segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Transporte paulistano: uma história do caos


Transporte paulistano: uma história do caos

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Adriano Branco conta a trajetória da mobilidade urbana em São Paulo e mostra como o antigo problema não tem apenas uma solução
Por Gabriela Leite
São Paulo é, há tanto tempo, uma cidade bloqueada pelos automóveis que chega-se a ver sua paralisia como algo a-histórico, presente desde sempre e talvez insolúvel. Dois textos recentes (1 e 2), de um grande estudioso dos transportes na cidade, ajudam a desfazer ambos os mitos. Estão publicados no site da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP). Neles, Adriano Branco, ex-secretário paulista dos Transportes expõe as políticas que levaram progressivamente ao caos; e sugere um caminho possível para desfazê-lo.
Ao pesquisar o passado, o primeiro artigo revela fatos que podem parecer surreais. No início do século XX, a cidade tirou proveito de grandes inovações tecnológicas e contou com um sistema moderno de bondes. Mas não cuidou do futuro. À medida que as décadas passavam, ônibus e automóveis foram tomando conta das ruas de forma desordenada, competindo deslealmente com outros meios. As tentativas de ordenação e regulamento do transporte foram ineficazes.
Mas foi a partir de meados dos anos 60, com o desenvolvimento da indústria automobilística, que o transporte individual foi realmente priorizado; e os bondes e tróleibus, praticamente extintos. O resultado, como vemos agora, é um caos generalizado: estima-se que o prejuízo com trânsito para a cidade seja de R$50 bilhões anuais.
À luz desta experiência, como enfrentar o encalacramento atual? No segundo artigo, Branco defende que, ao contrário do que foi feito ao criar a CET, nos anos 80, o planejamento tenha em vista a melhoria dos transportes, e não do trânsito. Para ele, reconhecer o prejuízo (econômico e humano) que o atual sistema nos trás deveria levar a soluções como o investimento no metrô, que na verdade tem o custo baixíssimo, se comparado com o benefício que trás. Além disso, é necessário retomar os antigos planos de “sub-sistema de média capacidade”, trazendo de volta às ruas os tróleibus e bondes, que ajudam a resolver os problemas a curto prazo.
Leia mais:
  1. Mobilidade sustentável contra o caos
  2. Uma história que já vivemos por aí
  3. Transporte sobre trilhos: um leque de opções
  4. Investigando o caos ferroviário paulista
  5. Metrô de São Paulo: as razões do caos

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