segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Como o Ocidente se perdeu.

A ganância tomou conta da cultura ocidental.

Paulo Nogueira

Um grupo de sans-culottes
Uma série interessante está passando na BBC.
Robert Peston, o editor de Economia, foi à China para tentar entender e depois passar ao público os motivos pelos quais, nos últimos 30 anos, a pujança mundial se deslocou do Ocidente para o Oriente.
Todos sabemos  que o ponto de partida para a arrancada chinesa foi a decisão do premiê Deng Xiao Ping de permitir aos cidadãos que montassem seus próprios negócios. Nasceu daí uma mistura vitoriosa de socialismo com capitalismo – primeiro negada no Ocidente, depois desdenhada, a seguir admirada e agora temida.
A China foi no básico: indústria.
Enquanto isso, o Ocidente – a começar pelos Estados Unidos — foi no sentido inverso. Largou a indústria, como se fosse uma atividade de segunda classe, e foi se transfomando num centro financeiro doentio. Impenetráveis engenharias financeiras passaram a dominar a economia.  Negócios bilionários e complicados passaram a gerar comissões de dezenas de milhões de dólares para os altos executivos financeiros.
Logo os presidentes de empresas – os CEOs, como são conhecidos nos Estados Unidos, as iniciais de Chief Executive Officer  – quiseram igualar seus rendimentos aos da elite bancária. Como eles próprios determinavam seus salários, isso foi fácil.
A desindustrialização e mais a concentração de dinheiro numa pequena faixa privilegiada levaram o Ocidente ao buraco em que se encontra.
Um cálculo apresentado na série da BBC impressiona.
Aos longos de quase todo o século passado, a diferença entre o maior e o menor salário nas empresas americanas girava em torno de 25 vezes.  De meados dos anos 1980 para cá, a diferença sextuplicou: o maior salário passou a ser 150 vezes maior que o menor.
Na Inglaterra, eles dizem que desde a era vitoriana – o longo reinado da Rainha Vitória no século 19, em que a revolução industrial convivia com níveis abissais de miséria – não havia uma situação de tamanha desigualdade.
O movimento Ocupe Wall Street é filho dessa disparidade.
Os “99%” costumam ser pacientes. Mas quando começa a faltar pão eles se mexem. Seus ancestrais franceses — os sans-culottes – acabaram cortando a cabeça do rei.
Talvez seja hora de o “1%” voltar a estudar história.

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