Nada divide tanto os brasileiros como a concepção do papel que o Estado deve ter em
suas vidas. É o que mostra a mais completa pesquisa do Datafolha sobre as inclinações ideológicas do país.
Ricardo Mendonça
Ricardo Mendonça
Confrontados com afirmações antagônicas sobre vários temas, as pessoas se dividiram simetricamente ao falar de suas relações com o Estado.
O Datafolha faz pesquisas sobre as preferências ideológicas da população desde setembro de 2012, mas esta foi a primeira vez em que os assuntos econômicos foram incorporados ao questionário. Foram realizadas 4.557 entrevistas em 194 municípios, nos dias 28 e 29 de novembro.
Os resultados mostram que o brasileiro médio preza valores comportamentais de direita, mas manifesta acentuadas tendências de esquerda no campo econômico.
Em todo o país, 41% identificam-se mais com ideias de esquerda ou centro-esquerda. Outros 39% são mais simpáticos aos valores de direita ou centro-direita.
A pesquisa deixa evidente a simpatia que os brasileiros têm pela ação do Estado. Quase 70% acham que o governo deveria ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país, e não as empresas privadas.
Além disso, 58% entendem que as instituições governamentais precisam atuar com força na economia para evitar abusos das empresas.
Um contingente de 57% diz que o governo tem obrigação de salvar as empresas nacionais em apuros quando elas enfrentam risco de falência. E 54% associam leis trabalhistas mais à defesa dos trabalhadores do que à ideia de empecilho às empresas.
Nas questões de comportamento, os resultados da pesquisa foram semelhantes aos de levantamentos anteriores produzidos pelo Datafolha. Quando o assunto é religião ou drogas, há quase uma unanimidade nacional. Quase 90% acham que acreditar em Deus torna alguém melhor. E 83% continuam a favor da proibição das drogas.
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