segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Feiras livres potencializam comercialização de produtos da agricultura familiar





Assessoria de Comunicação Incaper
Feira livre: garantia de renda ao agricultor e qualidade de vida ao consumidor 
Canal de comercialização direta entre agricultores e consumidores, a feira é uma das formas mais antigas de mercado livre de produtos agrícolas. Além de garantir um retorno econômico às famílias que vivem no campo, as feiras proporcionam um espaço agradável para os consumidores dos centros urbanos, que buscam cada vez mais qualidade de vida por meio de uma alimentação saudável. No Espírito Santo, praticamente todos os municípios possuem essa forma de comércio livre. São contabilizadas 91 feiras nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, sendo 6 orgânicas. Semanalmente, aproximadamente 3.000 feirantes cadastrados comercializam seus produtos nesses espaços.

“A feira livre é um dos melhores canais de comercialização da agricultura familiar, pois funciona como termômetro de qualidade dos produtos. O consumidor pode se comunicar diretamente com o produtor e dar um retorno sobre como estão os alimentos à venda”, afirma a coordenadora de comercialização da agricultura familiar, Pierângeli Aoki.

O aspecto da diversificação das culturas e da segurança alimentar e nutricional também é lembrado por Pierângeli quando se trata dos benefícios da feira livre. “A feira incentiva que os agricultores diversifiquem as culturas em suas propriedades e produzam alimentos saudáveis. Também garante a segurança alimentar e nutricional tanto de quem consome quanto de quem produz”.

Retorno econômico é garantido a agricultores

A opção por comercializar seus produtos em feiras livres garante ao agricultor rentabilidade e movimenta a economia de muitas famílias que vivem no campo. O fato de lidar diretamente com o consumidor, sem o atravessador, melhora o valor recebido pelos produtos. Esse canal de comercialização ainda proporciona a inserção de pequenos produtores no mercado, pois não são necessárias grandes quantidades de produtos agrícolas para um dia de feira.

O agricultor familiar do município de Iconha, Natanael Adami Justi, leva semanalmente seus produtos para as Feiras de Produtos Orgânicos da Praça do Papa e de Barro Vermelho, em Vitória. Ele consegue uma rentabilidade significativa ao final do mês. Em sua barraca, são encontradas frutas, sobretudo a banana, cultura forte em seu município, e produtos da agroindústria da Associação de Agricultores Familiares Tapuio Ecológico.

Em um único dia de feira, Natanael tem o retorno bruto de, aproximadamente, R$ 1.000 com a venda de bananas, frutas cítricas, coco e queijos. Sua renda mensal com as feiras gira em torno de R$ 3.500 a R$ 4.000. “Ser agricultor e trabalhar com feiras é uma atividade que exige muito empenho, mas o retorno financeiro que ela proporciona permite ao produtor levar uma vida confortável, com remuneração melhor do que em outras atividades fora da agricultura”, ressalta Natanael.



“Feira exige empenho, mas tem retorno garantido”, diz Natanael Adami Justi.


A agricultora de Santa Maria de Jetibá, Maria Helena Hamer, é uma feirante que aposta na estratégia da diversificação das culturas para melhorar a rentabilidade na feira. “Quanto maior a variedade de produtos que você tiver na barraca, maiores são as chances de vender”, explica a produtora que comercializa na Feira Orgânica da Praça do Papa. Em sua barraca, o verde das hortaliças e folhagens é predominante, mas também há muitos tipos de verduras e legumes. Ela possui uma propriedade de um hectare e trabalha com feira livre há apenas cinco meses.




Diversidade de produtos na barraca garante maior rentabilidade na feira.


A feira também pode ser uma porta de entrada para outras atividades de rentabilidade econômica para os agricultores, como o agroturismo. A partir dos alimentos expostos, os consumidores ficam curiosos para saber como é a unidade de produção familiar de origem dos produtos. Esse é o caso do senhor Dalvino Braun, que abriu uma pousada no seu Sítio, no distrito de Garrafão, em Santa Maria de Jetibá.

