O painel Transformações da teoria marxista, no II Congresso Marx, reuniu investigadores interessados em dois filósofos: Hannah Arendt e Walter Benjamin.
Cristina Portella
Cristina Portella

No trabalho apresentado, Sofia procurou refletir sobre a condição humana a partir do estudo de Arendt e “o seu estreito diálogo crítico com o pensamento de Karl Marx”. “Considerar a definição da política como a experiência performativa e positiva da liberdade, criticar a relação entre necessidade e liberdade, bem como uma visão determinista da História, e questionar a problemática distinção entre o social e o político, são alguns passos da investigação sobre a qual se baseia esta comunicação.”
Um dos livros sobre os quais a estudiosa de Arendt se debruçou foi A Condição Humana. Nele, encontraríamos a “elaboração de um novo conceito de poder que recupera e implica novas noções, como a do espaço público como espaço de poder; a da legitimidade da organização comunitária assente num contracto social original; a do ser humano como animal político; a da esfera da ação humana como a esfera política e a relação desta com as outras atividades humanas, a saber, o labor e o trabalho”.
O marxismo pela lente de Benjamin
Fabio Mascaro Querido, doutorando em Sociologia pela Universidade de Campinas, dedicou-se à obra de Walter Benjamin, mas pelo olhar de dois conhecidos intelectuais e militantes trotskistas, Michael Löwy e Daniel Bensaïd. Além do interesse pelo filósofo alemão, tinham muitos outros pontos de contato em sua história de vida.
Herdeiros do marxismo de Lênin, Rosa Luxemburgo e Trotsky, acabam por encontrar nas reflexões de Benjamin uma espécie de “bússola”, por meio da qual se orientar em meio às mudanças históricas do capitalismo global e ao refluxo das lutas sociais no pós-1968 em França. Militantes da Liga Comunista Revolucionária (LCR), seção francesa da IV Internacional, e vivendo desde os anos 60 em Paris, ambos inscrevem-se, segundo Fabio, numa mesma “geração intelectual” cuja marca fundamental foi a “passagem” de um mundo no qual a revolução social parecia iminente para outro no qual os horizontes pareciam cada vez mais estreitos.
“Para Michael Löwy, a originalidade do pensamento de Walter Benjamin decorre de sua capacidade incomum de articular o marxismo (do qual ele se aproximou em meados da década de 1920), às raízes românticas e utópico-teológicos de suas reflexões de juventude. Segundo ele, marxismo libertário, romantismo e messianismo judaico combinam-se, no pensamento benjaminiano, no contexto de uma crítica radical às ideologias do progresso e ao paradigma civilizatório moderno.”
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