domingo, 24 de novembro de 2013

Homicídios derrubam em mais de 1 ano e meio a expectativa de vida dos negros no país


 Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela o efeito devastador dos homicídios sobre a expectativa
Na véspera do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), um estudo apresentado pelo
 de vida dos negros no Brasil. O homem negro perde, na média do país, 1,73 ano de vida --o equivalente a 20
 meses-- por causa dos assassinatos. Entre não negros, o índice é de 0,81 ano, menos da metade da perda.

UOL
O artigo "Vidas Perdidas e Racismo no Brasil", de Daniel Cerqueira, do Ipea, e de Rodrigo Leandro de Moura, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgado nesta terça-feira (19), toma como base dados do Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística). O estudo mostra que Alagoas é o Estado onde o peso dos homicídios sobre a perda da expectativa de vida entre os negros é maior: chega a 4,08 anos.
O lavrador Rosalino Fernando dos Santos, 45, manuseia instrumentos de trabalho no Quilombo Kalunga, na comunidade de Vão das Almas, no interior de Goiás, o maior território remanescente quilombola do país. O Brasil possui mais de 2.400 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares, espalhadas em 24 Estados
Pouco abaixo, estão Espírito Santo e Paraíba, com perdas de 2,97 e 2,81 anos respectivamente. Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as regiões em que os homicídios resultam em perdas maiores na expectativa de vida dos negros.
Levando em conta outras mortes violentas, como acidentes com transportes --inclui trem, avião, barco e veículos-- e suicídios, os negros perdem 3,49 anos de expectativa de vida no país, sendo que em Alagoas a perda passa de 6 anos. Mas o efeito dos acidentes é bem menor que os homicídios. Enquanto estes reduzem em 1,73 ano a expectativa de vida dos negros brasileiros, os desastres diminuem 0,97 ano.
Entre os não negros, acontece o inverso. Os acidentes com transporte pesam mais (0,99 ano) que os homicídios (0,81 ano) na redução da expectativa de vida ao nascer. Considerando somente os homicídios, a maior perda para os não negros é verificada no Paraná (1,75 ano). Em Alagoas, Estado com efeitos mais devastadores para os negros, os homicídios reduzem a expectativa de vida dos não negros em apenas 0,29 ano.
"Os resultados trazem à tona uma grande ferida aberta desde a abolição da escravatura, ainda não fechada nos dias atuais", afirmam os autores do artigo.
Mulheres
Entre as mulheres, os efeitos das mortes violentas sobre a expectativa de vida são bem mais baixos. Entre as não negras, esse tipo de causa de mortalidade reduz a expectativa de vida ao nascer em 0,74 ano, com peso maior dos acidentes com transportes (0,28). Os homicídios reduzem a expectativa dessas mulheres em 0,11 ano.
Entre as negras, os homicídios têm um peso maior (0,16 ano), mas o efeito do total das mortes violentas, que incluem acidentes e suicídios, é menor (0,65).
Vinte e duas entidades representativas do movimento negro realizaram neste domingo (17) no Parque Taquaral, área nobre de Campinas (93 km de São Paulo), protesto contra uma determinação dada por um capitão da Polícia Militar na cidade para que "pardos e negros" fossem abordados em operações realizadas na região.

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