“Fizemos uma pousada pomerana em nossa propriedade, onde podem ser hospedadas 12 pessoas. Também há espaço para camping. Possuímos atrativos como a Pedra do Garrafão e pesque-pague”, contou Dalvino. Ele disse que, a partir da feira, ele pode divulgar a sua pousada. “Muitos consumidores querem conhecer a agricultura orgânica, sobretudo o cultivo de morangos, que trazemos para a feira”, disse Dalvino. Ele também comercializa seus produtos na Feira da Praça do Papa.




Feira abre portas para agroturismo na propriedade de Dalvino Braun.


Produto orgânico é atrativo para consumidores

Além de gerar rentabilidade aos agricultores, a feira livre proporciona o acesso a alimentos frescos para os consumidores e ajuda na reeducação alimentar. É o que relata a administradora Francesca Zardinidi: “Venho toda semana à feira, pois compro os produtos novos e fresquinhos. Passei a frequentar depois que iniciei uma dieta de reeducação alimentar. Eu reduzi as idas aos supermercados e acabo consumindo menos produtos industrializados e calóricos”, disse Francesca.




“Feira estimula reeducação alimentar”, afirma a administradora Francesca Zardinidi.


Mas o acesso a alimentos frescos não é a única motivação para quem costuma frequentar a feira livre. O contato direto com as raízes rurais é bastante mencionado pelos consumidores. “O cheiro dos produtos da feira faz lembrar minha infância na roça, com minha família. É um retorno às origens. Além disso, criamos vínculos com os agricultores, que nos convidam para visitar suas propriedades”, afirmou a bancária Maria Bernadeth Vieira Martins, que frequenta a feira de orgânicos da Praça do Papa, às quartas-feiras, e de Barro Vermelho, aos sábados.




“A feira faz voltar às raízes do campo”, diz a bancária Maria Bernadeth.


A demanda por produtos orgânicos, mais saudáveis e ecologicamente sustentáveis, tem crescido cada vez mais. Há consumidores da Grande Vitória que realizam suas compras apenas nas feiras livres especializadas nesse ramo. Esse é o caso da psicóloga Cristiane Kondo, que faz da ida à feira um verdadeiro programa de família. Acompanhada pela mãe e por seus dois filhos, ela afirma que o ambiente incentiva as crianças a quererem uma alimentação saudável. “Meus filhos são muito alérgicos e, aos poucos, paramos de consumir produtos industrializados no supermercado. Eles me acompanham na feira e até sugerem quais alimentos querem levar pra casa”, contou.




Feira em família incentiva alimentação saudável de crianças.


Cristiane realiza uma verdadeira maratona semanal nas feiras orgânicas: “Sou consumidora assídua das feiras. Na terça-feira, vou à feira orgânica de Valparaíso, na Serra; na quarta pela manhã, em Jardim da Penha, e à noite, na Praça do Papa. No sábado, é dia de ir ao Barro Vermelho”. Ela disse que faz esse circuito nas várias feiras orgânicas porque pode complementar seu cardápio com produtos diferentes. “O que tem em uma feira pode não ter em outra”, explica.

De acordo com o Coordenador de Agroecologia e Agricultura Orgânica do Incaper, Lúcio De Muner, a procura por alimentos orgânicos tem se ampliado cada vez mais pelas características desse tipo de produção. “Além de a agricultura agroecológica não fazer uso de insumos químicos, ela é uma produção sustentável, que não agride o meio ambiente e que possibilita um regime de trabalho que prioriza a qualidade de vida do agricultor e também do consumidor”, afirma Lúcio De Muner.

Nas feiras especializadas de orgânicos, é possível adquirir esses produtos por um preço mais acessível do que em supermercados devido ao contato direto, estabelecido entre os produtores e consumidores.

Programa Vida no Campo distribui kits para feira

Com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar, a Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), por meio do Programa Vida no Campo, distribui os kits feira, que conta com um convênio entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Cada feirante recebe uma barraca, balança digital, caixas plásticas e bancadas para montar sua barraca na feira. Apenas no ano de 2012, foram distribuídos 35 kits, sendo 22 destinados à Associação de Produtores de Santa Maria de Jetibá, que comercializam na feira de produtos orgânicos da Praça do Papa.




