Prosseguem com regularidade os serviços deste
departamento, por certo, um dos mais amplos da administração.
Num período de trabalho tão intenso, como o que se passa
entre nós, é sobre o departamento de Agricultura, Terras e Obras, que recai e
deve forçosamente recair o maior números de obrigações, reclamando atividade
constante e diligências prontas e imediatas. A prática vai demonstrando que se
torna preciso dar ao respectivo diretor, auxiliares que possam cuidar
especialmente de cada uma das seções dos serviços que lhe estão afetos. Deste
modo, poder-se-á conseguir facilmente metodizar mais os trabalhos e aperfeiçoar
o pessoal pela especialização das funções.
Esta medida pode ser executada sem aumento da despesa,
se para a nova organização forem aproveitadas as diversas cotas de fiscalização
consignadas nos diferentes contratos firmados pelo Estado.
Trazendo aos srs. Deputados essa lembrança, só tenho
em vista favorecer a boa marcha dos negócios públicos.
Procuro manter a mesma orientação traçada de
princípio, sobre o serviço de agricultura. Na fazenda modelo Sapucaia, depois
de várias experiências sobre a cultura do trigo, aveias, centeio, batatas,
cereais em geral, e alfafa, colhendo em todas os melhores resultados, apesar de
serem feitas em terras cansadas e muito baixas- a menor de dois metros acima do
nível do mar – pudemos, este ano, iniciar com excelente e admirável sucesso a
cultura do arroz em área de terreno, convenientemente preparado e com os
precisos diques, canalizando para ele a água suficiente, com o fim de proceder
a irrigação por inundação.
Os resultados obtidos não poderiam ser melhores, quem
em qualidade, quer em quantidade. Mais do que qualquer informações poderão
atestar o bom êxito desses trabalhos os quadros que consigno a seguir:
ESPECIFICAÇÃO
Área cultivada – 4,84 hectares. Quantidade de
sementes- 222 litros. Levantamento de diques e nivelamento do terreno - 2:253$244.
Plantio, cuidados durante a vegetação, colheita, ensacamento e despesas de
embarque - 730$671. Produção total - 336 sacas. Renda bruta do produto -
3:363$000. Nota – o arroz foi vendido em casca a 10$000 por saco.
Não tem sido indiferentes a esses trabalhosos nosso
lavradores que visitam frequentemente a fazenda Sapucaia, utilizando-se para
este fim, dos passes que lhe fornece o governo nas estradas de ferro.
Nessas visitas ordinariamente os lavradores verificam
a simplicidade dos aparelhos agrários, a facilidade e grandes vantagens do seu
uso e os adquirem para aplicá-los nas suas lavouras.
Essa aquisição é feita em condições especiais. São
vendidos os instrumentos pelo custo, e, aos lavradores, que não querem ou não
podem paga-los no momento da compra, é concedido um prazo para esse efeito.
Até o presente, tem visitado a fazenda Sapucaia 313
pessoas, sendo destas 209 lavradores. O Governo tem fornecido já 44
instrumentos agrários até o momento.
Sempre que há solicitação da presença do mestre de
cultura em alguma propriedade particular para dar instrução sobre agricultura,
tem sido com solicitude atendida, e assim já foram satisfeitos diversos
lavradores.
A pedido do Sr. Dr. Inspetor agrícola, neste Estado,
fiz seguir para Cachoeiro de Itapemirim, em dias do mês de agosto último, um
dos mestre da cultura da fazenda Sapucaia, afim de, em um dos bairros daquela
cidade, fundar um campo de experiência, onde os lavradores do sul do Estado,
possam mais facilmente obterem conhecimentos práticos de lavrar a terra, pelo
sistema moderno e econômico.
Ainda no intuito de servir aos lavradores, mantenho no
jornal oficial a seção especial destinada à publicação de assuntos agrícolas e
de informações e dados, que possam ser úteis.
