segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Agenda internacional da semana


Agenda internacional da semana

A semana começa com o noticiário sobre a repercussão do telefonema entre os presidentes Barack Obama, dos EUA, e Hassan Rouhani, do Irã. Na frente interna, Obama está em queda de braço com a oposição republicana, que vinculou o refinanciamento dos gastos do governo federal ao adiamento por um ano da implantação do novo sistema público de saúde nos EUA. Na Europa as expectativas se voltam para Berlim, em torno da possível decisão do Partido Social-Democrata de integrar o governo da chanceler Angela Merkel. Por Flávio Aguiar.

Berlim - A semana começa com o noticiário sobre a repercussão do telefonema entre os presidentes Barack Obama, dos EUA, e Hassan Rouhani, do Irã. Duas fontes principais de insatisfação com o vislumbre desta ap,aproximação vem se manifestando: o governo de Israel e a monarquia da Arábia Saudita. Em ambos os países fontes de diversa natureza (parlamentares, jornalistas, membros de think tanks), alinhadas aos respectivos governos, vêm acusando o presidente Obama – ecoando outras manifestações, a propósito de outros temas dos republicanos nos Estados Unidos – de “ingenuidade”. Afirmam que esta possibilidade de aproximação só dará mais tempo para o Irã avançar em direção à supostamente almejada bomba nuclear. 

O primeiro-ministro israelense deverá fazer um pronunciamento na ONU a respeito. No Irã também houve manifestações contrárias a este movimento por parte de opositores de qualquer aproximação com os Estados Unidos dentre os partidários da república islâmica. Analistas de várias tendências afirmam, no entanto, que não há como se opor de modo verossímil a esta aproximação, e que os sauditas e o governo de Israel deverão ficar isolados na sua resistência.

Na frente interna o presidente Barack Obama está em queda de braço com a oposição republicana, que vinculou o refinanciamento dos gastos do governo federal ao adiamento por um ano da implantação do chamado “Obamacare” – o novo sistema público de saúde nos Estados Unidos que amplia o seu atendimento a setores hoje dele desprovidos. O prazo para a autorização do refinanciamento se esgota à meia-noite desta segunda para a terça-feira, hora de Washington. 

Caso a autorização não seja concedida, apenas os serviços considerados essenciais permanecerão em funcionamento – Forças Armadas, Serviços de Segurança e Inteligência, atendimento hospitalar, por exemplo. Outros serviços, como bibliotecas, parques nacionais, e até o Judiciário serão prejudcados. Os democratas no Congresso dizem que não cederão, e o presidente Obama disse também que não cederá.

Na Europa as expectativas se voltam para Berlim, em torno da possível decisão do Partido Social-Democrata (SPD) de integrar o governo da chanceler Angela Merkel, na chamada “Grande Coalizão”. A direção do SPD decidiu encaminhar a proposta de uma consulta às bases do partido para tomar a decisão. Se o SPD decidir positivamente, espera-se pouca mudança na política externa do atual governo, sobretudo no que toca ao tratamento dos países em crise mais aguda na zona do euro. Mas na frente interna a margem de negociação será maior, pois na campanha o SPD comprometeu-se, por exemplo, com o estabelecimento de um salário mínimo nacional, que não existe na Alemanha, de 8,50 euros a hora. A oposição ficará reduzida a pouco mais de cem parlamentares da Linke e dos Verdes. 

Na Itália o incansável Silvio Berlusconi deu ordem para que os ministros de seu partido que integravam o governo chefiado por Enrico Letta entreguem seus cargos e que seus parlamentares não mais apoiem a coalizão no poder. O governo ficará minoritário, o que poderá acarretar nova crise. O preço do refinanciamento da dívida italiana através dos “bonds” para as alturas, descarregando novas doses altas de adrenalina nas veias do continente inteiro. O presidente italiano Girogio Napolitano não se mostra inclinado a chamar novas eleições, o que seria o objetivo de Berlusconi. Integrantes do seu próprio partido e da correligionária Liga Lombarda vêm manifestando alguma insatisfação com a decisão do ex-primeiro-ministro, dizendo que desta vez ele foi longe demais. Berlusconi aguarda ainda a decisão de se cumprirá a pena a que foi condenado em prisão domiciliar ou através de serviços sociais.

Em Atenas o governo grego desencadeou a primeira grande ofensiva contra os partidários do Partido Aurora Dourada, de extrema-direita. Membros do partido são acusados pelo assassinato de Parlos Fyssas, conhecido músico anti-fascista, morto a facadas alguns dias atrás. Deputados e dirigentes do Aurora Dourada foram detidos, e policiais também serão investigados sob a acusação de serem coniventes ou pelo menos lenientes em relação ao partido. Sem o apoio dos parlamentares deste partido, no entan to, o governo de Antonis Samaras pode entrar em crise, o que eventualmente poderia favorecer a esquerda, no caso de nova eleição.

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