Estudo apresentado para a conclusão do curso de graduação em Ciências Econômicas, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP, analisou e comparou a desigualdade no acesso às creches entre as regiões brasileiras.
Daniel Navarro
Daniel Navarro
Aspectos familiares, de mercado de trabalho e geográficos influenciam as matrículas
Escolaridade e renda acentuam desigualdadeA pesquisa mostrou que três fatores influenciam os pais na decisão pelas matrículas de seus filhos em creches: familiares (renda, escolaridade dos pais, idade dos pais); de mercado de trabalho (empregabilidade e nível dos salários pagos às mulheres) e fator geográfico (grau de urbanização). Mostrou também como essas variáveis que interferem na decisão dos pais podem contribuir para mudar este cenário negativo. O pesquisador garante que se uma mãe, antes analfabeta, receber ensino fundamental, ela terá chance de matricular seu filho numa creche aumentada em aproximadamente 4%.
Outra variável, a do mercado de trabalho, mostrou-se a mais impactante nessa análise. “Pegando uma mãe que vive numa certa região e aumentando o salário predito [salário que alguém com as características e qualificações dela normalmente receberia] em R$ 50,00, a chance dela matricular seu filho na creche aumenta em quase 8%.”, exemplifica Cortes.
Para o economista, a principal mensagem do estudo é motivar o governo a olhar com mais atenção os três fatores envolvidos (familiares, mercado de trabalho e geográfico), que se mostraram importantes na análise estatística/econométrica.
“Se hoje as regiões brasileiras tivessem as mesmas características médias de mercado de trabalho [nível de salários, empregabilidade etc], a desigualdade regional de matrículas em creche cairia 87% em relação aos níveis atuais”, diz Cortes.
Ele reconhece que tal situação é impossível de se modificar em curto e médio prazos, mas afirma que se o Governo promovesse reformas que aperfeiçoassem as relações de trabalho, melhorando o ambiente do mercado, “certamente teríamos um aumento nos índices de matrícula em creches dessas regiões mais pobres”.
“Quando o mercado é dinâmico e paga mais dinheiro para a mãe trabalhar, ela matricula a criança na creche para aproveitar essas oportunidades. É uma reação em cadeia muito poderosa, na qual todos saem ganhando: a mãe, com a renda maior, e a criança, com uma educação mais adequada na primeira infância”, conclui o pesquisador, que atualmente é aluno do Programa de Doutorado (PhD) no Departamento de Economia da University of Illinois, nos Estados Unidos.
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