Excuto com pontualidade as disposições da lei 580, de
7 de dezembro de 1908 e até está data tem sido conferidos e distribuídos 23
prêmios, sendo 16 em dinheiro, no valor de 14:800$000, e 7 em animais
reprodutores. Devo acrescentar que tenha grande facilidade em conceder prêmios,
por motivos de trabalhos agrícolas. Desde que o pretendente, de boa fé,
satisfazendo os requisitos substanciais da lei, dá prova do seu esforço, da sua
dedicação ao trabalho; dá mostras de sua iniciativa e de que procura introduzir
os modernos de produzir o máximo com o mínimo de dispêndio, confiro-lhe o
premio, ainda que não tenha atingido precisamente ao limite determinado pela
lei para a produção e exportação. Assim procedo, porque estou convencido de que
o espírito do legislador, instituindo prêmio em benefício dos lavradores, foi
exatamente acoroçoar, estimular, animar a iniciativa particular e despertar,
nessa grande classe, o interesse pelo uso de processos fáceis, cômodos e
rendosos, de arar e cultivar a terra.
Para atender aos pedidos de prêmios de animais e para iniciar a industria pecuária,
mandei vir para a fazenda modelo Sapucaia 23 animais de raça, dos já
aclimatados em nosso país. Destes, ali ainda existem 16, que destino a
indústria da pecuária. Acredito que na mesma fazenda Sapucaia poderemos manter
aliados os dois serviços, da agricultura e da pecuária, sem as despesas
extraordinárias de instalações e custeio especiais.
Para esse fim já estão construídos os estábulos e
preparados os pastos, e, dentro em breve, estará também levantado o silo para a
conservação das forragens.
A introdução de reprodutores no Estado, tenho
insistentemente preferido animais já aclimatados no País, para evitar os
prejuízos enormes que resultam da importação de animais acostumados a climas
muito diferentes e a tratamento que nossos criadores ainda não poder dar.
Devemos, em todas as fases do nosso desenvolvimento, procurar acompanhar a
ordem natural das coisas, pois que a experiência bem nos ensina que a
investigação dessa é sempre de conseqüência fatal.
Depois que os nossos criadores se tiverem aparelhado para
receber os reprodutores de climas diferentes e dar-lhes tratamento e clima
igual ou aproximado ao que tinham, sem risco de perdê-los, deve o governo
promover a importação destes e distribuir pelos que solicitarem.
O aprendizado agrícola a ser fundado na fazenda
Sapucaia não está ainda definitivamente instalado, apesar de já construída a
casa para esse fim e nela se acharem dez aprendizes. Espero que os srs.
Deputados consignem para o mesmo a necessária verba, e autorizem o executivo a
fundar o instituto.
As despesas feitas com a fazenda modelo Sapucaia desde
sua fundação até o presente não excedem de 134:721$233.
Continua sob a administração direta do governo a
fazenda Santo Antonio, cuja administração dificulta qualquer trabalho que se
pretenda ali desenvolver. Com mais demora, depois facilitados os meios de
comunicação, poderá ter ela aplicação para culturas diversas e para criação.
A venda e a legitimação das terras continuam a ser
feitas com regularidade.
Devido a antigas invasões a terras particulares do Sr.
José Beiriz, foi o governo do meu venerando antecessor obrigado a adquirir
grande área, no município de Piuma.
O mesmo fato se verificou com o governo atual, que se
viu forçado a adquirir do Sr. Coronel Francisco Pinheiro da Silva17 1-2 alqueires
e do Sr. Conselheiro Coelho Rodrigues duas sesmarias de terras invadidas por
particulares. As simples invasões não forçariam a aquisição, se os engenheiros,
chefes dos respectivos distritos, recusassem processar todos os papeis que
tivessem referencia a terras dos particulares. Entretanto, verifica-se
exatamente o contrário. Os requerimentos dos invasores são processados, vem com
pareceres favoráveis dos engenheiros dos distritos e o governo, baseando-se
nesses documentos fornecidos por seus delegados, nos quais confia, faz expedir
os títulos definitivos de terras que lhes não pertencem.
Em tais circunstancias, parece que não cabe ao governo
outro procedimento senão sustentar o seu ato, fazendo válido o título expedido,
o que só é possível pela compra das terras. Estes fatos vêm se reproduzindo
desde longa data. Entre as concessões de terras particulares há muitas feitas
em 1892, 1893 e 1896.
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