 sacas de café pilado, eles chegaram nesta safra a 1.200 sacas.
O centro da mudança foi a necessidade de evitar a saída deles do meio rural rumo a cidade, caminho já trilhado por milhares de produtores. A baixa produtividade e o trabalho individual foram os pontos atacados inicialmente. Hoje a colheita é em mutirão, sendo realizada em rodízio: a cada dia numa propriedade. Eles trocam serviços. No início a colheita era feita apenas pelo grupo, mas o aumento da produção, hoje é reforçada com mão de obra extra na colheita. Apenas um associado não participa do grupo da colheita, por ter grande numero de braços na sua família.
O café colhido hoje estará seco quando o rodízio da colheita voltar. O esquema possibilita ao produtor ter uma área de estufa de secagem menor do que teria se fizesse a colheita de uma só vez. Como o objetivo é ter café de qualidade, normalmente eles fazem a colheita seletiva, pegando o máximo possível de café cereja. Neste ano a lavoura sofreu com a seca de janeiro e fevereiro, o que mudou a colheita. Ela está sendo feita numa única apanha, mas a cada dia numa propriedade.
Com o tempo outras mudanças foram acontecendo, melhor trato com a lavoura, novos plantios com variedades que dão resposta em produtividade e uma maior integração dos associados. Com o aumento da produção, o descascador de 2002 foi trocado por um maior, 100 balaios por hora, em 2009. A mudança diminuiu o tempo de trabalho, era normal eles irem até 23 horas, hoje ficam até às 21. Tempo precioso e reparador para o descanso para quem dia seguinte vai acordar às 5 horas fazer de novo o ciclo da colheita.  
No ano de 2005 surgiu a Munizcafé, uma associação que hoje tem 140 sócios e uma capacidade de produção na faixa de 40 mil sacas piladas. O pessoal da associação do Ipe bateu ponto na formação e no crescimento da Munizcafé. Está associação faz compras em conjunto dos insumos usados na lavoura. Numa pequena compra individual a saca de adubo tem um valor determinado, mas quando ela se avoluma, ele cai.
O grupo do Ipe foi o embrião da Munizcafé, segundo o produtor Roberto Paulucio, que registra o apoio da Prefeitura, que montou uma sala de classificação e prova de café, “o degustador Rogerio Oliveira muito nos ajudou. Agora sabemos o que produzimos. O técnico do Incaper, Paulo Lugon, foi outra peça importante. O Poder Público cumpre o seu papel, de estar ao lado de quem produz, gera renda, trabalho e faz crescer a todos.
Ao comentar com um amigo o que relatei neste texto, dele tive um questionamento, “este Espirito Santo real que você me falou, sai pouco na imprensa capixaba.” Concordei. Sabendo que me faria um desafio, antecipei: cumpro o dever ético e profissional, registrar o trabalho da comunidade do Ipe, nas pessoas de João e José Pin, Sebastião, Roberto, Helio, Edson, Edvaldo e Eduardo, que são da família Paulucio. Todos mostram que sabem o que querem e trabalham para isto, com alegria e competencia. Este Espírito Santo real existe: deve ser divulgado e conhecido. Vale a pena aplaudir e homenagear o que o povo da comunidade do Ipê, Muniz Freire,vem fazendo. Faço a minha obrigação.
ronaldmansur@gmail.com           

Um comentário:

  1. Parabéns Mansur por cumprir essa sua missão de trazer para o público fatos que a mídia não mostra. Temos uma área rural dinâmica, produtiva e exemplar, mas a imprensa só vê e dá ênfase aos gabinetes.

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