quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aspa terá 12 líderes de países


Cúpula América do Sul-Países Árabes receberá oito chefes de estado e de governo sul-americanos e quatro árabes. Documento final está 99% pronto e pedirá respeito ao território e cessar fogo na Síria.

Isaura Daniel, enviada especialisaura.daniel@anba.com.br
Lima - A 3ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), que ocorre nesta segunda-feira (01) e terça-feira (02) em Lima, no Peru, terá a presença de 12 chefes de estado e de governo, segundo informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores do Peru neste domingo (30). Serão oito líderes da América do Sul e quatro árabes. O documento que eles vão assinar, na terça, está praticamente pronto e trará uma referência à situação da Síria, país árabe que passa por conflitos sociais e políticos.

Do mundo árabe participam o presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, o emir do Catar, Hamad Bin Khalifa Al Thani, o presidente do Líbano, Michel Sleiman, e o rei da Jordânia, Abdullah Bin Al-Hussein. Os demais terão como representantes ministros, diplomatas ou vice-presidentes. Entre os países sul-americanos, apenas Venezuela e Suriname não terão seus principais líderes presentes.

Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Uruguai enviarão presidentes. O Paraguai não participa em função da sua condição política. O país foi suspenso do Mercosul e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) após o impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo.

De acordo com a subsecretária-geral Política II para Aspa do Itamaraty, Maria Edileuza Fontenele Reis, é normal que venham mais líderes da região que hospeda o encontro. Ela participou do encontro de altos funcionários dos Ministérios de Relações Exteriores dos países da Aspa, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, na última semana, em Nova York. A declaração da Aspa foi discutida como agenda paralela e, segundo a subsecretária, está 99% pronta. Nesta segunda-feira, os ministros das duas regiões se encontram para endossá-lo. Na terça, líderes a assinam.

De acordo com Reis, o documento contém as expressões dos países participantes sobre os principais temas políticos do mundo árabe e da América do Sul. “Sobre a Síria, todos nós favorecemos um encaminhamento que respeite a integridade territorial síria, mas ao mesmo tempo pedimos um cessar fogo imediato, um cessar de toda a violência, especialmente contra civis desarmados”, conta a embaixadora. O documento está dividido em Política, Economia e Agenda de Cooperação, que inclui várias áreas, como educação, cultura e meio ambiente.

A diplomata lembra que esta é a apenas a terceira cúpula e que houve um novo ímpeto na relação entre as duas regiões desde que ela (a Aspa) foi lançada em 2005, por iniciativa do então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. "É um mecanismo de grande importância para estreitar a cooperação entre as duas regiões. As duas regiões compartilham laços históricos, culturais, que trouxemos como patrimônio ainda da Península Ibérica, e estes laços foram reavivados pela imigração árabe para o Brasil e [para] todos os países da nossa região", disse.

Ela lembra, no entanto, que apesar destes laços humanos, não havia uma reunião entre as duas regiões. “Desde que a cúpula [Aspa] foi lançada, o comércio aumentou mais de 100%. A conectividade também se ampliou muito com abertura de voos da Emirates [Airline], da Qatar Airways”, afirma, sobre a criação de voos diretos do Oriente Médio para a América do Sul.

Ela cita ainda outras áreas onde as relações cresceram, como a cooperação sobre desertificação e a criação da Bibliaspa (Biblioteca América do Sul-Países Árabes), braço de intercâmbio cultural da cúpula.

E sobre o momento atual, Reis lembra de uma nova oportunidade econômica se abrindo. "Muitos países árabes têm excesso de liquidez em função do petróleo, e eles são tradicionais investidores na Europa, nos Estados Unidos. Com a crise nestas duas regiões, os árabes estão em busca de novos locais para investimentos e a América do Sul desponta como um ambiente extremamente saudável e como polo de grande atração para estes investimentos", afirma.

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