Seag entrega kit feira em Santa Maria de Jetibá.


De acordo com o gerente de agricultura orgânica da Seag, Decimar Schultz, os kits feiras são uma forma de apoiar os agricultores no acesso ao mercado. “Estamos incentivando a estruturação de feiras exclusivamente orgânicas. É uma forma de mostrar credibilidade ao consumidor e impulsionar o agricultor a produzir alimentos saudáveis”, afirmou Decimar. Ele também disse que a Seag tem contribuído para a revitalização de feiras livres a partir da demanda dos municípios.

Mercados impulsionam comercialização em municípios do interior

Além das feiras livres, outro canal de comercialização direta existente nos municípios do interior do Estado são os mercados municipais. Essas iniciativas têm proporcionado uma movimentação da economia local, como no caso do Centro de Comercialização do Agricultor Familiar, em Vila Pavão.

Com funcionamento de segunda a sexta-feira, o mercado abre há sete anos e é abastecido diariamente com verduras, frutas e produtos regionais da agroindústria fornecidos por cerca de 140 agricultores locais. A venda dos alimentos é feita por funcionários contratados pela prefeitura municipal. De acordo com o chefe do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper, Wantuil Luiz Cordeiro, após a inauguração do centro de comercialização, a agricultura local foi fortalecida.




Centro de comercialização em Vila Pavão movimento economia do município.


“O Incaper realizou um trabalho de organização de grupos produtivos de agricultores, que receberam capacitação na área de produção de hortas, agroturismo, agroecologia e comercialização de alimentos. A partir dessa iniciativa, houve a diversificação da produção nas propriedades e a necessidade de vender os produtos em um espaço específico. O centro de comercialização foi a concretização desse processo”, relatou Wantuil. Ele disse que essa experiência serviu de modelo para outros municípios da região Norte capixaba.

Para a agricultura Aulira Leke, que reside na comunidade de São Roque do Estevão, em Vila Pavão, a iniciativa do mercado foi importante. “Entregamos nossos produtos toda segunda e quinta-feira. Conseguimos arrecadar R$ 700 por mês”, afirmou. Ela disse que entrega produtos como polpa de fruta, hortaliças, pó de café e temperos. “Deveria haver mais espaços de comercialização no município, como feiras livres”, sugeriu Aulira.




Horta na propriedade de Aulira Leke, em Vila Pavão.


Inspirado nesse modelo de mercado, o município de Alto Rio Novo inaugurou, em 2010, um Centro de comercialização da agricultura familiar, conhecido como ‘lojinha’. Cerca de 150 agricultores vendem, aproximadamente, 52 produtos nesse espaço comercial, que vão desde ovos caipiras, artesanatos e própolis a sabão, rapadura, café e fubá. “A renda gerada ao município gira em torno de R$12 mil mensais e cada agricultor recebe em torno de R$ 1.000 pelos produtos vendidos.

De acordo com o chefe do ELDR de Alto Rio Novo, Thiago dos Santos, a iniciativa dos mercados municipais deve ser incentivada. “É necessário avançar em alternativas de comercialização nos municípios, pois contribuem na diversificação da produção na propriedade, geram renda para o agricultor e proporcionam evolução para a cidade”, afirma Thiago.

De acordo com a coordenadora de comercialização da agricultura familiar, Pierângeli Aoki, para incentivar a comercialização em feiras livres, o Incaper tem realizado diversas ações nos municípios. “O Instituto, por meio da integração de seus programas, tem trabalhado para adequar e uniformizar os produtos da agricultura familiar. Além disso, temos contribuído na organização de grupos produtivos e associações, com tecnologia social, para ofertar produtos de qualidade aos consumidores”, disse Pierângeli. Ela reiterou que esse trabalho é necessário para contribuir com a melhor estruturação e ampliação das feiras nos municípios.


Informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Incaper
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Texto: Luciana Silvestre e Mariana Bergamini
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