A região serrana do Rio de Janeiro, além do importante papel como polo turístico, também responde por mais da metade da produção de hortifruti que abastece o estado. Responsável por cerca de 70% das verduras que chegam à mesa dos cariocas, a zona rural dos municípios de Teresópolis e Nova Friburgo, interligados pela rodovia RJ-130, reúne uma série de atrativos que fazem da região um destino bastante procurado por turistas que buscam o contato com a natureza e o clima bucólico da serra.
Porém, longe da badalação dos centros das cidades serranas, um grupo de agricultores e empreendedores do distrito friburguense de Campo dos Coelhos, próximo ao Parque Estadual dos Três Picos, começou a pensar em uma outra forma de turismo: menos invasivo, mais consciente e integrado à comunidade. Já conhecido por montanhistas que encontram no parque um ambiente ideal para a prática do esporte, a região começou a atrair a atenção de pessoas que, além das trilhas e escaladas, buscam também o modo de vida, as histórias e as tradições locais. Assim nasceu o Circuito Turístico Três Picos, que tem como objetivo valorizar a cultura regional, promover a agricultura familiar e preservar o meio ambiente, tanto do parque quanto da comunidade em seu entorno.
Da cidade para o campo
De visitantes a moradores, os irmãos Giovanni e Sérgio Tartari, um dos mais experientes escaladores do país, mudaram-se para os Três Picos em meados dos anos 1990 e são um dos principais divulgadores do circuito. Em sua propriedade, Giovanni cultiva hortaliças orgânicas (foi o pioneiro na região) e recebe hóspedes no Refúgio Ronca Pedra. Sérgio, além da hospedagem no Refúgio das Águas, oferece também visitas guiadas, escaladas e noites regadas a pizzas caseiras e cervejas artesanais, produzidas por ele mesmo.
De visitantes a moradores, os irmãos Giovanni e Sérgio Tartari, um dos mais experientes escaladores do país, mudaram-se para os Três Picos em meados dos anos 1990 e são um dos principais divulgadores do circuito. Em sua propriedade, Giovanni cultiva hortaliças orgânicas (foi o pioneiro na região) e recebe hóspedes no Refúgio Ronca Pedra. Sérgio, além da hospedagem no Refúgio das Águas, oferece também visitas guiadas, escaladas e noites regadas a pizzas caseiras e cervejas artesanais, produzidas por ele mesmo.
“Quando viemos morar aqui, logo pensamos em abrir o refúgio, pois a frequência de montanhistas é bastante regular e não havia muitas opções próximas ao parque. Hoje, nos tornamos um centro de referência. Mesmo quem não se hospeda no refúgio vem nos procurar para ter mais informações sobre trilhas e vias de escalada”, explica Rosane Tartari, esposa do Sérgio.
Há dois anos participando do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, Giovanni concentra também seus esforços no cultivo e comercialização de orgânicos nas feiras dos bairros do Leblon e Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. “No início, o trabalho era difícil. Há 20 anos, ninguém tinha muito conhecimento sobre alimentos orgânicos e o mercado era restrito. Porém, este cenário vem mudando. Hoje, o consumidor está mais consciente sobre seus hábitos de consumo e as feiras são um sucesso”, comemora Giovanni.
Também seguindo o caminho da cidade para o campo, a ceramista Lúcia Gomes resolveu mudar de ares ao fechar seu ateliê no Rio de Janeiro e mudar-se de vez para os Três Picos. A artista produz suas obras na própria propriedade, o Recanto dos Ventos, que funciona também como pousada. Lúcia já tinha a ideia de trocar a agitada vida na capital fluminense pela tranquilidade inspiradora do interior. Ao voltar para o Brasil, depois de uma temporada morando na Suíça fazendo um curso de esmaltação, começou a amadurecer a ideia e, em 2003, mudou-se para a nova casa na serra.
“Minha vida mudou como um todo, para melhor! Desde o acordar de manhã até o calor das pessoas, o carinho dos vizinhos... a vida ganhou um outro ritmo. Aqui, o turismo integrado às atividades artísticas e o respeito ao meio ambiente é muito promissor e eu não me arrependo nenhum pouco da mudança”, explica. Lúcia ainda vende suas peças em diferentes estabelecimentos no Rio de Janeiro e Nova Friburgo, e oferece também aulas exclusivas para seus hóspedes.
Empreendedorismo local
Quando se casaram há 16 anos, Hercules Neves e Tenilza Almeida, nascidos e criados na região, decidiram trocar o cultivo de hortaliças pela criação de trutas, com o objetivo de abastecer os hotéis e restaurantes de Teresópolis e Nova Friburgo. Com o passar dos anos, o casal formou uma clientela fiel que passou a procurá-los diretamente na propriedade. “O clientes vinham comprar as trutas e perguntavam se poderíamos também preparar um filé assado para o almoço. Então, logo percebemos que tínhamos uma ótima oportunidade de geração de renda. Abrimos o restaurante Arco-Íris Trutas e demos um novo direcionamento ao negócio”, explica Hercules.
