Força da extrema direita na França reflete tendência europeia
Marine Le Pen está exultante: seu partido, a Frente Nacional (FN), vem conquistando uma vitória após a outra. Na eleição do domingo (13), no cantão de Brignoles, no sul da França, o candidato da extrema direita deixou bem para trás seus adversários socialista e conservador.
DEUTSCHE WELLE
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O atual presidente, o socialista François Hollande, ficou nos 35%. Em outras estatísticas seu desempenho é ainda mais sofrível.
O cenário leva à questão de como é possível que, num país-chave da União Europeia, uma facção extrema ameace superar os partidos populares clássicos. E, note-se, Marine Le Pen rejeita a definição como "extrema direita"? e ao que tudo indica, com sucesso.
Quando seu pai, Jean-Marie Le Pen, era o líder do partido, muitos torciam o nariz para a populista Frente Nacional. O veterano da Guerra da Argélia definia o Holocausto, por exemplo, como mero "detalhe" da história. Sua filha, em contrapartida, retirou a FN do nicho da má fama aos olhos da opinião pública.
Na Europa muitos observam o fenômeno com apreensão. A eurodeputada social-democrata alemã Evelyne Gebhardt, que passou boa parte da vida na França, explica à DW que Marine Le Pen simplesmente "modificou fortemente a linguagem de seu partido, de modo que não se registra mais essa violência verbal --embora as ideias tenham permanecido as mesmas".
Sylvie Goulard, parlamentar europeia liberal de Marselha, diz que, na região, a força da FN é tradicionalmente grande. E fala em termos explícitos: "Marine Le Pen joga com os medos das pessoas, e nesse ponto talvez ela seja ainda mais perigosa do que o pai."
Inédito é o fato de políticos de outros partidos não demonizarem mais a Frente Nacional, mas sim assimilarem a retórica dos direitistas. O ministro do Interior francês, o socialista Manuel Valls, acusou recentemente os nômades ciganos da Bulgária e da Romênia de falta de vontade de se integrar e de "uma forma de vida extremamente diferente".
E Goulard acrescenta: "Muitos franceses vão mal. Esse fato é subestimado em muitas nações vizinha, inclusive na Alemanha". Precisamente as altas taxas de desemprego põem o povo à mercê de gente com soluções simplistas.
Goulard não tem nada contra uma política europeia de austeridade --que o presidente Hollande nunca pôs realmente em prática. Ainda assim, os alemães --parcimoniosos e economicamente fortes-- precisariam saber que "a estabilidade monetária é importante, porém a estabilidade dos países em torno da Alemanha também é importante".
Evelyne Gebhardt atribui o isso ao fato de que "o tabu contra a ideologia de extrema direita ainda funciona na Alemanha", enquanto na França os governantes tornaram essa tendência socialmente aceitável. Ela adverte do perigo: "Se uma coisa assim acontecer na Alemanha, subitamente teríamos o mesmo problema".
A liberal francesa Sylvie Goulard critica os eleitores por não se darem conta de quanto é decidido no nível europeu. Só lhe resta a esperança de que, até as eleições, "as empresas, sindicatos e outras forças da sociedade civil digam em alto e bom som que a votação para o Parlamento Europeu é um pleito sério".
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