segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Perfil: Médica cubana Ivete López promete trabalho e solidariedade


Perfil: Médica cubana Ivete López promete trabalho e solidariedade

Os cálculos de quanto e quais seriam os lucros pelas atividades dos médicos cubanos no Brasil aparecem mais como questão para alguns setores da área médica no país e da imprensa brasileira do que para os próprios cubanos. A médica Ivete López diz que veio por solidariedade e que deseja ajudar o país. Por Thaís Brito, de Salvador

Salvador – Ivete López, médica cubana de 44 anos, está entre os 50 médicos que chegaram no último domingo (25) a Salvador, e que vão atuar em um dos 22 municípios baianos que receberão médicos estrangeiros no programa Mais Médicos do governo brasileiro.

Antes de decidir vir para o Brasil, Ivete trabalhou como médica em Cuba e em alguns países no continente africano. Ela demonstra estar à vontade já na chegada ao país em que deve passar três anos.

Depois das muitas horas de viagem entre Havana a Salvador, a médica demonstrou muita disposição. Pergunto sobre o tempo que vai ficar no Brasil, longe da família, ela diz que são “apenas” três anos. Durante esse tempo, não tem previsão de fazer nenhuma visita a Cuba.

A família da médica cubana está em seu país natal. Filha de pais que nunca exerceram a medicina – o pai é chofer e a mãe, dona de casa – Ivete não fez outra coisa em sua vida a não ser se dedicar ao cuidado da saúde de outras pessoas. Há 23 anos exerce a profissão de médica, e a escolha de vir trabalhar no Brasil foi dela mesma e não do governo do seu país, ressalta.

A médica Ivete López ainda não sabe dizer ao certo quanto receberá pelo seu trabalho no Brasil. Como profissional atuando na medicina em Cuba, ela afirma que receberia um salário de 673 pesos cubanos, o que equivale, para nós, a cerca de 1.600 reais por mês. Com o programa Mais Médicos, o custo para o governo brasileiro chega a 10.000 reais por cada profissional médico contratado, vindo de qualquer país. O repasse desse valor, no caso do convênio com Cuba, é feito diretamente ao governo cubano, que faz o pagamento aos médicos que estão trabalhando no Brasil. Assim, os médicos cubanos recebem apenas uma porcentagem do que é pago pelo governo brasileiro.

Os cálculos de quanto e quais seriam os lucros pelas atividades dos médicos cubanos no Brasil aparecem mais como questão para alguns setores da área médica no país e da imprensa brasileira do que para os próprios cubanos. Ivete diz que veio por solidariedade e que deseja ajudar o país. Soa estranha a pergunta pelos valores, pois sua primeira resposta sobre quanto ganha é de que recebe o suficiente para viver bem. “Em Cuba, temos acesso à saúde e educação básica para todos.”

A grande maioria dos profissionais que irão atuar no Estado da Bahia são mulheres. Elas e seus companheiros de profissão ocuparão os postos de saúde de regiões sem atendimento em Salvador, principalmente na periferia da cidade, e devem atuar em municípios do interior do Estado com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e pouca infraestrutura.

Os municípios baianos que receberão os médicos do Programa Mais Médicos são: Adustina, Araci, Campo Alegre de Lourdes, Cansanção, Carinhanha, Central, Cocos, Coronel João Sá, Correntina, Formosa do Rio Preto, Itiúba, Jeremoabo, Macaúbas, Mansidão, Nova Soure, Remanso, Riacho de Santana, Serra Dourada, Sítio do Quinto, Souto Soares e Tucano.

Ivete Lopez, mesmo sem saber onde deve atuar, ressalta: “Não é certo que viemos como prisioneiros. Viemos por solidariedade, por nossa vontade, para ajudar ao povo do Brasil.”

A partir desta segunda-feira (26) têm início os cursos preparatórios para os profissionais do Programa Mais Médicos na Bahia. Os médicos recém chegados irão passar por três semanas de formação teórica e prática nas áreas de atenção básica à saúde.


Fotos: Thaís Britto 

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