sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Feira de Erbil termina, mas negócios continuam

Mostra realizada no norte do Iraque teve a participação de dez empresas e entidades do Brasil, incluindo a Câmara Árabe, que organizou o estande nacional ao lado da Apex.



Alexandre Rocha/ANBA
O pavilhão brasileiro na mostra
Erbil, Iraque – A 9ª Feira Internacional de Erbil terminou nesta quinta-feira (26) na capital do Curdistão, no norte do Iraque. O pavilhão do Brasil contou com dez expositores, incluindo a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que organizou o espaço em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

“Foi melhor do que o esperado, recebemos mais de 150 visitantes no estande da Câmara Árabe e várias solicitações”, disse o diretor-geral da entidade, Michel Alaby, no último dos quatro dias da mostra. Entre estas solicitações, Alaby destacou a procura por óleo de soja, amendoim, algodão, sucos, frutas, alimentos em geral, máquinas agrícolas, calçados e material de construção. O evento é multissetorial.

Chamou a atenção do executivo o projeto de um empresário interessado no óleo de soja. Ele quer montar uma fábrica para enlatar o produto. “Ele pediu inclusive máquinas para enlatar”, afirmou Alaby. A Câmara Árabe encaminha os pedidos recebidos para as empresas expositoras, caso elas disponham dos itens solicitados, e para os associados da entidade.

Quem também gostou dos contatos que fez foi o gerente comercial da trading de alimentos West Food, Diogo Oliveira. “Atendemos mais de 200 pessoas, mas eu calculo 23 contatos sérios, firmes”, declarou. “Foi positivo, no ano que vem precisamos vir de novo”, acrescentou.

Segundo Oliveira, a grande maioria dos visitantes buscava itens como açúcar, café e carne bovina, todos oferecidos pela empresa. “Já estou agendando reuniões, vou continuar os contatos por e-mail, creio que vai dar bom negócio”, destacou. “Se cair o bloqueio da carne, acredito em 100% [de possibilidade de pedidos], mas, se não, ficamos com os outros produtos”, ressaltou.

O Iraque embargou a importação de carne do Brasil após o governo brasileiro ter divulgado, em dezembro do ano passado, que o agente causador do mal da vaca louca foi identificado num animal do rebanho paranaense morto em 2010, mas não por causa da doença, pois não chegou a desenvolvê-la. Depois disso, a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) já determinou que o produto nacional não oferece risco aos consumidores e que a possibilidade da moléstia ocorrer no País é “insignificante”.

Mas a questão com o país árabe ainda não foi resolvida. O Brasil aguarda a visita de uma missão técnica do Iraque para tentar acabar com o impasse. Para mostrar a qualidade da carne, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) promoveu um churrasco no hotel Rotana, em Erbil, com a presença de empresários locais e internacionais e de diplomatas. Os assados de picanha, filé mignon e bife ancho, preparados por um chef do restaurante Barbacoa, receberam grandes elogios de comensais satisfeitos. “O bloqueio é extremamente prejudicial para nós, pois já temos clientes aqui”, observou Oliveira.

Showroom

Já a executiva de vendas da Angraex, fornecedora de mármores e granitos do Espírito Santo, Danielle Ervatti, fez contatos com construtoras e distribuidores locais. “A maioria do pessoal não conhece o nosso granito, nunca usaram o produto brasileiro, mas gostaram, aí é questão de negociar preço”, declarou. “Talvez saia alguma coisa.”
Alexandre Rocha/ANBA
Vicente (E) e Ervatti vão dar seguimento aos contatos
Ela contou que os empresários locais sugeriram a montagem de um showroom com as mercadorias da companhia em Erbil e um deles falou em parceria. “Se eles montarem a estrutura, por que não?”, observou a executiva.

Por sua vez, Mauro Vicente Filho, responsável comercial da KRJ, indústria paulista de conectores para redes elétricas, teve uma reunião no Ministério da Energia do Governo Regional do Curdistão. “Temos o produtos [que eles precisam], a rede é muito parecida com a do Brasil. É possível fazer uma atualização tecnológica [na estrutura local]”, disse. “Eles pediram mais informações. Vamos desenvolve isso, é uma primeira etapa”, acrescentou.

Na área de equipamentos médicos, a Fanem e a Magnamed, duas indústrias paulistas do ramo, reclamam que o governo iraquiano tem restringido as licitações a empresas dos EUA, Europa e Japão. No entanto, eles visitaram hospitais em Erbil. “Eles não têm respiradores, então temos muita chance, mas precisamos ter um bom agente [para introduzir o produto]”, afirmou Adnan Abaji, representante da Magnamed nos países árabes. “Conheci algumas empresas que podem ajudar a abrir o mercado do Iraque em geral”, declarou.

Para o gerente regional no Oriente Médio da Fanem, Abed Mihyar, é possível esperar bons negócios, mas é preciso acompanhar de perto o desenrolar dos contatos realizados. “Talvez vir aqui outra vez e visitar mais hospitais”, comentou. “Há grande demanda no mercado, boas oportunidades, mas necessitamos trabalhar duro”, ressaltou. O carro chefe da companhia são produtos neonatais, como incubadoras.

Imagem

Na avaliação do gerente de desenvolvimento de negócios da construtora Andrade Gutierrez, Ali Toufic Raad, que mora em Erbil, é importante mostrar a presença da empresa para o público. “Temos a obrigação de participar pela bandeira do Brasil, independentemente de trazer resultados para a construtora”, disse. “Estar no estande do País nos engrandece, faz querer participar todos os anos, dá visibilidade”, concluiu.

Para o próximo ano, o diretor-geral da Câmara Árabe pretende mudar um pouco a estratégia. Além da participação na feira, ele pretende marcar reuniões com importadores na Câmara de Comércio de Erbil e programar visitas a centros atacadistas dos setores representados pelas companhias brasileiras. Ele marcou um jantar nesta quinta-feira mesmo com o presidente da entidade local para discutir estes assuntos.

A frustração na edição deste ano ficou por conta da agenda paralela. Havia a expectativa de encontros dos representantes das companhias com autoridades locais de diferentes áreas, mas a feira ocorreu logo após as eleições parlamentares da região autônoma do Curdistão, o que acabou dificultando a confirmação de compromissos com políticos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário