sábado, 2 de novembro de 2013

‘Índice Global da Escravidão’ comprova que a prática persiste

A autraliana Walk Free Foundation realizou um estudo com 162 países e descobriu que cerca de 30 milhões de pessoas ao redor do mundo ainda vivem em situações de escravidão ou em condições análogas, seja por matrimônio forçado, tráfico de pessoas, dívidas, venda de crianças para exploração ou trabalhos forçados. O relatório também examina os fatores de risco e descreve a força das respostas dos governos na luta contra a escravidão moderna.

Adital
Foto:Walkfreefoundation
A organização ranqueou os países por meio da combinação de três fatores: prevalência estimada da escravidão moderna por população, níveis de matrimônio infantil e de tráfico de pessoas dentro e para fora do país.
O documento gerado a partir desta pesquisa, o Índice Global da Escravidão, revelou que a Índia é o país com mais escravos, são 14 milhões, e vem seguida pela China, com 2,9 milhões e pelo Paquistão, com, 2,1 milhões de escravos. Na China, as pessoas escravizadas estão atuando no campo, em empresas e indústrias privadas na fabricação de eletrônicos e bolsas e na fabricação de tijolos.
Já os países que com concentram um índice maior de acordo com o tamanho de sua população, são Mauritânia (140 a 160 mil escravos), Haiti (200 a 220 mil), Paquistão, Índia e Nepal.
No Haiti, grande parte desta população escravizada é formada por crianças que trabalham como empregadas domésticas dentro do sistema de trabalho infantil chamado de "restavek”. Esta é uma prática cultural que persiste até hoje e consiste em mandar as crianças pobres da zona rural para trabalhar na zona urbana para famílias com melhor situação financeira. O Índice aponta que "os elevados níveis de pobreza junto com falta de acesso a serviços sociais e informação sobre os perigos do tráfico de pessoas” foi que permitiram que este sistema perdurasse.
Antigamente "restavek” consistia em uma forma de solidariedade. Uma família acolhia as crianças de outra família e oferecia teto e comida, mas o sistema se corrompeu e hoje de 300 a 500 mil crianças são exploradas. Walk Free Foundation apurou que muitas destas crianças sofrem pela ausência de alimentação, água e até uma cama, além disso, enfrentam abusos físicos e emocionais.
O relatório detalha que 3,8%, ou seja, 1,1 milhão das pessoas escravizadas estão no continente americano. Na América do Sul, os países com mais pessoas em condições de escravidão são o Peru e o Equador. Na Venezuela (75° lugar) estima-se que entre 76 mil a 84 mil pessoas estejam sendo escravizadas. Enquanto isso a Argentina se localiza na outra ponta, entre os países menos afetados. A nação está no 122° lugar e estima-se que haja 34 mil pessoas vivendo em situação de escravidão.
No caso da Ásia, os trabalhadores migrantes correm o risco de se tornarem trabalhadores forçados na indústria de frutos do mar. Na Costa do Marfim o risco é maior para as mais de 30 mil crianças que trabalham nas fazendas de cacau.
Diversos países que estão listados no Índice Global da Escravidão não integram qualquer tratado internacional de tráfico de pessoas, enquanto outros integram, mas não os aplica, o que faz com os países não coloquem tanto o tema em pauta e não coíbam este tipo de crime. O mesmo que acontece com a escravidão moderna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário