A extrema direita europeia tenta se unir para conseguir uma bancada no Parlamento Europeu após as eleições de maio de 2014
Abel Mestre, Jean-Pierre Stroobants E Olivier Truc
Abel Mestre, Jean-Pierre Stroobants E Olivier Truc
Manifestantes protestam contra a reunião da líder da Frente Nacional, a francesa Marine Le Pen, com Geert Wilders, do Partido da Liberdade no Parlamento holandês, em Haia, Holanda, paa discutir a estratégia que será adotada durante as eleições europeias
Para a abordagem deles, eles podem contar com os partidos da Aliança Europeia pela Liberdade, da qual Marine Le Pen é vice-presidente. Ali se encontram o FPÖ, partido austríaco de extrema direita, os belgas do Vlaams Belang e os Democratas Suecos. Uma reunião técnica, sem os líderes, deve ser realizada na quinta-feira (14) em Viena.
Algumas figuras da Frente Nacional têm visitado vários de seus aliados europeus. Em outubro, Marion Maréchal-Le Pen discursou em uma reunião do Vlaams Belang. No dia 8 de novembro, Marine Le Pen se encontrou em Estocolmo com membros dos Democratas Suecos, que teriam cerca de 10% das intenções de voto.
Ela está sempre repetindo: "Quero deixar de lado todos os movimentos que não estejam nas mesmas linhas gerais que nós ou que não tenham a seriedade necessária para refletir conosco. Quero trabalhar com partidos confiáveis e de liderança."
Foi por isso que ela exigiu e conseguiu de Jean-Marie Le Pen e Bruno Gollnisch que eles deixassem a Aliança Europeia dos Movimentos Nacionais que reunia partidos radicais. É também por isso que a "influência" de Geert Wilders é tão importante para ela: ela a notabiliza.
Todos esses partidos – designados, de maneira um tanto vaga, como "os novos populismos europeus" – têm um ponto em comum: oficialmente eles deixam de lado o antissemitismo para privilegiar a defesa do Ocidente contra a ameaça que o islamismo representaria. Uma visão que entra na perspectiva do choque de civilizações pós-11 de setembro.
De qualquer forma, Wilders e Le Pen têm pontos de convergência sobretudo a crítica radical à imigração, ao islamismo e à União Europeia. No entanto, entre outros pontos, eles divergem quanto à política a se conduzir em relação a Israel e questões de sociedade, como o casamento gay.
Por muito tempo, Wilders rejeitou qualquer colaboração com a FN e Jean-Marie Le Pen, por causa das provocações do antigo líder a respeito da Segunda Guerra Mundial. "A Frente Nacional não é mais a mesma de antes", explicou o holandês.
Se a extrema direita conseguir formar uma bancada no Parlamento Europeu, ela terá mais recursos (colaboradores, escritórios, secretariados, comunicação...), mas também um tempo de fala proporcional ao seu tamanho. É o que ela está buscando em primeiro lugar, para ser ouvida em uma esfera onde, por enquanto, ela é marginalizada.
A colaboração com os Democratas Suecos não deverá trazer problemas. Eles fazem parte da Aliança Europeia pela Liberdade, assim como Marine Le Pen, e já trabalharam com a FN durante as eleições europeias de 1999.
Esse partido de extrema direita, derivado do neonazismo quando criado em 1988, iniciou uma transformação há cerca de quinze anos, tentando se livrar de seus membros mais extremistas.
A FN conta com Geert Wilders para trazer para seus braços o Partido do Povo Dinamarquês (DF), que teria cerca de 18% das intenções de voto em seu país. Wilders tem laços bastante estreitos com esses partidos.
Mas não há certeza de que o papel de facilitador do dirigente holandês bastará. Os finlandeses e os dinamarqueses claramente recusaram a aproximação com Marine Le Pen e Geert Wilders.
Embora o vice-presidente do Partido do Povo Dinamarquês, Soren Espersen, tenha mostrado respeito em relação a Geert Wilders, ele se surpreendeu com sua aliança com a FN, considerada extremista demais. "Não há dúvida alguma de que existem aspectos antissemitas na Frente Nacional", ele declarou.
O único deputado do parlamento europeu do DF, Morten Messerschmidt, acredita que os partidos que participam dessa aliança estão distantes demais de seu partido quanto a questões como Israel ou aquelas relativas à liberdade e à democracia. "E esses partidos têm esqueletos demais no armário para que queiramos trabalhar com eles", ele explica.
Na Finlândia, o partido dos Verdadeiros Finlandeses (PS) de Timo Soini, único eurodeputado (9,8% em 2009), também se recusou a participar dessa aliança anti-União Europeia. Os Verdadeiros Finlandeses atualmente estão em segundo lugar nas pesquisas, com 18,9% das intenções de voto, atrás do partido conservador.
Ele se alinhou com os britânicos do UKIP, dentro do grupo Europe of Freedom and Democracy no Parlamento Europeu. O representante do UKIP deixou a direção da Aliança Europeia pela Liberdade.
Na França, Nigel Farage, o líder do partido, preferiu dar seu apoio a Nicolas Dupont-Aignan. Farage descarta qualquer tipo de colaboração, considerando o passado da FN. Apesar de tudo, na quarta-feira Wilders disse querer uma aproximação com a UKIP.
Tradução: UOL
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