Quando se casaram há 16 anos, Hercules Neves e Tenilza Almeida, nascidos e criados na região, decidiram trocar o cultivo de hortaliças pela criação de trutas, com o objetivo de abastecer os hotéis e restaurantes de Teresópolis e Nova Friburgo. Com o passar dos anos, o casal formou uma clientela fiel que passou a procurá-los diretamente na propriedade. “O clientes vinham comprar as trutas e perguntavam se poderíamos também preparar um filé assado para o almoço. Então, logo percebemos que tínhamos uma ótima oportunidade de geração de renda. Abrimos o restaurante Arco-Íris Trutas e demos um novo direcionamento ao negócio”, explica Hercules.
Sem formação profissional na área de gastronomia, o casal começou a criar os próprios pratos utilizando ingredientes típicos e respeitando a sazonalidade. Em pouco tempo, deixaram de fornecer as trutas e passaram a criá-las somente para abastecer o restaurante. Através da propaganda boca a boca, o Arco-Íris Trutas começou a conquistar cada vez mais clientes em busca do famoso filé com banana, arroz de açafrão e molhos de laranja, alcaparras e amêndoas. Atualmente, a casa fica lotada nos fins de semana e o casal conta com uma equipe de sete funcionários para auxiliá-los.
“Aprendemos a gerenciar nosso negócio na prática. Sempre ouvimos muito a opinião dos clientes e, aos poucos, aprimoramos o cardápio e melhoramos o atendimento. Na primeira vez que o restaurante encheu, eu mesmo tive que fabricar algumas cadeiras em poucas horas!”, lembra Hercules aos risos. “O cliente gosta de ser bem tratado e nós fazemos o máximo para que ele saia satisfeito”, destaca.
Turismo e tradição
Há quase dez anos, Pedro Paula, que é filho de agricultores dos Três Picos, se viu diante de um dilema: depois de passar por uma delicada cirurgia cardíaca, não poderia mais realizar tarefas de esforço físico, impossibilitando o trabalho na lavoura. Seu projeto de conclusão do ensino médio/técnico no Instituto Bélgica-Nova Friburgo (Ibelga), referência em educação do campo no estado, foi voltado à apicultura, mas Pedro não se sentia realizado. “Foi vendendo o mel que percebi o movimento crescente de turistas e comecei amadurecer a ideia de abrir uma pousada”, conta.
Há quase dez anos, Pedro Paula, que é filho de agricultores dos Três Picos, se viu diante de um dilema: depois de passar por uma delicada cirurgia cardíaca, não poderia mais realizar tarefas de esforço físico, impossibilitando o trabalho na lavoura. Seu projeto de conclusão do ensino médio/técnico no Instituto Bélgica-Nova Friburgo (Ibelga), referência em educação do campo no estado, foi voltado à apicultura, mas Pedro não se sentia realizado. “Foi vendendo o mel que percebi o movimento crescente de turistas e comecei amadurecer a ideia de abrir uma pousada”, conta.
Tânia Carvalho, vizinha e amiga da família, foi a principal incentivadora ao apoiar e entrar como sócia do jovem na criação do Pouso dos Paula. “Meus pais tinham uma casa na entrada do Parque dos Três Picos, mas não estava em uso. Depois de muito esforço para convencê-los, providenciamos uma pequena reforma e, em maio de 2010, inauguramos a pousada. Eu e meu pai fizemos algumas camas e nossos vizinhos ajudaram doando móveis e outros utensílios. Criei também um blog para divulgar o empreendimento e logo começamos a receber hóspedes”, comemora Pedro. Em períodos de alta temporada, as reservas já devem ser feitas com antecedência.
Além das atividades turísticas como passeios e trilhas guiadas, o Pouso dos Paula também realiza uma série de iniciativas que promovem e resgatam a cultura local, como a Festa da Broa, um tradicional pão da região que estava em vias de extinção; e a Festa de São João, com a dança típica de “Mineiro Pau” e a caminhada sobre as brasas da fogueira à meia noite. A pousada oferece ainda workshops de fotografia e oficinas de pão caseiro. Para Pedro, a experiência vai muito além da hospedagem. Sua ideia é proporcionar paz e tranquilidade aos hóspedes, além da vivência típica da cultura, sabores e hospitalidade da região.
+ Conheça outros empreendimentos da região: visite o site do Circuito Turístico Três Picos.
SERVIÇO
Refúgio das Águas
Telefone: 21.9857.9790 | 22.9814.6353
Site: http://refugiodasaguas.blogspot.com.br
Refúgio das Águas
Telefone: 21.9857.9790 | 22.9814.6353
Site: http://refugiodasaguas.blogspot.com.br
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