sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Manifesto em português


Traduções do Manifesto do Partido Comunista mostram o grau de influência da obra, em especial no Brasil

Gabriel Perissé
O Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, tornou-se um dos mais influentes escritos políticos dos últimos dois séculos. Comunguemos ou não com os ideais comunistas, a tese defendida por Marx de que os filósofos devem transformar o mundo e não apenas interpretá-lo é útil para todos nós.

Daí o desejo inicial dos autores de verem o Manifesto rapidamente  traduzido em inglês, francês, italiano, flamengo e dinamarquês. Para que as palavras inspirem ações transformadoras de grande alcance é preciso traduzi-las para muitos idiomas. A obra, publicada em alemão em 1848, precisava ultrapassar as fronteiras linguísticas para promover revoluções internacionais.

A jornalista escocesa Helen Macfarlane assinou a primeira tradução em inglês, em 1850. Dois anos antes, o socialista utópico Pehr Götre traduziu o Manifesto para o sueco, tomando a liberdade de alterar alguns trechos e substituir o "Proletários de todos os países, uni-vos" pela frase, em tom cristão: "A voz do povo é a voz de Deus". Bem mais tarde, em 1886, houve nova tradução para este idioma, por Axel Danielsson, recuperando o texto original.

Ainda em 1848, o advogado Victor Tedesco, muito amigo de Marx, teria feito uma versão francesa, que se perdeu. Houve outras tentativas, mas somente em 1885 veio à luz a primeira efetiva tradução para o francês, de Laura Lafargue, filha de Marx.

RetraduçãoA primeira tradução para o russo, em 1863, foi iniciativa do anarquista Mikhail Bakunin, que adulterou várias passagens do Manifesto. Os erros foram eliminados em 1882, em retradução de Gueorgui Plekhanov, um dos fundadores do marxismo russo.

As traduções se sucederam após a experiência da Comuna de Paris: em sérvio e espanhol (1871), português (1873), tcheco (1882), polonês (1883), dinamarquês (1884), italiano e iídiche (1890), búlgaro (1891), holandês (1892), armênio e romeno (1894), húngaro e norueguês (1896), georgiano (1897), e, pelo século 20 afora, rumo ao Oriente, em japonês (1904) e mandarim (1907).

A primeira tradução brasileira é de 1923, pelo alagoano Octávio Brandão, a partir da edição francesa. Outras traduções se sucederam no país, por vezes sem o nome do tradutor e em condições semiclandestinas, por motivos óbvios.

Existem hoje várias traduções disponíveis, nem sempre produzidas diretamente do alemão. Ou, tomando como base o texto original, enriquecidas pelo cotejo com versões francesas, inglesas, italianas etc.

O propósito aqui é apresentar as soluções tradutórias em português do início e do desfecho do famoso texto. As cinco traduções brasileiras contempladas foram as de Marcus Mazzari (Hedra), Edmilson Costa (Edipro), Sueli Tomazini Barros Cassal (L&PM), Sergio Tellaroli (Cia. das Letras) e de Marcos Aurélio Nogueira e Leandro Konder (Vozes).

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